Há quem desista de conhecer países alvos de terrorismo, por questões óbvias, mas não hesitam em viajar ao Brasil, o país tropical, do futebol, da miscigenação, das belezas naturais, do povo simpático. E claro, não podem deixar de visitar a “cidade maravilhosa”. Mas há quem afirme que o crime organizado no Rio de Janeiro amedronta mais que ataques terroristas.
Na manhã de 3 de julho de 2016 eu saía de São Paulo com destino ao Rio de Janeiro, para realizar o Estágio de Preparação de Jornalistas e Assessores de Imprensa em Área de Conflito. O curso seria ministrado para 34 jornalistas de todo o País, no Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil. A parte mais desafiadora – viver uma rotina militar durante uma semana.
Muitas vezes os profissionais de imprensa são alvos indiretos em coberturas jornalísticas durante conflitos, como foi o caso do cinegrafista da Rede Bandeirantes, Santiago Andrade, morto durante manifestação no Rio de Janeiro, em 2014. O treinamento nos prepara para enfrentar as mais diversas situações.
No alojamento, os quartos e banheiros foram divididos para homens e mulheres, no refeitório (com horários rígidos de funcionamento) não podia faltar o tradicional feijão carioca, no almoço e jantar e o café com leite todas as manhãs. As instalações atendiam a todas as nossas necessidades e o batalhão de retaguarda estava sempre a postos para nos auxiliar.
Apesar de toda a estrutura e organização para nos receber, aqueles homens fardados ainda intimidavam. Aos poucos percebi que acima de tudo são humanos, filhos, pais de família, maridos, avôs, amigos e lutam diariamente por este país. Provar o que eles chamam de “ração militar”, aprender a sobreviver a incêndios, ataques de bombas, gás lacrimogênio, correr contra o tempo, manter a calma e tomar decisões cruciais me fez admirar ainda mais estes homens. É o ver para crer – mania de jornalista!
Entre aulas teóricas e práticas, comprovei o lema: “Exército Brasileiro, Braço Forte – Mão Amiga”. A parceria e o respeito estabelecido entre militares e jornalistas fazem toda a diferença no momento de exercermos nossas funções. Apesar das divergências, interesses em comum: preservar a vida e levar a paz, afinal, jornalista bom é jornalista vivo.
Ao chegar ao alojamento não imaginava que viveria metade do que vivi na última semana. Pude conviver com profissionais renomados e constatar o quão importante é o papel do exército brasileiro e o quão bem funciona esta instituição.
Atualmente, a Organização das Nações Unidas (ONU) mantém 16 operações de paz por todo o mundo e o Exército Brasileiro participa ativamente das atividades desde 1957. Cerca de 32 mil soldados brasileiros já estiveram no Haiti para estabilizar a situação por meio da missão Minustah.
Nas três Forças Armadas existentes (Marinha do Brasil, Exército Brasileiro e Força Aérea Brasileira), são disponibilizados 28 helicópteros, 65 blindados, 174 motocicletas, 937 viaturas, 12 navios e 48 embarcações. Além disso, contam com os melhores homens treinados, que são exemplos em comportamento. Nos últimos cinco anos, não houve nenhum registro de delitos graves cometidos por soldados brasileiros em missões.
O Conjunto de Prevenção e Combate ao Terrorismo (CCPCT) terá suas atividades multiplicadas durante os Jogos Olímpicos 2016. Serão feitos trabalhos em cada região olímpica do Rio de Janeiro e sedes de futebol, além do combate a ataques cibernéticos e reforço em áreas de embarque e desembarque. São inúmeras medidas preventivas para os próximos dias.
Que o Brasil é um possível alvo de ataque terrorista, principalmente durante os Jogos Rio 2016 é fácil reverberar, mas após acompanhar o trabalho das Forças Armadas nos últimos dias, saber diferenciar ações de defesa e segurança e viver o que eles vivem, posso afirmar que o melhor está sendo feito. O patriotismo, excelência e amor à profissão destes homens vai muito além do espírito verde-amarelo.
(*) Amanda Ataíde. Jornalista e assessora de comunicação na Spokesman.
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