Ontem, no programa ‘Fantástico’, da TV Globo, uma reportagem bem feita sobre acidentes com armas da fabricante Taurus chama minha atenção. A narrativa descreve a fatalidade triste, trágica e com o tom grave dos depoimentos de famílias de policiais que perderam seus entes devido a, segundo a investigação, disparos acidentais da arma ao cair.
O exímio trabalho dos repórteres e editores termina com mais um depoimento, de uma mulher, também vítima, dizendo não querer que o que aconteceu com a família dela se repita com outras famílias. Era de morte acidental que se falava. Sempre dolorida e imprevisível. Silêncio. Termina a reportagem de um jornalismo de denúncia bem feito.
Corta para a apresentadora Poliana Abritta e, sob o som de batuques, dentro de um erro coletivo, ela se vê a anunciar o dia de carnaval, folia e alegria dos blocos pelo país. Não é mesmo ‘Fantástico’?
O que parece ironia no relato acima é uma provocação e uma denúncia de como ir do bom jornalismo à insensibilidade completa. Um corte com algum assunto neutro ou um intervalo entre os assuntos faria bem e preservaria a reportagem e a cobertura de contaminação editorial.
Não houve. Justamente num dia que o ‘Fantástico’ tinha exibido uma outra reportagem sobre o drama do saneamento básico insuficiente no Brasil. Ou seja, a receita de fazer jornalismo de qualidade lhes é inerente. Não se trata aqui de um libelo contra a Globo. De jeito algum. Mas tudo precisa ser sempre acompanhado atentamente.
Lembro-me que, nos dias seguintes ao grave acidente da TAM, em Congonhas, do avião que atravessou a pista, suspendi os quadros, sempre alegres e pra cima, de música, de João Carlos Santana, e cinema, de Marcos Petrucelli, que eu tinha no ‘CBN Total’. Não havia clima e era preciso respeitar o momento. É o que um editor deve fazer. É o que o bom senso e a responsabilidade determinam.
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Adalberto Piotto. Jornalista formado pela Universidade Metodista de Piracicaba com especialização em economia pela Fipe-USP. É diretor e produtor do filme-documentário “Orgulho de Ser Brasileiro” (2013), de sua autoria, que disseca o estilo de ser do brasileiro com todas as suas nuances e oscilações de sentimento enquanto cidadão. De 1999 a 2011, foi âncora da CBN em São Paulo, onde começou como repórter. Em 2014, de julho até o início de dezembro, foi âncora do ‘Jornal da Manhã’, noticiário transmitido pela Jovem Pan. É palestrante nas áreas de economia, realidade social brasileira e jornalismo.
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