Natural de Porto Alegre e beatlemaníaco desde os 8 anos, Eduardo Moreno se sentia atraído pelo jornalismo, mas não imaginava trabalhar com isso. Longe da tecnologia e dos jogos eletrônicos – realidade incomum nos dias de hoje –, gostava de brincar na rua em todos os turnos do dia. Quando criança, cresceu a poucos metros do estádio Passo D’Areia e, talvez por este motivo, sempre apreciou o time do São José, o popular Zequinha. Praticar esportes como futebol, taco e bolinha de gude, era seu passatempo preferido, mas nada que pudesse ser comparado com a paixão pela banda de rock britânica.
Tudo começou quando encontrou um longplay (LP) do padrinho chamado Beatlemania. Assim que descobriu o disco, viu o irmão mais velho levá-lo para a escola por causa de um trabalho, mas não imaginava o desastre que viria a acontecer. “Lembro como se fosse hoje da minha mãe, enquanto guardava o vinil, dizendo: ‘Não fecha a mochila, se não vai quebrar’”, conta. O conselho, porém, não foi ouvido, e o LP quebrou. O que restou? Destruído em forma de meia-lua, apenas duas metades das penúltimas canções e as últimas faixas, essas inteiras, permaneceram vivas. Aos que acreditaram no destino óbvio do LP (o lixo), se enganaram. Os resquícios do disco foram o suficiente para Moreno se tornar fã da banda. Hoje, tem quase todas as canções do quarteto de Liverpool e não nega o vício.
O que muitos não sabem a respeito da vida particular do jornalista é que ele teve uma banda com outros quatro abnegados amigos, como descreve. O sonho era fazer sucesso no mundo da música, já que tocava violão e baixo, mas as aventuras como backing vocal não deram muito certo, algo que contribuiu para o fracasso do grupo. Seus interesses antes de se tornar acadêmico eram variados: gostava de computação, lia livros sobre programação e ouvia música nas horas livres. Em contrapartida, admite, sempre foi encantado por esportes e pelas histórias que circundam esse mundo.
Seduzido pela atmosfera, tinha fascinação por rádio e não perdia um programa esportivo das principais emissoras gaúchas. Embora tenha escolhido tardiamente, sempre gostou do ambiente jornalístico: “Admirava as redações dos jornais, a instantaneidade do rádio, o fascínio da televisão. Eu sempre fui muito tímido, então não me imaginava trabalhando com isso”.
O ‘plano a’ era cursar a faculdade de ciências da computação, área até então em expansão, promissora e que também o agradava. Entretanto, a vontade de se envolver ainda mais com o universo do esporte crescia, ao passo que trabalhar com a informática perdia espaço. Moreno foi office boy em agência de publicidade e ia rotineiramente ao prédio do jornal Zero Hora e da Rádio Gaúcha entregar, à época, fotólitos e materiais publicitários. Nas ocasiões, aproveitava para passar na redação e conversar com os profissionais da imprensa, fator gota d’água para trilhar o rumo que iria seguir.
“Decidi que queria ser jornalista esportivo, principalmente narrador de rádio”. A partir de então, a sua vida mudou. Ingressou na Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS no 1˚ semestre de 1992, durante o turno da manhã. Por ter conversado com inúmeros profissionais ao longo das suas andanças, percebeu que a maioria dos que ele mais admirava era formada pela instituição, condição determinante na sua escolha. Assim, suas referências – carinhosamente apelidadas de “monstros” – passaram a ser Haroldo de Souza, Lauro Quadros, Ruy Carlos Ostermann, Pedro Ernesto, Silvio Benfica, Antônio Augusto, Antônio Carlos Macedo e Galvão Bueno.
“Ainda consigo sentir aquela sensação de que por ali eu começava a projetar muito do que seria a minha vida” – Eduardo Moreno
Quanto ao ambiente universitário, Moreno comenta que ali era como se estivesse sendo decidido o seu futuro. O clima era divertido, embora percebesse que as pessoas (pelo menos a maioria das que conviveu) estavam empenhadas em aproveitar aquela fase para crescer como pessoa e profissional. Lembra especialmente dos momentos que passava conversando com os colegas nos jardins logo a frente do prédio 7, aproveitando o sol que esquentava os dias de inverno. Ali, observa, muitas conversas, paqueras e planos para o futuro se desenrolaram.
Acrescenta, ainda, que por ser faculdade de comunicação, todos já exercitavam muitas das habilidades que posteriormente seriam fundamentais para o bom relacionamento e convívio nos espaços profissionais. Em clima descontraído, Moreno relembra o quão desastroso foi o trote feito por ele e seus colegas. Em razão da maioria da turma ser composta por mulheres, e a dos calouros por homens, conta que tiveram dificuldade em controlá-los, o que não permitiu que fizessem nada do que planejaram. “Eles escapavam de quase tudo… Foi vergonhoso”, resgata.
