São Paulo, SP 17/6/2020 –
Pesquisa divulgada nos últimos dias pela universidade Royal College of Phychiatrists do Reino Unido (veja mais informações aqui) gera um alerta sobre as consequências da pandemia para a saúde mental das pessoas. O estudo foi feito com mais de 1,3 mil psiquiatras ao redor do Reino Unido. Segundo os dados, 43% desses profissionais viram as emergências e urgências aumentarem ao mesmo tempo que 45% tiveram uma diminuição das consultas de rotina.
A percepção de uma deterioração da saúde mental por ansiedade, angústia e estresse também foi identificada pela ONG LAR da Benção Divina, que proporciona educação de excelência para as comunidades Coreia, Vila Inglesa, Buraco Quente e Vila Santa Catarina, em São Paulo.
Cerca de 200 famílias atendidas pela instituição responderam a um questionário que apontou que aproximadamente 40% dos participantes estão enfrentando problemas emocionais na família. Quando perguntados sobre a experiência de ficar em casa, houve respostas como “horrível”, “estressante”, “exaustiva” e “agoniante”. Com a mesma frequência, as pessoas apontaram estar com dificuldade em se manter ativo na prática de exercícios físicos. E mais de 40% informaram não ter recursos para suprir despesas básicas ou dívidas.
“Queremos estar perto de nossa comunidade, apoiá-los, ouvi-los e oferecer o melhor serviço possível. Em meio à pandemia, não poderia ser diferente. Tivemos várias ideias, mas antes de colocá-las em prática, elaboramos um questionário para saber os maiores problemas enfrentados pelas famílias de nossos alunos, e assim, agir. Mas os resultados vieram alinhados às nossas expectativas: a saúde mental é um ponto que merece muita atenção”, conta Fernanda Lancellotti, presidente do LAR.
Esses moradores de comunidades de São Paulo fazem parte das camadas socioeconômicas mais baixas da população, atuando como manicure, atendente, empregada doméstica, auxiliar de enfermagem, taxista, operadora de caixa, gesseiro, entre outros. No entanto, quase 50% das pessoas que responderem ao questionário estão desempregadas.
A causa dos sentimentos, portanto, pode ser diversa. Um dos depoimentos se refere ao convívio: “Está sendo estressante, as crianças ficam com muita energia acumulada por não ir à escola. Filho de quatro anos há muito tempo em casa”. Outros estão preocupados com o próprio sustento: “Está difícil porque todos nós precisamos trabalhar. Perdi meu emprego por causa dessa pandemia”. No entanto, o estresse está presente mesmo quando o indivíduo está empregado: “Fico com medo. Tenho que ir trabalhar para sustentar a minha família e ainda tenho o risco de pegar a doença”.
“Está sendo muito difícil desempregada. Tive uma crise de ansiedade”. Para apoiar sua comunidade e evitar consequências mais graves como o transtorno psicológico observado neste depoimento, o LAR já fez uma parceria com a ONG SAS para que as famílias tenham acesso gratuito a sessões de terapia e atendimento médico – para além do Covid-19 – por videoconferência. Além disso, a psicóloga voluntária Ágnes Carrasco fez um vídeo para o LAR com dicas práticas para cuidar da saúde mental, que foi publicado no Instagram da ONG. Outro tema bastante demandado na pesquisa foi a alimentação e, neste eixo, aqueles que indicaram no questionário, receberam cestas básicas.
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