São Paulo, SP 20/8/2020 – Ao final das visitas virtuais, os alunos trazem os dados coletados para discussão durante a aula subsequente, na qual irão articular o que foi visto
A pandemia incentivou as escolas a oferecerem atividades criativas e inovadoras para manter o ritmo e o padrão de aprendizagem dos alunos. As visitas a museus, teatros e outras instituições culturais – que estão com suas portas fechadas para evitar a propagação do novo coronavírus – tornaram-se virtuais, diminuindo as fronteiras geográficas e aumentando as possibilidades para que alunos de qualquer lugar do mundo conhecessem esses espaços, sem sair de casa.
Nas escolas com currículo High School da Griggs International Academy (GIA-BR), por exemplo, as visitas virtuais já fazem parte da grade, com o objetivo de aprimorar o conteúdo apresentado aos alunos, conectando o mundo online com a vida real. Durante a quarentena, isso se intensificou.
Segundo Karem Ragnev, diretora acadêmica da GIA-BR e América Latina, a principal finalidade de uma Field Trip (passeio com fins educacionais, neste caso, virtual) é reforçar a aprendizagem experiencial e contextual. “Os virtual field trips (passeios virtuais) conectam os alunos a diferentes estilos de vida, lugares e épocas”, comenta. De acordo com ela, uma das vantagens é a oportunidade de criar experiências de aprendizagem de cunho interdisciplinar. Ou seja, durante uma mesma atividade virtual, é possível promover exercícios sob perspectivas variadas, com temas abordados em diferentes disciplinas, o que favorece a aprendizagem e expande a visão de mundo dos alunos.
As aulas são planejadas, a fim de que o estudante possa tirar o máximo proveito da experiência e, dessa forma, explorar a oportunidade de maneira mais ampla e reflexiva. “Ao final das visitas virtuais, os alunos trazem os dados coletados para discussão durante a aula subsequente, na qual irão articular o que foi visto com o que é estudado na respectiva disciplina”, complementa Karem.
Visita ao Museu Anne Frank
No Colégio Branta Institute , de Itu (SP), os alunos do High School fizeram uma visita virtual ao Museu Anne Frank, que fica em Amsterdã (Holanda). O foco estava em duas disciplinas: Health (Saúde) e Fine Arts (Artes). De acordo com Fernanda Paro, professora do GIA-High School do Branta, o objetivo foi estimular os alunos a apresentarem diferentes pontos de vistas sobre um mesmo assunto e refletirem acerca do que o isolamento de Anne Frank, em função da guerra, pode ensinar aos alunos que vivenciam o isolamento social, devido à pandemia.
Para a disciplina de saúde (Health), a atividade trouxe à tona uma reflexão sobre o que é estar isolado, ressaltando as diferenças entre a quarentena em virtude do coronavírus com o isolamento de Anne Frank, que fugia do holocausto. “Na Casa Anne Frank há um projeto que transformou o diário da adolescente em um vídeo. Inspirados por essa ideia, os alunos fizeram seu próprio diário contando como é estar isolado em tempos de pandemia”, comenta a professora.
Já para a disciplina de Artes (Fine Arts), os alunos puderam comparar as diferenças e semelhanças entre a época atual com a do isolamento vivenciado por Anne Frank naquela época, analisando, inclusive, a qualidade dos vídeos com ênfase na iluminação, movimento e expressão. Após a Field Trip, eles gravaram um vídeo com vislumbres de cenas cotidianas durante a quarentena, incluindo no enredo as pessoas com quem vivem, assuntos importantes, objetos e sentimentos. Tudo, utilizando-se de técnicas, tais como iluminação, ruído, posição da câmera e movimento. Para Fernanda, embora a circunstância de Anne Frank seja incomparável, a visita virtual na casa em que ela ficou isolada levou os alunos a refletirem sobre a vida de um adolescente confinado – situação que eles estão vivendo hoje em virtude da pandemia.
Teatro
Assim como os museus, algumas instituições artísticas estão apresentando seus espetáculos via Internet. Os alunos do GIA-High School do Colégio Santa Madalena Sofia , localizado em Maceió (AL), assistiram à peça Small Island – uma adaptação do romance da escritora inglesa Andrea Levy.
O espetáculo é organizado pelo National Theatre de Londres, que lançou o projeto para disponibilizar, semanalmente, um título diferente de seus grandes sucessos em versões gravadas. De acordo com a coordenadora Isabella Galvão, a partir da experiência dessa Field Trip, os alunos expressaram suas reações por meio de pôsteres com comentários e avaliação da peça. “Essa foi uma oportunidade incrível para que os alunos pudessem mostrar suas expressões artísticas com foco na disciplina”.
Além do aprendizado, Isabela ressalta a importância do projeto virtual e das Field Trips pela própria valorização da arte, que ficou comprometida em virtude da pandemia. “O teatro é uma das mais importantes expressões artísticas e ainda auxilia o aluno em sua atuação efetiva no mundo. Não pode parar”.
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