O coordenador de pesquisa da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (DAPP-FGV), Amaro Grassi, afirmou que o uso de perfis falsos, também chamados de robôs, tem um grande impacto em assuntos políticos nas redes sociais. Ele foi um dos palestrantes do painel “De Olho nas Mídias Sociais: comportamento digital e monitoramento”. O debate foi promovido na tarde desta quinta-feira, 24, em Brasília.
Grassi citou uma pesquisa da FGV DAPP que identificou, no auge do segundo turno da campanha presidencial de 2014, a atuação de redes de robôs para divulgar no Twitter conteúdo a favor dos candidatos. Segundo a pesquisa, 20% das menções no período foram de robôs. O estudo apurou fortes indícios de que uma parte dos perfis automatizados foi criada a partir da Rússia. A greve geral, convocada por setores da oposição em abril do ano passado, também foi objeto de pesquisa da FGV. De acordo com Grassi, o uso de robôs foi identificado em 22% das mensagens a favor da greve e em 18% das mensagens contrárias.
“O uso de robôs alcança todos os espectros políticos. É uma prática hoje muito comum e fácil de ser exercida”, argumentou o pesquisador da FGV.
Além do uso de perfis falsos, Amaro Grassi apontou como características do comportamento digital hoje a divulgação de conteúdos falsos (fake news), a prática de ataques coordenados, as interferências externas e a polarização política, entre outras. Para enfrentar a desinformação, principalmente no aspecto político, Grassi disse que a competência e o preparo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pode ser muito importante. A colaboração das empresas proprietárias das redes sociais, o trabalho dos centros de pesquisas e as conferências das agências de checagem de fatos também ajudam na qualidade da informação nas redes sociais, segundo o coordenador.
O diretor-executivo do Instituto Brasileiro de Pesquisas e Análise de Dados (IBpad), Max Stabile, registrou que o monitoramento digital é importante para saber o que a sociedade pensa sobre determinado assunto. De acordo com Stabile, o monitoramento tem se tornado complexo, pois, com as redes sociais, “todo mundo pode falar”. Ele lembrou que há diversos limites na pesquisa, desde recursos tecnológicos até aspectos legais.
Stabile apontou que o Twitter é a mídia mais monitorada. Whatsapp e Facebook têm dados fechados, dificultando as pesquisas. Para o diretor, a pesquisa e o debate são importantes para confirmar se o que é colhido em uma rede social é de fato o que a população pensa. Ele disse que cerca de 3 milhões de brasileiros usam o Twitter, a maioria de jovens escolarizados e politizados ou profissionais da comunicação.
O painel foi realizado dentro do seminário O Legislativo e as Mídias Sociais, no auditório Petrônio Portella. O objetivo do Senado é contribuir para a consciência ética e para a reflexão sobre a importância das mídias sociais. Além disso, visa a atualização do Parlamento frente às novas demandas de divulgação do trabalho legislativo. O seminário foi encerrado na manhã desta sexta, 25.
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