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O limite do posicionamento ideológico das mídias

Com o conturbado ambiente da política brasileira, torna-se cada vez mais frequente o consumidor da notícia se perder em meio a tantas informações nos mais variados veículos de mídia, seja ele tradicional ou moderno. A polarização de grupos políticos pode fazer com que muitas notícias nem sempre verdadeiras acabem circulando, o que pode gerar confusão nas pessoas que buscam a informação. Quais as maneiras de questionar se aquilo que a pessoa está consumindo é verdadeiro ou é manipulado de forma para agradar interesses de determinados grupos?
Muitos veículos de mídia ficam insistindo no clichê da imparcialidade, é nesse ponto que importantes questionamentos podem entrar em debate. Afinal, até que ponto é ético citar o clichê da “imparcialidade” e “verdades dos fatos”, mesmo não fazendo esse tipo de jornalismo na prática? É correto se posicionar? Qual o limite que um veículo deve ter ao assumir determinada posição política ou ideológica?
Nessa confusão política é comum ver fatos distorcidos, é nessas horas que a mídia que se diz imparcial pode enganar o consumidor da notícia, muitas pessoas sem visão crítica podem comprar qualquer fato como verdade e serem utilizadas como massas de manobras de algum grupo, é muito mais correto o veículo ou grupo de mídia assumir o seu posicionamento para o consumidor da notícia poder discordar da forma que a informação foi passada sabendo que aquilo não é uma verdade absoluta e sim a visão do grupo de mídia que transmitiu determinado fato de determinada maneira. Além disso, o posicionamento da empresa de mídia ficaria mais interessante pelo ponto de vista editorial e comercial pelo fato de ficar mais evidente o público-alvo e assim o anunciante saberia melhor para que tipo de público está sendo direcionado o seu produto,  assim o veículo poderia ter mais certeza sobre quem são as pessoas que consomem as suas notícias e informações, a “qualidade” pode até ser contestada, mas ao menos não teria aquele clichê da imparcialidade para tentar enganar a população.
Porém, ao assumir posicionamento o veículo deve tomar muito cuidado para não fazer propaganda exagerada para determinado grupo político e não fazer o uso do sensacionalismo, porque isso pode acirrar ainda mais o clima de ódio nas discussões políticas brasileiras. O posicionamento deve ser de forma racional, com argumentos contundentes, sem agredir quem pensa diferente e sem aumentar o fluxo das informações falsas, como vemos nas redes sociais, por exemplo.
Em 29 de março desse ano aconteceu algo a ser discutido: a campanha “Impeachment Já!”, que foi liderada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), apareceu  em páginas de veículos impressos do Brasil, como o Correio Braziliense, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e O Globo. Foram veiculados anúncios em 14 páginas do primeiro caderno, com o manifesto contra o governo de Dilma Rousseff. Alguns desses impressos citados gostam de ficar se escondendo no “mito da imparcialidade”, alguém que não tenha visão mais crítica em relação aos meios de comunicação pode acabar sendo usado como massa de manobra.
Não significa que todos que são favoráveis ao impeachment sejam alienados, mas muitos entraram nessa onda de impeachment sem ao menos saber o real motivo da possível saída definitiva da presidente, eu disse o REAL MOTIVO, não quero dar uma de superior, mas boa parte da população não deve saber, porém entendo e achei justo a luta por alguma mudança, o problema é a forma extremista que se tornou essa luta. É bom lembrar novamente que nem todos que são a favor do impeachment sejam alienados ou golpistas, o que se discute é a falta de reflexão sobre a forma que alguns grandes meios de comunicação “imparciais” transmitem a notícia para gerar mais ódio na população.
Não é nenhum crime se posicionar, pelo contrário, isso deve ser feito para não enganar o consumidor de informação, o problema é a maneira que a mídia argumenta para defender o seu lado seja ela de direita ou de esquerda. É importante controlar o radicalismo de ambos os lados, defender um ponto de vista não significa atacar quem tem visão diferente, já que pode aumentar ainda mais o clima de hostilidade.
Outro problema é que na grande mídia só vem sendo abordada única visão política, se um dia a maioria dos jornais assumirem o seu posicionamento será necessário garantir pluralidade de pensamentos e informações, o que atualmente não acontece tanto nos meios de comunicação mais tradicionais. Por enquanto, temos que aceitar muitas pessoas achando que os problemas do país estão em um único partido ou que quem está no poder esteja certo em todas suas medidas e seja capaz de tirar o país da crise de uma hora para outra, se houvesse uma pluralidade de informações e se fosse abordado vários pontos de vista talvez o brasileiro não teria o costume de buscar salvadores da pátria.
OBS: a intenção do texto não é defender nem atacar governo A ou governo B, o autor não concorda com o antigo grupo que estava no governo e muito menos com o atual. Quem escreveu o texto também acredita que a punição deve ser para todos que descumprem a lei independente da bandeira partidária.
Lucas Dorta. Integrante do projeto ‘Correspondente Universitário’ do Portal Comunique-se. Estudante do 3º ano do curso de jornalismo das Faculdades Integradas de Jahu. Facebook: Lucas Dorta / Twitter: @dorta_lucas / E-mail: lucassouzadorta@hotmail.com.  

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