A primeira semana do ano começou com novidades no dial paulistano. Desde segunda-feira, 3, a Morada do Sol de São Paulo deu vez no 1.260 AM para a Nova Morada, emissora que chega com o propósito de fornecer aos ouvintes quatro pilares que tradicionalmente marcam a história da mídia radiofônica no país: jornalismo, esporte, prestação de serviços e variedades/entretenimento. Para isso, o projeto conta com programação diversificada e aposta no resgate do conceito de comunicadores.
O time inicial da Nova Morada une experiência e juventude. Profissional conceituado na crônica esportiva e ex-articulista parceiro do Portal Comunique-se, Anderson Cheni está à frente do ‘Morada Esportiva’, de segunda a sexta-feira, das 11h às 12h. Kaká Siqueira, Patrícia Liberato, André Nicoli e Jota Júnior são alguns dos outros apresentadores da estreante emissora, que tem Thiago Matheus como diretor artístico (e também apresentador, no comando do ‘Expresso Morada’, que vai ao ar diariamente às 9h).
Experiente no meio radiofônico, acumulando passagens por Sistema Globo de Rádio e Rádio Capital, Matheus explica, em entrevista ao Portal Comunique-se, o intuito central da Nova Morada: atrair um público que, de certa forma, tem se sentido órfão nos últimos tempos — apesar de a Kantar Media Ibope indicar que 80% da população brasileira têm o hábito de “consumir rádio”, conforme levantamento divulgado em setembro de 2021.
Queremos fazer justamente o contrário, resgatar o rádio falado. O rádio popular de qualidade — Thiago Matheus
“Os pilares ‘música, esporte e notícia’ são bem fortes no rádio popular AM, desde sempre. Nos últimos tempos, muitos ‘profissionais’ do meio quiseram moldar esse público, achando que é o mesmo do FM”, observa o diretor artístico do veículo que tem estúdios na região de Santo Amaro, na zona sul da capital paulista. “Queremos fazer justamente o contrário, resgatar o rádio falado. O rádio popular de qualidade. O rádio que informa bem, que gera entretenimento de qualidade (sendo popular, não popularesco), o rádio de linguagem fácil. Das músicas boas que marcaram a vida do ouvinte”, enfatiza o gestor — reforçando o interesse de se diferenciar no mercado da comunicação.
Para isso, Thiago Matheus adianta — sem revelar nomes — que mais profissionais devem se juntar à equipe em breve. Além disso, avisa que a amplitude modulada não será o único meio de se acompanhar a programação da emissora. De acordo com ele, já há a autorização por parte do Ministério das Comunicações para ocupar a faixa de 84.3 FM na Região Metropolitana de São Paulo. Aliás, fora do AM, é possível, desde já, acompanhar a Nova Morada diretamente pelo player disponibilizado pelo TudoRádio. Aplicativo próprio (Google Play e App Store), canal no YouTube, perfil no Instagram ativado e site em desenvolvimento surgem como outras ações multimídia.
Confira, abaixo, a íntegra da entrevista com o apresentador e diretor artístico da Nova Morada, a mais nova rádio do FM de São Paulo. Em pauta, as estratégias e os investimentos da emissora.
Quando você aceitou o convite para ser o diretor da Nova Morada?
Aceitei de imediato, logo ao final do mês de outubro, período em que havia acabado de me desvincular da Rádio Capital, onde trabalhei por um ano e meio.
Como tem sido pensada a programação para mesclar o que uma rádio poder ter em jornalismo, esportes, prestação de serviços e variedades/entretenimento?
Os pilares “música, esporte e notícia” são bem fortes no rádio popular AM, desde sempre. Nos últimos tempos, muitos “profissionais” do meio quiseram moldar esse público, achando que é o mesmo do FM. Nós queremos fazer justamente o contrário, resgatar o rádio falado. O rádio popular de qualidade. O rádio que informa bem, que gera entretenimento de qualidade (sendo popular, não popularesco), o rádio de linguagem fácil. Das músicas boas que marcaram a vida do ouvinte.
Além do Anderson Cheni, nome já divulgado nas redes sociais, quais outros profissionais estão e estarão na emissora?
Sim… o time já conta com profissionais como Anderson Cheni, Kaká Siqueira, Patrícia Liberato, André Nicoli e Jota Júnior. E já temos conversas avançadas com outros excelentes comunicadores…
Neste início de jornada, a Nova Morada está no AM (1.260) e logo mais estará em FM? Há alguma previsão de data para estrear em frequência modulada?
Seguimos no AM 1260, com 100 kwts de potência. Sobre o FM: já estamos com autorização de operação em 84.3 na faixa estendida. Ainda sem uma data determinada. Mas será, sem dúvida, o próximo passo.
Pelas redes sociais, é possível conferir que a Nova Morada chega “sintonizada” também no meio digital, com direito a aplicativo exclusivo. Além do app, quais são os projetos multimídia?
Já tivemos um número considerável de downloads apenas nos primeiros três dias de operações. Além do app, teremos player no site próprio [ainda em desenvolvimento] e trabalharemos muito forte em redes sociais como Instagram, Facebook, YouTube, TikTok e Kawai. Focaremos na transmissão online, tanto das nossas plataformas, quanto das redes dos grandes comunicadores.
Como se dará, no dia a dia da programação, o espaço e o tratamento da Nova Morada com grandes comunicadores populares?
Diferentemente do que se passa em grandes veículos de comunicação, na Nova Morada, o comunicador terá liberdade criativa, sem ser muito moldado, para exercer a comunicação que sempre fez. Já que foi desta forma que eles cresceram tanto e fizeram suas carreiras. Porém, existe toda uma preocupação pelo formato também, não apenas conteúdo. A plástica, as músicas, tudo o que norteia e marcou o rádio AM de antigamente será feito agora, na Nova Morada. Digo que será uma mistura da tradição com a modernidade que o rádio demanda nos dias atuais. Equilíbrio é tudo.
Baseada na capital paulista, a Nova Morada terá estratégia para conquistar parceiras e afiliadas pelo Brasil afora?
Não descartamos a expansão, não. O projeto meio que nasce grande já, pelos nomes envolvidos e pela tradição da Rádio Mulher / Morada do Sol. Neste início de trabalho, contudo, esse [processo de expansão] será um próximo passo. O primeiro é colocar a engrenagem para girar e fazer barulho.
Quem te ouvia na Rádio Globo percebia que além da produção e da apresentação, por vezes, você era “convocado” por colegas para fazer ações bem-humoradas, como imitar o ex-governador Paulo Maluf. Nessa onda de resgate do rádio popular, haverá espaço na grade da Nova Morada para atrações mais descontraídas?
Meu colega de trabalho, e braço direito nesta operação, Rubens Palli, tocou exatamente neste assunto recentemente. É algo a se pensar dentro da grade, sim. Mas da minha parte, sempre que posso, no meu programa, faço uma imitação ou outra, só que desta vez dos meus colegas de microfone (e olha que tem muita gente boa a se imitar).
Acredita que, com as estratégias em curso, a Nova Morada pode conquistar o público que está “órfão” desde o fim da Rádio Globo em São Paulo?
Bingo! Eu nasci e me criei (profissionalmente falando) no rádio AM (11 anos e meio de Rádio Globo e um ano e meio de Capital). E vejo no dia a dia, seja no ar, seja nas redes sociais, de ouvintes saudosos e insatisfeitos com o rádio popular atual. Numa pesquisa comercial, também identificamos uma parcela significativa que não está sendo atendida. Então, já que as outras emissoras descartaram esse público, e não dão atenção para o que o ouvinte quer, nós iremos fazer este serviço.
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