São Paulo 30/3/2020 –
No começo parecia simples exercício de narcisismo. Jovens com acesso em tempo integral à internet postavam tudo o que faziam nas redes sociais para ostentar suas conquistas e seu modo de vida apenas para receber curtidas e se tornarem populares. Mas com o passar do tempo, o mundo corporativo passou a enxergar valor no resultado que eles alcançavam. Afinal, a lógica era simples: se tantas pessoas gostam do que eles publicam, talvez uma parte destes seguidores possam gostar também de produtos e serviços dos quais eles falem bem.
Nascia assim a ‘profissão’ de influenciador digital. As aspas se devem ao fato de a atividade ainda não ser regulamentada. Mas independentemente de formalidades, o fato inegável é que neste mundo digital eles chegaram para ficar.
Prova disso é que uma pesquisa recente do Ibope Inteligência mostra que 52% dos internautas brasileiros seguem influenciadores digitais em redes sociais. Neste universo, 50% afirmam que se sente influenciados em relação aos produtos e serviços que essas personalidades indicam nas plataformas.
Mas o que leva milhões a seguirem as indicações dessas pessoas?
Enquanto não descobrem isso, muitos profissionais continuam saindo todos os dias frustrados de reuniões de trabalho nas quais fizeram apresentações tentando influenciar e não conseguiram se fazer entender ou causar entusiasmo por aquilo que acreditavam ser uma grande ideia.
Uma rápida investigação sobre o sucesso dos influenciadores digitais mostra, segundo o Ibope, que o principal motivo apontado para seguir os influenciadores é que os receptadores sentem que estão sendo presenteados com informações relevantes (74%).
É necessário então entender este recado e transportá-lo para as apresentações que são feitas no ambiente de trabalho. Antes de pensar na estética dos slides, nas fotos, nos efeitos que serão aplicados, é preciso pensar no interlocutor.
O que realmente faz diferença para identificar e apresentar um conteúdo relevante é entender o mundo desse público. É preciso conduzi-lo passo a passo nessa jornada. Entender o que ele precisa, o que busca e, a partir daí, adequar-se às expectativas dele.
A arte da persuasão ou da influência nada mais é do que demonstrar um problema que o interlocutor tem e explicar como solucioná-lo. Os influenciadores digitais descobriram como fazer isso em posts, que são geralmente textos curtos que basicamente complementam imagens. Parece correto então pensar que um executivo possa fazer o mesmo utilizando um arsenal de informação muito maior, disponível em um número razoável de slides em uma apresentação.
No contexto competitivo de hoje, essa habilidade é fundamental. Se as empresas estão dispostas a investir milhões na capacidade de um influenciador digital para aumentar suas vendas, parece óbvio que elas vão valorizar cada vez mais os profissionais que tiverem a capacidade de influenciar seus interlocutores em cada reunião que participarem.
Para chegar a este patamar, já existe até mesmo outra nova ‘profissão’ que é o coach de palco. Ele é especialista em preparar pessoas para fazerem apresentações fantásticas. Ou seja; quer seja digital ou não, uma das regras para o sucesso nos dias de hoje é influenciar.
André Arcas é coach de palco – consultor especializado em técnicas de apresentação – da Arcas Treinamentos (https://arcas.me/). Estudou direito pela USP, negociação em Harvard, Empreendedorismo e Inovação pelo programa Stanford Ignite e Storytelling pela IDEO, além de ser practitioner em PNL (Programação Neuro-Linguística) pela SBPNL. André já realizou vários treinamentos sobre como falar em público e treinou desde palestrantes do TEDxSãoPaulo até executivos de grandes empresas.
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