O pior não está mais por vir. Ele chegou

Dois mil e dezoito, ano de eleição majoritária no Brasil – presidente da República/governador/senador/deputado federal/deputado estadual/distrital –, é também aquele em que vemos sair de suas tocas todos os tipos de raposas, cobras, lagartos e capivaras que passaram quase meia década esperando para “se expressar”.

Leia “se expressar”, aqui, ofender, detonar, atacar e, em última análise, oferecer alguma análise do fato político mais importante dos últimos anos, talvez mais importante até do que a eleição de 2014.

É em outubro, nas urnas, que ficará (ou não) comprovado que aprendemos algo nas 12.312 fases da Operação Lava Jato.

Mas apesar da oportunidade oferecida a todo brasileiro logado de se manifestar virtualmente, a qualidade dos debates que temos testemunhado demonstra que estamos longe, bem longe, de uma maturidade política desejável.

Pelo contrário. Vivemos o que o historiador e jornalista francês Alain-Gérard Slama apontou, no passado, como “regressão democrática”. Não a democracia do voto, mas aquela do debate. Discordar virou crime e ousar debater francamente é convidar ambos os lados a conhecer os sete andares que levam ao subsolo do inferno.

A cruzada apaixonada de vermelhos, azuis e poucos verdes enterrou o bom senso e reforça, post a post, os preconceitos mais impublicáveis sob forma de “argumento”.

É nas redes sociais que as Fake News são replicadas como verdades e expõem “barrigadas” históricas de gente que, um dia, ousou apontar as “barrigadas” alheias como delinquência.

As eleições gerais de 2018 serão igualmente o grande teste de capacidade de discernimento do brasileiro. E sobram perguntas: as notícias inautênticas influenciarão o voto? Terão os diagnósticos de boteco publicados no Twitter, Facebook e LinkedIn força para desmobilizar o famigerado, embora efetivo, “tempo de TV” dos candidatos?

E, cereja desse bolo, terá a imprensa a credibilidade que se espera para influenciar a discussão?

A resposta é não.

Começamos 2018 mais polarizados, deteriorados e desacreditados do que 2014. A vitalidade democrática de outros tempos murchou e o diálogo civilizado ficou do lado de fora das redes sociais.

Na era da opinião, a coerência está na UTI.

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Marc Tawil

Jornalista, radialista e escritor. Dirige a Tawil Comunicação, agência que fundou em 2010, em São Paulo. Eleito Nº1 Top Voices LikedIn. É vice-coordenador na Câmara de Comércio França-Brasil, conselheiro deliberativo no Instituto Capitalismo Consciente Brasil e conselheiro consultivo do Adus | Instituto de Reintegração do Refugiado. Foi escolhido o 1º Embaixador Corporativo Cabify Empresas no Brasil. Em veículos de comunicação, soma passagens por Jovem Pan, BandNews FM e Rádio Globo.

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