O presidente afirma que nomear um parente não é caso de nepotismo. Há determinados cargos na administração do governo, diz ele, que só podem ser confiados a alguém da mais absoluta confiança, como um parente de primeiro grau. Um filho, uma filha, um irmão que seja capaz até de matar para salvar o mais importante homem da república. Por causa também disso a mídia não deixa o chefe do executivo em paz. Suas declarações são motivos para gerar crises políticas, como a que há um mar de lama sob o palácio do governo.
Os jornalistas, na sua maioria, estão à serviço da oposição, e a mídia se tornou um conglomerado de partidos políticos que atacam sistematicamente o governo. Até uma briga em um jantar, envolvendo um parente do presidente, ganhou destaque durante dias. Por sua vez, os setores mais radicais começam a acalentar a tese de abrir um impeachment contra ele e contribuem para aquecer o debate. Nem a economia parece estar ao lado do governo apesar dos esforços do ministro da Fazenda em controlar os gastos públicos e equilibrar as contas. O tesouro continua sendo sangrado por uma miríade de furos que não permitem ter saldo.
Ao presidente cabe utilizar da retórica e da mídia, que tem a sua disposição, para não perder o apoio popular que angariou em tantos anos de carreira política. Afinal, ele também fez carreira militar e isto era um trunfo para ter o apoio do Exército. Seus apoiadores ajudavam a divulgar falas como “percam as ilusões os que pretendem separar-me do povo, ou separá-lo de mim. Juntos estamos e juntos estaremos sempre, na alegria e no sofrimento”.
Ou “não descansarei enquanto não conseguir proporcionar aos homens, às mulheres e às crianças do meu país a existência digna, segura, tranquila, próspera e confortável a que tem direito”. Ou ainda “a crise brasileira é uma crise de crescimento e há de ser superada. Governo e povo caminharão juntos para construírem a grandeza do Brasil”. Os apelos ao nacionalismo, a defesa dos símbolos nacionais, as frases patrióticas permeiam não só o seu discurso no dia a dia, como também nos locais públicos e com isso motivar a população e os seus eleitores.
O presidente nunca disse claramente que é um político de direita. Porém, os seus ataques contra a esquerda, que rotula como comunista, são incessantes. Quando perguntado sai em defesa da ditadura qualificando-a como uma escola de administração pública e que a revolução integrou o país na concepções do Estado moderno onde as preocupações partidárias ocupam um lugar subalterno. O lugar do Brasil é ao lado dos Estados Unidos e, para isso, é necessário ter em Washington, alguém que tenha a confiança e o prestígio do governo e na assessoria direta a nomeação de uma filha.
Ela é mais do que uma assessora, é uma conselheira e diz para ele o que outros não tem coragem, é a Chefe do Gabinete Civil de Presidência da República. O irmão Benjamim Vargas, o Bejo, foi nomeado chefe da segurança dos palácios presidenciais e se envolveu no atentado da Rua Toneleiros, no Rio de Janeiro. Daí para frente o presidente Getúlio Vargas aprofunda-se em uma crise que nem a proximidade da família impediu que se matasse no palácio presidencial em 1954.
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