Na última semana, presidente da República mentiu sobre prisão de Míriam Leitão. Além da própria Globo, empregadora da jornalista, a Abraji repudia declaração de Jair Bolsonaro
O presidente da República proliferou informações falsas para atacar uma profissional da imprensa do país. Essa é a conclusão da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) ao analisar as declarações de Jair Bolsonaro contra Míriam Leitão. Na última sexta-feira, 19, o mandatário do Brasil classificou como “drama mentiroso” a história da comunicadora, que foi presa e torturada durante a ditadura militar.
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“O presidente usou desinformação para acusar a jornalista de ter tentado ‘impor a ditadura no Brasil na luta armada’, afirmando que ela foi detida quando se dirigia à guerrilha do Araguaia (movimento armado de oposição à ditadura militar). Míriam nunca fez parte da guerrilha, e sua prisão aconteceu quando ela ia à praia com o então companheiro. Militante do PCdoB à época, Míriam participava de reuniões, distribuía panfletos e pichava palavras de ordem contra a ditadura em muros. Grávida, ela foi torturada e ficou presa por três meses”, pontuou a Abraji em nota oficial sobre o caso.
As declarações de Jair Bolsonaro tentando — sem sucesso — desmentir o sofrimento vivido por Míriam Leitão há décadas ocorreu em pleno Palácio do Planalto. Na ocasião, o presidente conversou com correspondentes estrangeiros que atuam no Brasil. As falsas acusações foram feitas, aliás, dias depois de a jornalista ter seu convite cancelado para participar de evento literário no interior de Santa Catarina. Com protestos, os organizadores não garantiam a segurança da comunicadora e de seu marido, Sergio Abranches.
Repúdio do Grupo Globo
Em nota lida em plena edição do ‘Jornal Nacional’ de sexta, o Grupo Globo chamou de “insultos” as afirmações de Jair Bolsonaro sobre Míriam Leitão. “Essas afirmações do presidente causam profunda indignação e merecem absoluto repúdio. Em defesa da verdade histórica e da honra da jornalista Miriam Leitão, é preciso dizer com todas as letras que não é a jornalista quem mente”, pontuou a empresa de comunicação — que sequer foi rebatida pelo presidente da República.