Em maio de 2015, após sete temporadas de sucesso e dezenas de estatuetas das mais importantes premiações da TV americana, chegava ao fim Mad Men, série idealizada por Matthew Weiner (mesmo criador de Sopranos) que, durante 92 episódios, retratou o cotidiano de uma agência de publicidade de Nova York nos anos 60, época em que nomes como David Ogilvy e George Lois (diretor de arte que inspirou a criação do protoganista de Mad Men, Don Draper), ajudaram a consolidar os rumos atuais do marketing e da propaganda.
Explorando os vícios e virtudes de profissionais talentosos, exigentes e combativos, o seriado conquistou sucesso de público ao lançar um olhar romântico sobre um período fundamental e repleto de mudanças da publicidade. Mas que lições reais podemos extrair de Mad Men para o cotidiano de nossas profissões hoje? E o que devemos deixar no terreno da fantasia? Farei uma análise pessoal de alguns pontos neste artigo.
Se, enquanto obra de ficção, Mad Men traz algumas questões que fogem um pouco do dia a dia real de uma agência de publicidade, por outro lado, certos pontos se aproximam, e muito, do cotidiano de profissionais bem posicionados no mercado. E um destes pontos é a ideia de trabalho duro.
É bastante corriqueiro na série ver Don Draper e seus colaboradores se estendendo para além das jornadas de trabalho em busca de ideias brilhantes, da montagem de uma apresentaçãoperfeita, da campanha que pode encantar consumidores. E, uma coisa é certa, na medida em que uma carreira se consolida e cargos de destaque são conquistados, novas responsabilidades são adquiridas e, consequentemente, a pressão e a exigência de uma atuação eficaz, também se amplia. Neste sentido, acredito que esta é uma boa mensagem para quem deseja trilhar uma carreira de sucesso no ramo do marketing e da publicidade: fugir do trabalho duro não é uma opção.
Por outro lado, saber reconhecer o valor deste trabalho duro é também uma característica de muitos dos profissionais retratados em Mad Men e que, na minha opinião, deve ser levada como aprendizado para nossa área.
Se executamos projetos com excelência e estamos dispostos a nos esforçar em prol do futuro de um negócio, é natural que busquemos o reconhecimento, tanto material quanto dentro de nosso segmento de mercado.
Isso não quer dizer, claro, que devemos atuar pensando apenas neste mesmo reconhecimento, ou que podemos deixar “o sucesso subir à cabeça”. Acima de tudo, é preciso gostar do quese faz e entender que todos os bônus que uma carreira nos dá, são consequências de um bom trabalho.
Parece clichê, mas é sempre importante reforçar a importância da criatividade e este, talvez, seja o ponto mais louvável de Mad Men. Um risco que corremos em nossa profissão é o de nos acomodarmos a fórmulas e estratégias que já deram certo, ao invés de sempre corrermos atrás de uma ideia impactante, de algo que possa surpreender tanto nossos clientes quanto opúblico de uma campanha.
Acredito que uma grande agência se constrói, justamente, a partir de uma base criativa, da capacidade de assumir riscos e, neste sentido, Don Draper e seu time de colaboradores nos deixa uma lição e tanto.
Outro valor que podemos aprender com Mad Men é que grandes ideias não são frutos de passes de mágica. Nossos melhores insights advêm de nossa ampliação de conhecimentos, da leitura de livros, jornais, do acompanhamento de filmes, estudo de campanhas e do mercado, dos nossos clientes, em suma, de um background vasto formado de nossa bagagem profissional e cultural.
Não à toa, o personagem de Don Draper, por vezes, é visto lendo importantes obras de literatura, refletindo sobre o perfil de seus clientes, acompanhando noticiários e mantendo-se a par do que acontece no universo da publicidade.
É interessante notar também a evolução de personagens como a de Peggy Olson, uma das principais peças do núcleo central da série. Embora já demonstre uma espécie de aptidão para a redação criativa, só com o acúmulo de conhecimento provido pelo dia a dia da agência e sua vivência cultural, é que Peggy alcança o status e a segurança para crescer em sua carreira.
Cargo de diretoria e sociedade em uma das principais agências de Nova York, afastamento, fundação de uma pequena agência e busca pelo crescimento no mercado, fusão empresarial… A carreira de Don Draper é um perfeito exemplo de que, para atuar no universo do marketing é preciso ser capaz de mudar, de agir com resiliência frente aos bons e maus momentos da carreira e, acima de tudo, ter disposição e talento para se superar.
No universo do marketing e, de modo mais amplo, no campo da comunicação, uma boa rede de contatos pode ser um trunfo-chave na hora de se recolocar no mercado, conseguir bons parceiros para desenvolver um projeto ou agência, buscar talentos para uma empresa e, sobretudo, fechar negócios.
Em Mad Men, a importância de se ter e de se valorizar uma rede de networking é exposta de modo bastante enfático durante o transcorrer da série. Sem dúvidas, este é mais um ponto positivo para a série originalmente exibida no canal de TV americano AMC.
Por fim, a última lição que acredito ficar bastante clara em Mad Men é a capacidade de defender ideias. Muitas vezes, principalmente quando lidamos com projetos ou campanhas inovadoras, nem sempre o cliente capta de imediato o potencial das ideias expostas. Neste sentido, é indispensável que, enquanto especialistas, sejamos capazes de demonstrar para nossos contratantes, todo o valor de uma campanha, manifestando, com segurança, o porquê de se seguir este ou aquele caminho.
Para tanto, devemos acreditar em nossos projetos e ter habilidade para expor as razões das escolhas de uma campanha de modo claro e seguro. Afinal de contas, não estamos escolhendo uma ação “por birra”, mas sim, por entender, após análises e estudos especializados, que aquela é a melhor rota para o projeto.
Apesar de todo o talento e a carisma, Don Draper (e outros personagens da série) eram, em muitos momentos, irascíveis, arrogantes, confundiam confiança com incapacidade para o diálogo, e tinham relações trabalhistas baseada na hierarquia tradicional de chefe x funcionário (relações estas que, por vezes, não levavam em conta os valores e perfis de cada colaborador).
Esta postura, além de prejudicial, não faz mais sentido no ambiente corporativo contemporâneo, baseado em relações colaborativas, na ideia de gerências horizontais e na ética e respeito aos princípios de cada indivíduo.
Por fim, acredito que é crucial termos em mente que por mais interessante e engenhosa que seja Mad Men, estamos falando de uma obra ficção. Ela pode, certamente, nos inspirar, mas, devemos manter os pés fincados na realidade de nosso mercado. Uma realidade que, por si só, é complexa e desafiante.
João Paulo Haddad Marques. Com mais de 15 anos de experiência na área de Marketing, atualmente como Diretor de Negócios da Elemental.5, atuou em projetos de Ativação, Relacionamento, Live Marketing e Gestão de Negócios em agências de comunicação em grandes empresas do mercado, como: SKY Brasil, Fiat e Aktuellmix. Siga meu perfil, e acompanhe artigos sobre mídia, cases e tendências de marketing, relacionamento com o cliente, além de temas relacionados ao universo da publicidade e propaganda.
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