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Os serviços de saúde na encruzilhada da transformação digital

São Paulo, SP 29/6/2020 – O principal desafio do setor de saúde no Brasil é abraçar a inovação para reduzir a curva exponencial de gastos

Há mais de 20 anos a indústria de tecnologia mudou sua abordagem usando o bordão “foco no cliente”, tão popular nos dias de hoje, e passou a realmente olhar o desenvolvimento de soluções tendo o usuário como centro do processo. Nesse caminho surgiram as principais tecnologias focadas na interface para os usuários, surgindo empresas como Google, Amazon e Facebook, entre outras. Esse mesmo padrão começa a se impor nas empresas de saúde. Ao invés de se limitar a satisfazer o ímpeto criativo das suas áreas de P&D, os hospitais têm se empenhado em fazer com que sistemas diversos – de CRM ou de gestão de RH e desempenho – sejam capazes de medir a relação entre os investimentos na produção e a geração de valor para os negócios. Esse, sem dúvida, é um processo de transformação muito semelhante ao que levou a indústria de tecnologia a liderar hoje os rankings das empresas mais valiosas no mundo.

A inovação no setor de saúde se reflete em resultados. Pode ser detectada claramente no crescimento dos negócios realizados no primeiro trimestre de 2020, especialmente nas áreas com atuação direta no combate e controle da atual pandemia de Covid-19. A telemedicina viu seu volume global de negócios dobrar desde o final do ano passado, e se multiplicaram as startups de Inteligência Artificial voltadas para o diagnóstico de doenças infecciosas.

Na América Latina, onde os investimentos em saúde mais do que dobraram anualmente entre 2016 e 2019, alcançando 4,6 bilhões de dólares, as biotechs e healthtechs aparecem como destaque entre as oportunidades de investimento, tendo crescido 52% em 2019, uma performance só superada pelas fintechs. Isso ocorre porque as healthtechs têm um papel fundamental para reduzir os custos na saúde – maiores a cada dia -, garantindo eficiência operacional e aprimorando os processos internos dos hospitais. Elas unem saúde e tecnologia para melhorar a experiência do paciente, ampliando o acesso à saúde e superando entraves burocráticos.

Transformar as empresas de serviços de saúde em organizações com posições de liderança nos rankings financeiros depende da habilidade de investidores, gestores e do próprio setor para se reestruturar e assumir o papel de protagonista. A tecnologia pode ajudar a orquestrar as ações entre academia, indústria, governos e terceiro setor, de maneira a possibilitar que os investimentos no setor proporcionem resultados positivos e, mais importante, garantam assistência de qualidade à população.

O Brasil, país com o maior sistema de saúde pública do mundo, ainda enfrenta sérios problemas de eficiência no setor, evidenciados pelos tropeços no combate à pandemia do novo coronavírus. Em 2018, os gastos com saúde consumiram um orçamento aproximado de R$ 637 bilhões, correspondente a 9,3% do PIB brasileiro, com baixo nível de atuação em pontos-chave para a melhoria da gestão, como a eficiência nas compras e a automatização de processos organizacionais com uso das ferramentas da ciência e da tecnologia. Quando o aprimoramento da gestão considera o paciente como centro da tomada de decisões, o resultado é a otimização do desfecho clínico, com benefícios para todos.

O principal desafio do setor de saúde no Brasil é abraçar a inovação para reduzir a curva exponencial de gastos, num esforço coordenado entre governos e instituições de saúde para oferecer atendimento eficiente e de qualidade para todos. Para isso, é urgente que o país acelere a adoção de novas tecnologias no setor, ainda marcado pela cultura analógica e dependente de processos obsoletos de gestão.

*Jeff Plentz é presidente da techtools ventures (jeff.plentz@techtools.vc)

Website: https://techtools.vc/

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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