29/10/2020 –
Ter uma alimentação saudável e correta deve ser a regra desde o início da preparação para concursos, Enem ou qualquer outra seleção. Segundo especialistas, bons hábitos alimentares ajudam no desempenho dos candidatos e na qualidade da sua saúde mental, podendo interferir no aprendizado, memorização, assimilação e raciocínio.
Por isso, quem está se preparando para algum certame precisa investir na alimentação para manter o bom funcionamento do cérebro e o bem-estar mental. A psicóloga clínica e neuropsicóloga Juliana Gebrim ressalta que a alimentação influencia diretamente nos quadros de ansiedade e estresse, podendo até evoluir para uma depressão.
“É uma via de mão dupla: a pessoa que tem um quadro ansioso tende a comer pior, principalmente aquelas coisas que ela acha que, se comer, ficará mais calma. Em contrapartida, quem se alimenta mal pode desenvolver esses transtornos. Ingerir alimentos muito gordurosos causa uma inflamação no nosso cérebro e predispõe o aparecimento desses quadros”, adverte.
Segundo a psicóloga, o excesso de demandas, expectativas e frustrações também pode gerar a fome emocional, que é a necessidade de comer baseada nas emoções afloradas. Reconhecer e controlar os sintomas para não deixar que os sentimentos negativos atrapalhem a sua preparação pode fazer a diferença.
“A ansiedade, por si só, pode gerar comportamentos de fuga. Geralmente, pessoas em situações de estresse ou de ansiedade focam a solução dos problemas na comida e acabam comendo alimentos ricos em açúcares e gorduras e em grandes quantidades”, adverte.
De acordo com a psicóloga, quando isso acontecer com frequência e influenciar no cotidiano, deve-se buscar ajuda profissional da área de saúde – psicólogos ou psiquiatras – para identificar a causa do problema e iniciar um tratamento adequado.
Um dos vilões do cardápio alimentar e que vem sendo negligenciado pelas pessoas nesta pandemia é o açúcar. Presente em massas, frutas, bolos, pães e nos refrigerantes, o açúcar em excesso pode provocar cansaço, fadiga e irritabilidade, além de problemas de saúde como o diabetes.
Embora a recomendação da Organização Mundial da Saúde seja para que apenas 10% da ingestão calórica diária seja proveniente do açúcar, grande parte das pessoas faz o oposto. O ideal é que uma pessoa consuma 25 gramas de açúcar por dia ou, no máximo, 50 gramas.
Um estudo realizado por cientistas da Universidade de Queensland, na Austrália, revelou que os efeitos do açúcar no cérebro são parecidos com os da cocaína, por estimular áreas do cérebro que aumentam a dopamina, ligadas ao prazer. Para o médico psiquiatra Pablo Vinicius, o açúcar tem a mesma característica: ele ativa o sistema de recompensa, aumenta o nível de dopamina no cérebro e provoca dependência.
“Todas as vezes que nós comemos alguma comida prazerosa, essa área é ativada. Com o estímulo constante, essa dopamina diminui e vai entrando em exaustão, fazendo com que as pessoas precisem cada vez mais de açúcar para atingir os níveis normais de dopamina. Logo, a necessidade de aumentar o consumo caracteriza a dependência”, explica.
Além de interferir no aprendizado, a elevada ingestão de açúcar pode alterar o ânimo, já que ele mexe com os neurotransmissores que ajudam a manter o humor estável. “Minha orientação para quem quer ter uma vida saudável e uma boa trajetória de estudos é para diminuir o consumo de açúcar e incluir na alimentação adoçantes seguros. Dessa forma, você vai potencializar o seu cérebro para o estudo para concursos e estar com a saúde em dia para desenvolver outras atividades”, pontua o médico.
O psiquiatra ressalta ainda que os carboidratos simples, as farinhas brancas e os açúcares devem ser de evitados porque são muito inflamatórios para o cérebro. “São alimentos que podem prejudicar o desempenho nos estudos por sua ação no sistema nervoso central. Prefira carboidratos de absorção lenta, como mandioca, batata-doce, aveia e farinha integral”, afirma.
Por fim, os especialistas ressaltam outros hábitos saudáveis que também são essenciais para melhorar a performance nos estudos. “Apesar do tempo curto, faça meditação e pratique atividades físicas, pois, além de melhorar as condições do cérebro, garantem estabilidade emocional”, recomenda Gebrim. “Tenha um sono reparador. Cada hora de sono é importante para o controle das emoções e para o aprendizado. E não se esqueça: saúde não pede sua concordância. É preciso aceitar e alinhar o comportamento ao conhecimento para viver bem e de maneira saudável”, finaliza Pablo Vinicius.
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