“O mercado de trabalho é uma selva”, alerta jornalista gaúcha

Alerta é da jornalista gaúcha Kamila Almeida. Para a profissional formada pela PUC-RS, o jornalismo é uma verdadeira selva

Desde pequena, o sonho de ser jornalista já pairava na vida de Kamila Almeida. Todos os caminhos a levavam à comunicação, inclusive suas notas no colégio, que sempre foram melhores na área de humanas do que na de exatas. Conta que os professores diziam que tinha facilidade na escrita e que, de certa forma, a prática realmente lhe fazia muito bem. Só havia um único problema: seus pais não eram fãs da carreira de jornalismo. A estudante lembra, aliás, de ter sido influenciada pela mãe a cursar psicologia, mas seu coração e o desejo de contar histórias falaram mais alto.

Kamila ingressou na Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grtande do Sul (Famecos/PUC-RS) em 2002. O clima de criatividade que circundava o prédio 7 era motivo de encanto da universitária. “Era uma fase muito rica, de compartilhar sonhos, de ideais e de muita inspiração. Fiz grandes amizades na Famecos”. O bar e o saguão eram os seus ambientes preferidos. Do corpo docente, a jornalista se recorda com carinho de Marques Leonam.

“Ele já é patrimônio dos corações famequianos”, lembra, ao dizer que admirava cada palavra dita em aula pelo professor. Devido a tamanho apreço, revela uma curiosidade: hoje, sempre que surge uma dúvida, tenta pensar em como Leonam a resolveria. A comunicadora também destaca a professora Ivone Cassol – respectiva orientadora no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), além de incentivadora assídua do trabalho profissional de Kamila – e Luciano Klöckner, que a levou para um tour no prédio 7 antes mesmo do ingresso à faculdade.

Quanto à formatura, a acadêmica não esconde a importância da ocasião e a alegria ao falar sobre a solenidade: “foi um dia incrível”. A universitária, que cuidou pessoalmente da festa, afirma que passou boa parte da tarde ajudando a arrumar o salão e cuidando dos últimos detalhes, empenho que valeu a pena: “aquele dia foi a materialização de todo o esforço”.

“O mercado de trabalho é uma selva. O funil do jornalismo ainda mais” (Kamila Almeida)

Durante os quatro anos de graduação, Kamila afirma que se sente muito grata a todos que cruzaram sua vida na faculdade, aos amigos que fez, aos profissionais nos quais se espelhou e ao carinho dos professores. “Vejo a Famecos como uma faculdade muito focada no mercado profissional, que expõe os alunos a situações práticas e que prepara muito bem para os desafios”. Das recordações do prédio 7, ela garante: sente “falta do tempo de sonhar sem compromisso”.

A selva do jornalismo

Aos futuros jornalistas, Kamila Almeida atenta: “o mercado de trabalho é uma selva. O funil do jornalismo ainda mais”. Ainda ressalta a importância (diferencial fundamental) de saber expressar suas ideias, pois comunicar não é apenas trabalhar em um veículo tradicional – embora ela julgue ser essencial, já que te transforma como ser humano -, mas também ajudar empresas a se posicionar diante do mundo, com estratégias, planejamento e clareza. “Ninguém melhor do que um jornalista para fazer isto”, afirma.

Os caminhos profissionais da jornalista gaúcha

A porto-alegrense deu início à vida profissional logo que ingressou no ambiente acadêmico. Na época, para custear o valor da faculdade, a universitária trabalhou como vendedora d’O Boticário de maneira paralela a um estágio de quatro horas no Serpro, órgão federal responsável por soluções tecnológicas. Depois, Kamila Almeida ingressou na agência de comunicação Expressiva e na editoria de cultura do Jornal do Comércio, uma das suas grandes realizações. Ela conta que produzia reportagens como “gente grande”, escrevia perfis de pessoas que admirava e até criou um caderno de saúde. “Todas estas experiências construíram minha base profissional, sempre supervisionada por pessoas muito talentosas e generosas. Ajudou a ter certeza de que esse era o caminho certo para a minha vida”, afirma.

Em 2007 – meses após a formatura – Kamila foi selecionada para integrar a zerohora.com, experiência que a fez crescer como pessoa e profissional. “Era muito desafiador colocar no ar um produto novo e cheio de pretensões gigantescas, que acredito que tenhamos conseguido atingir”, conta. Na mesma época, em paralelo à Zero Hora (ZH), a comunicadora teve aprendizados no Diário Gaúcho (DG). “Foram quatro meses levando os dois trabalhos de maneira simultânea. Estava completamente apaixonada pelo jornalismo impresso, segmento de grande importância na vida das pessoas que o leem”, explica. A jornalista sonhava em produzir reportagens especiais no impresso, e, assim, começou a focar na editoria de geral da ZH.

Trabalho na Zero Hora e premiações

O desejo se tornou realidade e Kamila foi contratada para a editoria de geral do jornal, onde também fez polícia e o caderno ‘Vida’. Como repórter, a jornalista conquistou diversos prêmios, entre eles o Prêmio HSBC de Jornalismo e Sustentabilidade (2010), Prêmio ARI de webjornalismo (2011) e Prêmio Nacional de Jornalismo sobre Violência de Gênero (2014). Em 2015, a comunicadora deixou o jornal para vivenciar o ambiente acadêmico novamente: o doutorado. “Foi uma decisão difícil porque eu tinha conseguido finalmente fazer o que sonhei desde o início, mas eu precisava viver outras experiências fora dali”, afirma.

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Kamila Almeida e a Conta Pra Mim Filmes

Depois de oito anos atuando na Zero Hora, Kamila Almeida fundou a produtora Conta Pra Mim Filmes, ao lado do seu marido – também jornalista –, Paulo Ludwig. A missão da produtora é contar histórias de pessoas comuns, como diz, que acham que suas vidas merecem um filme. A atuação da empresa funciona em homenagens, formaturas, aniversários e acompanhamento de gestação, além de casamentos com histórias de noivos.

Sobre o trabalho que realiza, Kamila diz que sempre foi utópica com a ideia de mudar o mundo e revela que até hoje possui essa pretensão. “Mudar o mundo não significa fazer nada grandioso, mas podemos interferir, sim, no rumo de histórias individuais e isso ecoar no entorno”. Caracteriza as experiências de escutar histórias, assim como a de ouvir os entrevistados – transformando, depois, as histórias em um material valioso, que pode ser guardado e acessado para a vida inteira –, como transformador. “Todo mundo deveria experimentar. É lindo ver as pessoas assistindo a si mesmas, perplexas com o quão geniais são e nem faziam ideia. Os clientes não contavam uns aos outros o amor que existia entre eles, então procuramos demonstrar isso através de depoimentos profundos”, garante.

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Por Bianca Gross. Integrante do projeto ‘Correspondente Universitário’ do Portal Comunique-se e estudante do curso de jornalismo da Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Famecos/PUC-RS)

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