Rio de Janeiro, RJ 14/7/2020 – Dar início a essa fase híbrida, impõe a responsabilidade de garantir que esse retorno não colocará em risco a saúde dos funcionários.
O tempo voa e escorre pelas mãos a cada “novo começo de era”. A velocidade das mudanças no mundo sempre foi tema de análises sociais e canções populares, no entanto, a pandemia do novo coronavirus acelerou vertiginosamente diversos processos. Uma dessas alterações drásticas diz respeito ao trabalho nos escritórios, com a adoção do home office para equacionar a produtividade em período de distanciamento social. Mas e agora: quais serão os caminhos adotados daqui por diante?
“O futuro do trabalho foi antecipado em 10 anos devido à necessidade de isolamento. A experiência de trabalhar em casa será um catalisador para uma profunda transformação de como fazemos nossas entregas, na forma como nos relacionamos e especialmente nas transformações do ambiente de trabalho”, aponta o texto elaborado pela mestre em sistemas de gestão e gestora senior de Facility Management Luciane Bacellar.
Uma pesquisa da empresa global de inteligência de dados Morning Consult aponta que 47% das pessoas que atualmente trabalham remotamente – analisando-se o cenário dos Estados Unidos – afirmam que é interessante manter de 1 a 4 dias de home office por semana. Há um grande contingente destes profissionais que prefere seguir trabalhando somente de casa (48%) e apenas 14% desejam retornar ao escritório em tempo integral.
“Estamos em um ponto de inflexão e os líderes terão de fazer uma escolha sobre onde e como as pessoas irão trabalhar. As escolhas erradas podem custar caro em muitos níveis. O trabalho é essencialmente social, pessoas trabalhando juntas geram sinergia, novas ideias, a criatividade é aflorada e surgem daí inovação e confiança”, opina o diretor executivo da empresa de mobiliário corporativo Pett Capellato, Luiz Carlos Pett.
O empresário acredita ainda que, apesar do pensamento de “fim do escritório”, é preciso se levar em conta as especificidades de cada profissional em seu ambiente familiar. “Durante a crise, qualquer um que pudesse trabalhar em casa trabalhou e, por um tempo, muitas pessoas pensaram que funcionava muito bem. Mas depois de meses vivendo em vídeo, a novidade acabou”, pondera.
Para a analista contábil Suelen Augusto, o período da pandemia acabou servindo para demonstrar que o esquema do trabalho em casa tem potencial para funcionar, apesar de não ser “para todo mundo e nem o tempo inteiro”.
“O ponto crucial sobre o momento pós-pandemia é que adotar 100% de home office não é tão interessante. Quando as pessoas estão em contato existe uma sinergia e a comunicação é mais ágil. Eu acredito que a melhor solução é adotar o home office, mas manter alguns dias presenciais”, acredita, reforçando a visão do equilíbrio entre o trabalho remoto e o presencial.
Medidas para um retorno seguro
A realidade do momento no Brasil é de flexibilização das atividades e algumas empresas já têm data marcada para receber novamente seus funcionários. Diversos gestores públicos e privados fazem encaminhamentos para um retorno. Mas surge a dúvida: como tornar o ambiente do escritório seguro para os colaboradores? A especialista elaborou um guia para servir de orientação neste momento.
“O tempo passou a ter um valor diferente Pós-Covid-19, as prioridades tiveram ressignificação e o retorno das atividades no escritório tornou-se um projeto estratégico para não negligenciar esse legado de aprendizado deixado pela pandemia. E passada a primeira onda de experimentação do trabalho em casa, vem a segunda: o trabalho híbrido. E dar início a essa fase híbrida, sem vacina e sem medicação específica, impõe a responsabilidade de garantir que esse retorno não colocará em risco a saúde dos funcionários”, explica.
Entre as recomendações no guia desenvolvido por Luciane estão itens como verificar “se existe uma Política de RH aprovada, que defina instruções de retorno”; desenvolver um plano de resposta para o aparecimento de sintomas com a aprovação do médico da empresa; reforçar os cuidados com o sistema de ar condicionado; limpeza e desinfecção constante; alterar a configuração do mobiliário do escritório; criação de protocolos de acesso; entre outras.
Segundo a especialista, algumas das medidas aplicadas internacionalmente não são passíveis de adequação ao contexto brasileiro, como o caso dos túneis de desinfecção por ozônio, mas todos os cuidados viáveis devem ser adotados. “Nós precisamos investir em medidas que tornem possíveis conexões mais felizes entre pessoas e espaços de trabalho nesse importante período de transição e vulnerabilidade que a humanidade atravessa”, considera.
Baixe aqui o guia completo “Os 10 tópicos mais importantes que você precisa abordar para criar um ambiente de trabalho mais saudável durante o COVID-19”.
Luciane Bacellar é pesquisadora dos conceitos de Living Office, Collaborative e Agile Workplaces com mestrado em Sistemas de Gestão pela Universidade Federal Fluminense (UFF); atua a mais de 15 anos em projetos, gestão de escritórios e Facility Management em grandes empresas, como Rede Globo, KPMG e Schlumberger.
Website: https://www.linkedin.com/in/lucianebacellar/
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