São Paulo/SP 16/6/2020 – “É necessário um olhar mais cuidadoso em relação aos profissionais da saúde” – José de Moura Teixeira Lopes Junior
Muito se tem dito sobre os impactos na economia e na saúde por conta da pandemia do novo Coronavírus, seja a curto, médio ou longo prazos.
No intuito de reduzir a transmissão da doença, o isolamento social foi imposto pelas autoridades a todos os cidadãos. Toda a sociedade, a começar dos empresários, conviveram com os efeitos, sociais e econômicos, de restrições a comercio e serviços. Adotar o sistema de home office se mostrou uma alternativa para aqueles que mantiveram seus postos de trabalho, diante do encolhimento da economia e o consequente desemprego que vitimou milhões de brasileiros.
Porém, pouco se fala sobre um fator de extrema relevância: os impactos psicológicos negativos causados pelo isolamento das pessoas, respostas emocionais negativas, como medo, tristeza, confusão mental, raiva, impaciência, insônia, ansiedade, entre outros tantos comportamentos atípicos.
As incertezas sobre o futuro em diversos aspectos das relações humanas são apontados por estudos como a chave para sintomas como abuso ou dependência de álcool, depressão e transtornos relacionados ao estresse gerado pela atual situação e informações desencontradas em diversos níveis, como números apresentados sobre a pandemia, uso de medicamentos como a cloroquina, e tantas outras dúvidas que pairam sobre o Coronavírus.
E isso não só durante a pandemia, mas também pós-isolamento, uma vez que estaremos diante de um quadro bem diferente daquele do início da quarentena, com mudanças na forma de se relacionar, tanto pessoal quanto profissionalmente. A onda de demissões deve continuar, o que levará à redução da renda e as progressivas restrições do orçamento familiar.
“Todos nós seremos afetados de alguma forma por todas essas mudanças. Mas é necessário um olhar mais cuidadoso em relação aos profissionais da saúde, que enfrentam essa batalha contra a Covid-19 diariamente e estão sob forte estresse”, afirma o empresário José de Moura Teixeira Lopes Junior. Mourinha, como é conhecido, diz que tem sido crucial sua participação em diversas atividades na rotina dos seus filhos e esposa, transformando este momento, que acirra o estresse, em aprendizado sobre diversas atividades da família que não teria tempo de observar, em tempos de “vida normal”, por conta de compromissos profissionais.
Obviamente existem contextos e situações das mais diversas, que dependem do repertório de cada pessoa e do contexto em que está inserida a família, para que se criem situações e ferramentas para amenizar conflitos gerados internamente. De acordo com orientações da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP), da Dra. Maria Rita Zoéga Soares e o Dr. João Gabriel Modesto, psicólogos membros da entidade, é de suma importância que se identifique o conflito e haja predisposição para tonar esse tipo de discussão em algo construtivo. Em sentido contrário, protelar ou ignorar esses conflitos só agravam os comportamentos negativos, como brigas e frustrações.
Ainda de acordo com a SBP, o envolvimento dos entes da família em diversas atividades, sejam de interesse coletivo ou individual, como organizar um álbum de fotos ou reorganizar a mobília da casa, são ferramentas relevantes para que se quebre a rotina imposta e aumentem os laços afetivos entre eles. A comunicação de forma clara também é importante. Afinal de contas, o momento é vivido por todos e isso precisa ficar claro.
Mourinha destaca como contexto agravante a situação de milhares de famílias que sofrem com a escassez de itens básicos, como moradia, alimentação e cuidados médicos. Para esse segmento da população, é imperativo sensibilização da sociedade como um todo e principalmente atuação do Estado, no sentido de prover o mínimo necessário para essas famílias durante a quarentena, para atenuar os efeitos gerados e assim minimizar os conflitos e males de toda ordem.
A sociedade também precisa se preparar para o momento pós-pandemia, que produzirá impactos psicológicos e comportamentais no mundo inteiro. Ao final de todo esse processo e retorno à rotina, será preciso ter atenção para a tendência de “retomar o tempo perdido”, pois a corrida para recuperar aquilo que se sente como perda é tão estressante quanto o fator gerador da crise, que são os impactos sobre a saúde da população mundial. Cada membro da sociedade deve seguir como premissa que a retomada das atividades será um processo gradativo, que então, será necessário controlar as expectativas e os objetivos que se pretende alcançar. Esse é o único caminho para controlar a ansiedade individual e uma possível convulsão social caso prevaleça a expectativa por resultados imediatos.
Se os números indicam que a economia vai levar pelo menos quatro anos para se recuperar, o homem, que é o motor das atividades econômicas, não pode esperar que “tudo será como antes amanhã”. O retorno à “vida normal” não acontecerá um dia depois de reconhecida, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a reversão da curva ascendente para as infecções pelo novo Coronavírus em todas as nações que enfrentaram a pandemia.
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