‘National Geographic’ reconhece que fez cobertura racista

A revista norte-americana National Geographic reconheceu, em editorial para a edição de abril, que fez cobertura racista por décadas

“Por décadas, nossa cobertura foi racista”, escreveu a editora-chefe da National Geographic no editorial da publicação de abril da revista. No texto, ela revela que, ao criar a edição especial sobre raça, a marca resolveu fazer investigação interna e descobriu que, até a década de 1970, o impresso ignorou as minorias ou retratou negros e povos indígenas como “exóticos ou selvagens”.

A National Geographic não chegou à conclusão sozinha. Entender que a cobertura foi racista é resultado de estudo feito em parceria com John Edwin Mason, pesquisador da universidade da Virgínia, que analisou as reportagens da publicação desde seu lançamento, em 1888, e descobriu que até a década de 1970 a revista ignorava os negros que viviam nos Estados Unidos e quando chamava a atenção deles era por serem trabalhadores domésticos ou braçais. Em um artigo de 1916 sobre a Austrália, por exemplo, aparece a foto de dois australianos indígenas com a seguinte legenda: “Criolos australianos: Esses selvagens são os menos inteligentes entre todos os seres humanos”.

“A revista também retratava povos indígenas como exóticos, sem roupas, caçadores felizes, nobres selvagens — os mais diversos clichês. É doloroso revirar essas reportagens chocantes do passado da revista, mas, quando decidimos falar sobre raça na edição deste mês, decidimos que precisávamos examinar a nossa própria história antes de escrever sobre o assunto”, escreveu a editora-chefe.

A jornalista finaliza o editorial ao ressaltar que ainda há muito o que fazer, ainda que a revista tenha mudado e melhorado a sua cobertura sobre minorias ao longo dos anos. “As revelações feitas no estudo mostram que a National Geographic precisa fazer mais para se afastar de vez do espírito colonialista e elitista no qual foi fundada no século 19”.

A National Geographic não é a primeira a revistar a cobertura histórica de raça. Recentemente, o New York times admitiu que a maioria dos seus obituários relatou as vidas dos homens brancos e começou a publicar obituários de mulheres famosas em uma seção intitulada “Overlooked”.

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Redação

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