Estados Unidos. Final do século 19. Manifestações, mortes e muita, muita confusão por todos os lados. Na época, o monopólio das grandes corporações era o combustível de protestos que incendiavam principalmente os grandes centros urbanos. A mídia, claro, adorava o tumulto. Se alimentava dele por meio dos muckrakers, os famosos exploradores de escândalos que, naqueles tempos, eram verdadeiras celebridades em cidades como Nova Iorque, Chicago e Detroit. Era “tiro, porrada e bomba”. E a coisa pegava fogo – às vezes literalmente.
Foi nesse contexto que o todo poderoso William Henry Vanderbilt proferiu em 1882 o antológico, porém infeliz: “the public be damed!” (“o público que se dane!”), em resposta a jornalistas que o pressionavam por causa da péssima qualidade das suas ferrovias. Acostumado a cobrir como repórter as polêmicas que envolviam patrões e empregados, o antenadíssimo Yve Lee criou, anos mais tarde, um serviço até então inexistente. A proposta era simples: ensinar às empresas (e aos patrões desbocados) como se relacionar com o público. Em 1906, quando novas greves pipocaram por todo o país, Lee, então assessor do ilustre John D. Rockefeller, publicou a sua “declaração de princípios”, um documento que começava com outra frase famosa: “o público deve ser informado”. Nascia ali o conceito de Relações Públicas.
Passados mais de um século desde a criação do serviço, a proposta de Public Relations continua praticamente a mesma, só que numa roupagem pós-moderna, três ponto zero. Mas, primeiro, vamos por partes: o que, afinal, é Relações Públicas? Segundo a Associação Nacional do setor, a ABRP: “é a atividade e o esforço deliberado, planejado e contínuo para estabelecer e manter a compreensão mútua entre uma instituição e os grupos de pessoas a quem ela esteja direta ou indiretamente ligada”. Compreensão. Eis a palavra mágica. Anota ela aí, okay?
Mas… e o profissional: faz o quê? Trocando em miúdos, ele atua na comunicação institucional de organizações públicas, privadas e não governamentais. O cotidiano envolve planejamento, operacionalização, monitoramento e avaliação de projetos, programas e instrumentos voltados às comunicações interna e externa. A sua função do PR é gerir o relacionamento da instituição com os seus diversos públicos, os stakeholders. Relacionamento… guarda esse termo aí também, beleza?
E a imprensa, onde entra na matemática? Bom, na condição de assessor de comunicação, o profissional tem a missão de apresentar o cliente aos meios de comunicação, de modo a torná-lo referência nos segmentos em que atua. É que a mídia espontânea (não paga) costuma gerar muita credibilidade, contribuindo, com conteúdo informativo relevante, para a construção, o fortalecimento e a consolidação da marca, dos produtos e serviços do cliente. Conteúdo… bom, já sabe o que fazer, certo?
O que tudo, tudo isso tem a ver com a web três ponto zero?
Então: nesse novo cenário, o profissional, na esfera online, se anteveem às necessidades do público, procurando “linká-las” ao que o cliente deseja (ou precisa) comunicar. Resumindo: a informação é gerada sob medida e adaptada tanto às características do cliente quanto a realidade do público, por meio de mídias (sociais ou não) específicas. Alguns parágrafos acima, a gente falou em compreensão, relacionamento e conteúdo, lembra? Ora pois: essa tríade é tudo. Sem entendimento, não há diálogo. E sem diálogo, não se pode estabelecer relações. Onde entra o conteúdo? Então: ele conecta uma coisa à outra. Yve Lee entendeu isso lá atrás, quando o mundo ainda nem sonhava em ser online. Você, cara pálida, precisa compreender isso agora, para dialogar e se relacionar nessa imensa, conectada e três ponto zero aldeia em que vivemos. Sacou?
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