São Paulo, SP. 5/8/2020 – O impacto na qualidade de vida do paciente com anosmia, que é a perda total da capacidade de sentir cheiro, é significativo.
Um dos sintomas mais característicos da infecção pelo novo coronavírus é a perda do olfato e do paladar. Cerca de 90% dos pacientes com alteração desses sintomas devido à COVID-19 apresentam recuperação parcial ou total da capacidade de sentir cheiros e gostos após um mês da doença. Porém, em 10% dos casos* persiste a perda total do olfato e do paladar e, nestes casos, o dano pode ser irreversível.
De acordo com o presidente da Academia Brasileira de Rinologia, Dr. Fabrizio Ricci Romano, diferentemente de outros vírus respiratórios que acometem diretamente os neurônios, no caso da COVID-19 ocorre uma inflamação local no epitélio olfatório, comprometendo a chegada dos odores para o órgão responsável pela captação do olfato. “O impacto na qualidade de vida do paciente com anosmia, que é a perda total da capacidade de sentir cheiro, é significativo. Sem essa aptidão, a pessoa corre mais risco de acidentes domésticos, como não identificar o vazamento de gás de cozinha ou ingerir alguma comida estragada, isso sem contar a angústia por não conseguir apreciar o sabor dos alimentos, bem como a insegurança em questões de higiene por não sentir o cheiro do próprio corpo”, aponta o médico.
Segundo o especialista, existem testes específicos capazes de diagnosticar e quantificar a perda do olfato, auxiliando na decisão de isolamento social mesmo antes da realização dos testes específicos para a COVID-19. “Os testes de olfato permitem também um acompanhamento na evolução da capacidade de sentir cheiros após a recuperação da doença e são uma ferramenta importante para o médico prescrever um tratamento precoce, evitando assim sequelas olfatórias graves”, afirma o presidente da Academia Brasileira de Rinologia.
Dr. Fabrizio Romano revela que há vários tratamentos disponíveis para essa alteração. “Entre eles estão: o treinamento olfatório, prescrito e acompanhado por um otorrinolaringologista; o uso de medicações com efeito anti-inflamatório, de regeneração neuronal e vasodilatadores; e manobras para diminuir a percepção de odores distorcidos ou a sensação de odores desagradáveis continuamente”, pontua.
O médico ressalta que, antes de definir um método terapêutico, é essencial uma avaliação completa do nariz e do olfato para que o tratamento seja o mais correto e efetivo para cada paciente. “Caso a pessoa tenha perdido o olfato e/ou o paladar e não recuperou mesmo após estar curado da COVID-19, é indicado que ela procure por um otorrinolaringologista, que é o médico especialista responsável por tratar a dificuldade de sentir cheiros e gostos. Quanto mais cedo for iniciado o tratamento, maior a chance de sucesso”, finaliza Dr. Fabrizio Romano.
*Pesquisa em andamento, com mais de 650 pacientes, promovida pela Disciplina de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
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