Mostrar o que a imprensa profissional está fazendo e pode vir a fazer na luta contra a disseminação de boatos e conteúdos comprovadamente inverídicos. Esse foi o propósito do evento promovido pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) na manhã desta quinta-feira, 17, em São Paulo. O “Seminário desinformação: antídotos e tendências” contou com palestra de pesquisador norte-americano e dois painéis sobre o tema.
Tema que, cada vez mais, foge da questão de fake news. Parte dos debatedores presentes no teatro da Unibes Cultural, que serviu de palco para o evento, reforçou que o termo não ajuda a expressar corretamente a questão. Para o presidente da ANJ, Marcelo Rech, trata-se de “onda de desinformação”. “Se é falso não é notícia”, comentou, depois, à reportagem do Portal Comunique-se. Assessora-chefe de comunicação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ana Cristina Rosa foi pelo mesmo caminho, assim como o diretor de redação da Folha de S. Paulo, Sérgio Dávila.
À frente da ANJ, Marcelo Rech foi o responsável pela abertura do encontro, que reuniu cerca de 100 convidados. Destacou que os jornalistas dos tempos atuais precisam atuar como médicos. Em vez de dar receitas para alguma doença, precisam dar remédios “no combate à desinformação”, pontuou. Depois, o “Seminário desinformação: antídotos e tendências” seguiu com Sam Gregory. Diretor da organização Witness, ele é norte-americano e pesquisador da atuação da mídia na era nas plataformas digitais.
Oriundo da área de tecnologia e advogado, Sam Gregory tornou-se especialista em desvendar o que chama de “a última geração de desinformação”. São as deepfakes, como convencionou-se a chamar nos Estados Unidos, que não passam de vídeos manipulados a partir de recursos de inteligência artificial. “São incêndios digitais florestais”, definiu o palestrante do evento da ANJ. Ao garantir que o meio ainda carece de ferramentas que auxilem a identificar de bate-pronto as deepfakes, ele afirmou que o trabalho dos jornalistas precisa ser educativo. “Não basta dizer ‘mentiu'”, enfatizou. Para ele, é preciso mostrar como se identifica um boato.
Depois de Sam Gregory, o “Seminário desinformação: antídotos e tendências” prosseguiu com o painel “Desinformação nas eleições”. Com moderação de Patrícia Blanco, presidente-executiva do Instituto Palavra Aberta, o debate reuniu três jornalistas: Daniel Bramatti (presidente da Abraji e editor do ‘Estadão Dados’), Ana Cristina Rosa (assessora-chefe de comunicação do Tribunal Superior Eleitoral) e Angela Pimenta (diretora de operações do Projor). Em prol do combate a mentiras, inclusive em meio a processos eleitorais, eles defenderam que, de certo modo, a “união faz a força”.
Daniel Bramatti relembrou que em 2018 ajudou a dar vida ao Comprova. Em sua primeira edição, o projeto reuniu mais de 20 veículos de comunicação do país em uma mesma missão ao decorrer das eleições gerais do país: desnudar informações imprecisas e mentiras por parte de políticos e partidos. No TSE, Ana Cristina Rosa avisou que para combater boatos chegou a impulsionar postagens nas redes sociais. E, em ações educativas, contou com parceiros como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Ministério Público Federal.
A questão de combater notícias falsas vai além das eleições. É um trabalho que se tornou rotineiro no jornalismo brasileiro. E isso foi abordado no segundo painel do evento organizado pela ANJ com patrocínio do Google News Initiative e apoio do Propmark e da Unibes Cultural. Moderador do módulo, Sérgio Dávila, diretor de redação da Folha de S. Paulo, defendeu que um dos antídotos contra a desinformação passa pela mudança de postura dos veículos de comunicação — até mesmo os mais tradicionais. “Por que não falar das coisas como elas realmente são, em vez de somente colocar que alguém disse isso ou aquilo?”, questionou. Como exemplo, utilizou um caso interno. “Na Folha, colocamos no título que ‘Após ofender mulher de Macron, Bolsonaro diz que não a ofendeu‘”.
Diretor de redação de O Globo, Alan Gripp destacou que fatos aparentemente banais podem atrapalhar e muito as pessoas envolvidas. “Uma informação falsa ameaça vidas”, alardeou. Como exemplo, mostrou a reportagem especial produzida pelo jornal com um rapaz que foi tido — equivocadamente — como carcereiro do ex-governador Sergio Cabral. “Ele mora na comunidade de Manguinhos e começou a receber ameaças de morte pelos traficantes da região”, comentou. Coordenadora do Grupo de Investigação (GDI) da RBS, Dione Kunh falou do trabalho multimídia do projeto. Fechando o time de debatedores, Murilo Garavello, diretor de conteúdo do UOL, abordou a questão do alcance de matérias de checagem e similares. “Temos que buscar fazer com que uma comprovação chame a atenção”, avisou, antes de mostrar que, nos últimos meses, mais de 20 materiais nesse estilo tiveram mais de 100 mil acessos no portal.
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