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Pedagogia de TikTok vira tendência durante pandemia

10/12/2020 –

Quando, em março, as aulas foram suspensas devido à pandemia de Covid-19, o professor Thuann Wueslley Medeiros, que leciona para a 1ª série do Ensino Médio do Colégio Positivo – Joinville, sentiu que precisaria de mais do que apenas a criatividade para despertar o interesse dos alunos nas aulas on-line. Separados por algumas telas de distância, os estudantes tinham à disposição uma infinidade de opções mais atraentes que o conteúdo de Biologia, por mais dedicado que fosse o professor.

Para ganhar a atenção e, mais que isso, o interesse de sua plateia agora virtual, Medeiros foi buscar na tecnologia e nas redes sociais a inspiração para continuar ensinando os conteúdos em plataformas que os adolescentes já utilizam diariamente para o entretenimento. Com o celular na mão, passou a produzir alguns vídeos sobre biologia para o TikTok. “Hoje em dia chamar a atenção da garotada está se tornando cada vez mais difícil, por isso acredito que explorar as novas tecnologias é superimportante para chegar um pouco mais próximo dessa galera e da linguagem que eles estão acostumados a usar”, explica.

Com mais de dois mil seguidores na rede, o professor compartilha conhecimentos usando a estética de vídeo que conquistou os mais jovens por lá. O aplicativo, que tem mais de 100 milhões de usuários, é uma plataforma de vídeos curtos em que os desafios são muito populares.

TikTok para todas as idades

Mas ele não é o único que descobriu no TikTok uma maneira de manter o foco dos estudantes durante a quarentena. Luciane Denise Gualdezi trabalha com Educação Infantil no Colégio Positivo – Master, em Ponta Grossa. Não demorou para que ela entendesse que só teria a participação da turminha, na faixa dos cinco anos, se estivesse onde eles gostavam de estar. Assim, ela também aderiu à plataforma para abordar alguns conteúdos.

Foi com um desafio que a professora conseguiu um engajamento surpreendente da turma. “A aula era sobre óculos e, para ser mais atrativa, eu disse que seriam óculos mágicos. Coloquei os meus e mostrei que, com eles, eu podia estar em um reino de princesas, com os dinossauros ou no Egito antigo. Editei e passei para os alunos, que depois precisavam gravar um vídeo para me mostrar o que eles imaginavam com os óculos deles”, conta.

Outra adepta do TikTok é a professora Vanessa Antunes Marinho Rodrigues, que trabalha com o 1º ano no Colégio Positivo – Jardim Ambiental. “Quando trazemos ferramentas diferentes, proporcionamos uma ampliação da visão dos estudantes. Existem outras formas de vivenciar os conteúdos. Assim, a aula se torna mais atrativa, mais interessante e mais significativa”.

Simulação nível Harvard

Além do aplicativo mais comentado no momento, o professor Medeiros começou a trabalhar com os estudantes utilizando o Labster, uma plataforma on-line que simula situações de laboratório e é usada por instituições de renome internacional como o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e a Universidade de Harvard. “Como a disciplina conta com aulas práticas, foi interessante levar esse cenário virtual aos alunos. Por ser uma forma dinâmica e interativa de aprendizado, eles têm um desafio ainda maior”, explica o professor.

No Labster estão disponíveis conteúdos digitais não apenas da área da Biologia, mas também de Química, Física, Medicina e Engenharia. Dentro dos materiais de simulação da seção de Biologia estão mitose e meiose, hematologia e clonagem molecular. Dessa forma, os estudantes podem ter uma ideia melhor de como os processos biológicos acontecem, fixando o conteúdo com mais facilidade.

Luz, câmera, ação

Por sua vez, o professor Leonardo de Araujo, que leciona para crianças e adolescentes do sexto ao nono ano do Colégio Positivo, lançou mão de um recurso há muito utilizado pela indústria do cinema, o chroma key. De costas para um fundo verde, ele passou a dar aulas não mais na sala de casa, mas em ambientes tão diversos quanto uma caverna, o fundo do mar ou uma metrópole movimentada.

“Os recursos audiovisuais não servem apenas para um fim estético, mas para fazer o olho da criança brilhar enquanto ela está em casa. Servem para que ela se sinta em um ambiente de aprendizado, mesmo que isso saia do físico e vá para a imaginação”, avalia. Além de seu inseparável chroma key, Araujo também adquiriu uma mesa digitalizadora e, com ela, passou a desenhar durante as aulas.

Snap Camera

Sempre que Patricia Zettel começa uma aula, seus alunos do Infantil V do Colégio Positivo – Jardim Ambiental já ficam esperando para ver o que vai aparecer no rosto da professora. Desde que as aulas on-line começaram, ela passou a utilizar regularmente o Snap Camera, aplicativo dos mesmos criadores do Snapchat que permite a aplicação de filtros e outros recursos visuais. “Há alguns dias, eu estava dando uma aula sobre aracnídeos e aí coloquei uma aranha no meu rosto. As crianças acham o máximo, participam muito mais da aula”, conta.

Dedicada a encontrar formas lúdicas de desenvolver os conteúdos e, ao mesmo tempo, tornar mais leve este momento complexo para a Educação, Patricia também usa plataformas de jogos durante as aulas. Ela garante que, depois de um período de adaptação, hoje estão todos habituados a esses recursos. “Dependendo das brincadeiras, posso escutar os pais dando risada junto”, diverte-se.

Vinte mil léguas sem sair de casa

Ainda que, neste momento, levar sua turma fisicamente para outros lugares não seja possível, a professora Crisleine Nóbrega, que leciona para o 4º ano do Ensino Fundamental, partiu para uma abordagem interdisciplinar que conta com muita imaginação e uma boa pitada de tecnologia. “Eu monto roteiros de avião e consigo englobar muitos conteúdos. Por exemplo, vamos viajar pela tela para observar o relevo do Brasil, então vou colocando as imagens da planície, do planalto, das montanhas. Exploramos os sotaques, os biomas, a história de cada lugar”, explica.

De todas as experiências, uma conclusão é unanimidade: a pandemia possibilitou uma verdadeira revolução nas aulas desses professores, que agora garantem que vão continuar utilizando esses recursos mesmo depois que ela passar. “Ironicamente, a tecnologia está aí para deixar a aula mais humana”, completa o professor Leonardo.

Website: https://colegiopositivo.com.br/

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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