Sobre o curso de Jornalismo, pontua que os professores, de maneira geral, eram extremamente didáticos. Se recorda com carinho do professor de Jornalismo I que fazia os alunos saírem da sala de aula para praticar. “Lembro que uma vez teve atividade em que ele era Leonel Brizola e nós todos éramos repórteres. Tivemos que correr atrás dele nos corredores para entrevistá-lo”, comenta. Outra disciplina relevante foi a de Radiojornalismo. Moreno destaca as aulas no estúdio de rádio da Famecos e admite ter sido sensacional. “O professor Brito era excelente e as aulas do Schroeder também”.
O jornalista se formou em 1996/2 e guarda com carinho na memória o momento de formatura. O paraninfo da turma era Ruy Carlos Ostermann, um dos seus ídolos, e a música escolhida pelo então diplomado foi “Que País é Esse” – trilha sonora plano de fundo para fase revoltada na vida do universitário. Ainda durante a cerimônia, cada aluno ia ao microfone para falar algo. No caso de Moreno, lembra que agradeceu seus pais e não citou a namorada da época, motivo que a deixou brava: “Foi engraçado”.
A saudade do prédio 7 ele não esconde de ninguém, mas destaca o Set Universitário como o evento que mais sente falta. Segundo ele, a faculdade ficava ainda mais movimentada e permitia trocas de experiências extremamente proveitosas. Em relação à representatividade da Famecos na trajetória, expõe que ela é símbolo permanente na sua vida profissional, principalmente por carregar aprendizados que foram base para o desenvolvimento.
Moreno começou a trabalhar na televisão e utilizou dessa experiência como estágio. O início da carreira começou quando foi apresentado ao jornalista Elcio Schroeder, que trabalhava na produção do programa independente Encontro do Esporte (comandado por João Bosco Vaz) na TV Guaíba. “Ele me perguntou se eu queria assistir ao programa local e assim ver como funcionava o esquema. Claro que eu quis! Fui, inclusive, não só naquela vez”, comenta. O programa era transmitido aos sábados, então Moreno passou a ir à emissora para aprender. Poucas semanas depois, Schroeder ingressou na TVE e ofereceu a vaga que ocupava para ele. Sem titubear, não deixou passar a oportunidade e desde então (1992) começou a escrever sua história no jornalismo esportivo.
Atualmente, trabalha na TV Globo/SporTV. Embora sua principal atividade seja a narração esportiva, também participa de programas do canal apresentando ou participando de mesas redondas. Profissionalmente, sua rotina contempla manter-se atualizado sobre as coisas do cotidiano, sobretudo no mundo do esporte. Como é primordialmente um narrador e tem como função comandar transmissões esportiva, deve estar sempre muito bem informado. Para isso a leitura é quase que constante, além de acompanhar a programação das rádios e das TVs.
Se pudesse destacar os trabalhos mais importantes, afirma que a cobertura dos grandes eventos sempre é a mais marcante, por isso destaca três: a Eurocopa 2012, na Polônia e na Ucrânia (especialmente a semifinal Itália x Alemanha, no estádio Nacional de Varsóvia), e os dois recentes megaeventos aqui no Brasil – Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas 2016. “O Mundial inclusive me proporcionou viver emoção especial que foi narrar três jogos na minha cidade-natal: França 3×0 Honduras, Austrália 2×3 Holanda e Coreia do Sul 2×4 Argélia.
Moreno explica que todas as experiências foram fundamentais para ele entender o funcionamento de toda a estrutura jornalística, especialmente no meio da TV. Trabalhou como produtor, coordenador, repórter, apresentador e narrador. Observa que foi fundamental passar por todas as etapas com a finalidade de chegar preparado para exercer a função que sempre quis, e destaca: “Minha profissão é a minha vida. Uma paixão que está presente praticamente em todos os momentos”. Em relação ao encanto que sente por exercer a atividade jornalística, diz que sente prazer enorme em trabalhar com a narração e levar a emoção do esporte para as pessoas, vivendo de perto fatos que entram para a história e para o imaginário daquelas que são, assim como ele, apaixonadas por isso.
Aos estudantes de jornalismo, afirma que podem e devem ir atrás de seus sonhos e da sua vocação, mas tendo em mente as dificuldades que a profissão, hoje, exige: “O futuro da profissão tem uma boa dose de incerteza. Certamente mais do que nunca, o jornalista deve estar preparado para um futuro desafiador”. Pontua o mercado restrito e a baixa remuneração existentes, entretanto, destaca a importância de realizar profundas indagações sobre como será o papel do jornalismo e de seus profissionais.
*Júlia Bueno. Integrante do projeto ‘Correspondente Universitário‘ do Portal Comunique-se e estudante de jornalismo na Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Famecos/PUC-RS).
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