A criação de um canal direto e contínuo de comunicação entre a secretaria-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e uma coalizão de organizações de liberdade de imprensa foi anunciada na quarta-feira, 24, pelo secretário-geral da entidade, Antonio Guterres. O canal pretende tratar de questões de segurança de jornalistas.
Com a medida, Guterres visa a mobilizar os mais altos escalões da ONU para o acolhimento de casos emergenciais de violência contra jornalistas pelo mundo. Também pretende assegurar uma melhor coordenação entre suas agências, fundos e programas, conforme definido pela Plano de Ação para Liberdade dos Jornalistas e a Questão da Impunidade, adotado pelas Nações Unidas em 2012.
A ação é uma resposta a reunião de fevereiro entre o Secretário-Geral e Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ) e World Association of Newspapers and News Publishers (WAN-INFRA), que falaram em nome da coalizão internacional #ProtectJournalists. Composta por 120 organizações, a coalizão deu início à campanha pela criação de um cargo de Representante Especial das Nações Unidas para Proteção dos Jornalistas, com o objetivo de implementar o direito internacional sobre a questão. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) apoiou a campanha (leia a nota).
O secretário-geral da RSF, Christophe Deloire, disse que Antonio Guterres ainda considera a recomendação de criar um cargo de Representante Especial das Nações Unidas para Proteção dos Jornalistas. “Nós apreciamos profundamente seu compromisso e a decisão que ele já tomou. Os principais problemas do mundo, desde as questões ambientais até o extremismo, não podem ser resolvidos sem o trabalho dos jornalistas”, afirmou.
Nas próximas semanas, a RSF fará uma consulta junto a organizações pela liberdade de imprensa para decidir a melhor maneira de encaminhar os casos emergenciais ao Secretário-Geral da maneira mais eficiente possível.
A ação ocorre num período particularmente preocupante para jornalistas no mundo. Segundo pesquisa da RSF, 580 jornalistas e profissionais de mídia foram mortos desde 2012, quando o Plano de Ação para Liberdade dos Jornalistas e a Questão da Impunidade foi adotado. Análise do CPJ ainda afirma que apenas 3% dos assassinatos foram devidamente punidos na última década.
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