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Pandemia acelera reformas e antecipa mudanças nos projetos arquitetônicos

9/12/2020 –

Dos sistemas de segurança para acessar as residências às formas de assegurar um ambiente doméstico mais adequado a uma vida em isolamento, a pandemia da Covid-19 tende a deixar um legado importante para o mercado da construção civil – com mudanças nos projetos e tecnologias de uso doméstico e comercial. Seja para adaptar espaços ou para tornar os sistemas mais seguros do ponto de vista sanitário, as transformações já começaram a acontecer.

Para Boris Madsen Cunha, professor da graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Positivo, quem passou pela experiência de trabalhar em casa teve alguma dificuldade estrutural. “Então, é provável que os próximos lançamentos de apartamentos passem a contemplar um tipo de espaço – seja coletivo individual – voltado às atividades de trabalho”, prevê.

Esse tipo de percepção já começa a ter reflexos no mercado imobiliário. De acordo com o gerente de unidade da construtora A.Yoshii em Curitiba, Erick Takada, “apartamentos com ambientes integrados, principalmente com varandas, estão se mostrando indispensáveis para as pessoas. A vida dentro de casa será cada vez mais valorizada e, por isso, espaços iluminados e flexíveis serão cada vez mais desejados. Muitos projetos também já incluem coworkings nas áreas comuns dos condomínios, além de ambientes para home office”, destaca.

Do touch para o touchless

Atualmente, o uso de leitores de digital, bem como de fechaduras que se abrem por meio da inserção de senhas, é amplamente difundido tanto em condomínios residenciais quanto em edifícios comerciais. No entanto, esse tipo de recurso pode ser responsável pela disseminação de doenças como a Covid-19, por exemplo. E, como especialistas alertam que pandemias como a atual podem se tornar cada vez mais comuns, será preciso rever essas ferramentas. “Um caminho provável é a adoção de tecnologias que nos permitam realizar tarefas sem ter contato físico com objetos. Assim como as formas de pagamento por aproximação, isso vai estar presente nas fechaduras das portas, elevadores e catracas”, projeta Cunha.

Por isso, soluções como o reconhecimento da íris, da retina ou mesmo do rosto devem ganhar força. O professor também aposta nos recursos de aproximação com o celular ou tags e nas portarias remotas. No início de 2020, a Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese) estimava que o número de edifícios com portarias eletrônicas cresceria 30% durante o ano. Isso porque o setor já vinha ganhando fôlego em 2019, quando cresceu 10% e faturou R$ 7,17 bilhões. Nesse sentido, a pandemia não criou uma nova realidade, mas acelerou algumas tendências que já se apresentavam.

Segurança dos imóveis

Segundo o superintendente de Engenharia de Produtos da Tecnobank, empresa brasileira de tecnologia, Isaac Ferreira, o cenário pós-pandemia mostra-se altamente favorável ao avanço do reconhecimento facial – um recurso baseado em algoritmos responsáveis pelo cruzamento de dados e detecção de padrões para garantir que o rosto detectado é de determinada pessoa. E o mercado já se movimentava a favor da migração para essas soluções. Estudos realizados pela Mastercard, em conjunto com a Universidade de Oxford, apontaram que 93% das pessoas preferem usar a biometria em vez de senhas.

Para Ferreira, o reconhecimento facial é uma tendência que oferece segurança, tanto contra fraudes e invasões, quanto em relação à contaminação pelo toque. “O recurso deve ser cada vez mais utilizado nas residências e estabelecimentos comerciais, assim como já acontece nos sistemas antifraude do mercado financeiro e órgãos públicos, como a previdência”, exemplifica.

Um mapeamento da Surfshark revela que 98 países já usam o reconhecimento facial em algum tipo de vigilância pública. A tecnologia também passou a ser utilizada em escolas, espaços comerciais, condomínios, instituições financeiras, hospitais, planos de saúde e poder judiciário. O Departamento de Segurança Interna dos EUA estima que o reconhecimento facial examinará 97% dos passageiros de companhias aéreas até 2023. A expectativa é que esse mercado, estimado em US$ 3,2 bilhões em 2019, alcance US$ 7 bilhões em 2024, segundo a MarketsandMarkets.

A vez da voz

O CEO e co-founder da PhoneTrack, startup de inteligência artificial aplicada à voz, Marcio Pacheco, afirma que os speakers – dispositivos com sistema de alto-falante e um assistente virtual que escuta, interpreta e responde a um usuário – já são uma realidade e estão em franca expansão. “Paralelo a isso, tivemos uma pandemia que obrigou o mundo a adotar novas medidas de higiene e distanciamento. E, diante dessa realidade, que deve se transformar no novo normal, surge a necessidade de dispositivos chamados touchless (sem toque), como forma de evitar o contato com superfícies comuns a muitas pessoas, como máquinas de pagamento, caixas automáticos, catracas, elevadores, fechaduras, telefones e outros mais”, ressalta, sugerindo que comandos de voz tendem a se tornar cada vez mais presentes nas construções do futuro.

Tecnologia voltada ao bem-estar

Além de todas essas consequências, a Covid-19 ainda deve influenciar em outro aspecto da vida contemporânea, muito ligado à oferta fácil de tecnologias voltadas à manutenção do bem-estar. Assistentes virtuais, como a Alexa, da Amazon, o HomePod, da Apple, e o Goole Home, têm preços cada vez mais acessíveis e devem ser, em breve, um fenômeno como o dos celulares, no começo deste século.

“Começamos a ter coisas que antes eram muito sofisticadas e com custo de implantação elevado. Hoje, há no mercado sensores que coletam dados sobre a qualidade do ar, analisam se o ambiente está saudável ou não, medem a temperatura do local e até mudam a iluminação com LED de temperatura variável, de modo a estimular a produção de melatonina ao longo do dia e, assim, melhorar a qualidade do sono”, relata Cunha.

Website: https://www.centralpress.com.br/

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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