Uberlândia – MG 30/6/2020 –
Segundo o Ministério da Saúde, existem estudos recentes que apontam que crianças que estão acima do peso possuem 75% mais chances de serem adolescentes obesos. Já os adolescentes obesos, têm 89% de chances de se tornarem adultos obesos. Uma pesquisa do próprio Ministério indicou que 12,9% das crianças brasileiras, de cinco a nove anos, são obesas e 18,9% dos adultos estão acima do peso.
A obesidade infantil é um dos fatores que coloca em risco o futuro das crianças. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que em 2025 existirão 75 milhões de crianças obesas no mundo. Segundo a OMS, esse é um dos maiores problemas de saúde pública no planeta.
Para o médico Nutrólogo e coordenador clínico da Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional do Santa Genoveva Complexo Hospitalar, Cláudio Barbosa, a obesidade é a doença crônica não transmissível que mais traz impactos na qualidade de vida e no risco de outras doenças. “Essa é a verdadeira pandemia do século XXI, que acomete todas as etnias, classes sociais e, inclusive, nossas crianças e adolescentes”, disse.
“Nós imaginávamos, há algumas décadas, que a presença de placa de gordura só aumentava o risco de infarto no coração e no cérebro, em um processo conhecido como aterosclerose, no final da juventude e início da fase adulta. Mas, de fato, uma má alimentação, combinada ao estilo de vida, provoca o processo patológico já nos primeiros anos de vida. Então, a obesidade infantil tem uma importância vital quando queremos pensar em uma vida mais longa e com qualidade”, explica.
Cláudio Barbosa pondera que os fatores que interferem na obesidade infantil são semelhantes aos do adulto. “Claro que existem casos raros de doenças genéticas, associadas a outras malformações e incapacidades funcionais, como na síndrome de Prader Willi. Nesses casos, o pediatra percebe logo cedo, nos primeiros anos de vida, que a criança tem uma alteração metabólica que leva ao aumento de peso exacerbado, ou seja, a uma obesidade importante. Mas, na maioria dos casos, o condicionante é a soma da cultura, da genética, do social e dos hábitos de vida daquela criança”, completa.
O médico informa que a genética interfere em torno de 30%. Mas estudos recentes, em uma ciência conhecida como epigenética, mostram que ela pode ser, inclusive, alterada pelo estilo de vida, exercícios físicos, hábitos alimentares saudáveis e até pelo aspecto emocional, pela maneira como o paciente lida com a alimentação e sua doença.
“É importante que os pais fiquem atentos aos sintomas da obesidade infantil. É preciso observar se a criança está um pouquinho mais obesa do que seus primos da mesma idade ou que os coleguinhas da classe. Mas o diagnóstico é feito através de uma avaliação do pediatra ou nutrólogo, que coloca o peso e altura da criança dentro da curva correspondente à idade e sexo. Nesse caso, não basta só o Índice de Massa Corpórea (IMC), é preciso avaliar o percentil e desvio padrão da criança em relação à média saudável. Quando ela se afasta muito dessa mediana, já dizemos que é excesso de peso para a idade e precisa de ajuda especializada”, salienta.
O nutrólogo afirma que a obesidade infantil é doença, não é apenas uma questão de alguns quilos a mais. Ela certamente trará riscos de doenças crônicas não transmissíveis graves no futuro. “Está mais do que claro que uma criança obesa, provavelmente, será um adulto obeso, com risco de hipertensão e diabetes. É importante salientar que, depois do tabagismo, a doença que mais prediz o risco de câncer, é a obesidade. Temos que considerar um acompanhamento multiprofissional com pediatra, nutrólogo, nutricionista, psicólogo e personal trainer. Essa é uma doença crônica, complexa e multifatorial que não se resolve por medidas isoladas ou extemporâneas, ou seja, é um tratamento por toda a vida”, finaliza Cláudio Barbosa.
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