Categories: Opinião

Nem tudo se resume à digitalização

As conexões emocionais vão ser sempre relevantes. Engana-se quem imagina que com o aprofundamento da tecnologia as empresas digitais vão contentar os seus clientes somente com utilidades transitórias. Benefícios funcionais não serão suficientes para o consumidor. A relação por meio da cibernética não poderá ser fria, nem anulada pelo desenvolvimento da economia compartilhada. Exemplos disso são as plataformas Airbnb, Uber, Lyft e outras. Não bastam que sejam eficientes e apresentem as melhores ofertas, é necessário o encontro entre as partes. É o caso da busca de uma passagem aérea mais em conta. Receber avisos das atuais plataformas que oferecem vôos mais baratos não resolve o problema uma vez que os dados que possuem do consumidor são incompletos. Não adianta enviar ofertas de vôos para Talin, na Estônia, só porque uma vez a pessoa viajou para lá de férias. É preciso mais.
Os preços de passagens aéreas flutuam em função de vários fatores que são rastreados pelo Grande Irmão do século 21, o Google. Ele lançou um buscador de vôos, o Google Flights. Essa ferramenta poderosa passa a incorporar um algoritmo que leva em conta o histórico dos preços das rotas e nos avisa quando o preço de um determinado trecho vai aumentar. Consequentemente, aponta o melhor momento para reservar assento nesta ou naquela viagem. As companhias aéreas vão ter que ser cada vez mais eficientes sob pena de perder clientes para a concorrente. Isto não é tudo. O usuário pode autorizar a ferramenta a sugerir destinos que tenham os melhores preços para passar as férias. Se alguém quiser passar as férias no Butão, em janeiro, mas não tem nenhuma referência do país, o Google Flights mostra o mapa, com diversos destinos, preços das passagens aéreas e qual seria o melhor momento para reservar os bilhetes. A compra se dá por meio do cartão de crédito e nem um ser humano entra nessa transação.
Apesar de toda tecnologia é preciso ficar atento para não se achar que tudo se resume na digitalização. Há necessidade de humanização. Nada vale correr na velocidade do relógio e as empresas se comportarem como disruptores digitais. É possível prever que a economia compartilhada é uma nova etapa do sistema capitalista. Ou seja, nenhum negócio no futuro poderá ficar fora dele. Ainda não está claro onde vai parar a onda de dados por drone e como mudarão as regras da competição entre empresas. Sabe-se, no entanto, que o ator e objeto de tudo isso é o ser humano, e ele não é movido só pelo bolso. Além da racionalidade, se comporta de acordo com sua carga emocional. Razão e emoção não vão ser substituídos por bits e bytes. Serão os seus senhores toda vez que entenderem que devem intervir no processo seja ele qual for e qual o aprimoramento tecnológico que a humanidade vai adotar. Em tempo: O Flights chega ao ponto de informar detalhes sobre o vôo escolhido: se dispõe de wi fi, o entretenimento a bordo ou se o assento contém tomada. Tudo para humanos.

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Heródoto Barbeiro

Comentarista do ‘Jornal da Record News’, noticiário do qual atuou por anos como âncora e editor-chefe. Já foi professor de história, carreira que seguiu por quase 20 anos. Na imprensa, passou por CBN, Rádio Globo, Jovem Pan, TV Cultura, TV Gazeta e Diário de S. Paulo. Edita o Blog do Barbeiro – Barba, Bigode e Cabelo, hospedado pelo R7. É "Mestre do Jornalismo" do Prêmio Comunique-se na categoria 'Âncora de Rádio'

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