Um relatório divulgado na última quinta-feira, 13, pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) mostrou que, pelo terceiro ano consecutivo, o número de jornalistas encarcerados por causa de seu trabalho ultrapassa 250. O relatório é publicado desde 1990. O número de profissionais presos em 2018, 251, é semelhante às marcas de 2017 (262, o recorde histórico) e 2016 (259).
Turquia (68), China (47) e Egito (25) são os países onde estão mais da metade dos aprisionados em todo o mundo pelo terceiro ano consecutivo. A Arábia Saudita, em evidência após o assassinato do jornalista e colunista crítico ao regime saudita Jamal Khasoggi, também encontra-se entre os destaques negativos. No país árabe, ao menos 16 comunicadores presos. A Eritreia, também com 16 jornalistas atrás das grades, completa o top 5 do relatório.
A revista americana TIME escolheu recentemente jornalistas como “Pessoa do Ano” de 2018. Além de Khasoggi, os jornalistas Wa Lone e Kyan Soe Oo, presos em Mianmar, estão entre os homenageados. Os correspondentes da agência Reuters foram condenados a sete anos de prisão, acusados de violar a Lei de Segredos Oficiais, durante a investigação de um massacre de muçulmanos rohingyas.
Na América Latina, a Venezuela de Nicolás Maduro encabeça o ranking. Por lá, são três jornalistas encarcerados. O Brasil também aparece no relatório. Isso devido à prisão por difamação do jornalista esportivo Paulo Cezar de Andrade Prado, responsável pelo Blog do Paulinho.
A maioria dos detidos (70%) está enfrentando acusações de agir contra o Estado. Há argumentação de pertencer ou ajudar grupos considerados terroristas pelas autoridades. Um dos destaques do relatório é o número de presos acusados de difundir “notícias falsas”. O indicador relativo ao tema subiu de nove em 2016 para 28 no último levantamento. Para o CPJ, o aumento coincide com uma retórica global crescente sobre “notícias falsas”. Para o estudo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é a principal voz nesse sentido.
Do total de encarcerados, 33 (cerca de 13% do total) são do sexo feminino. O número superior ao registrado em 2017, quando as jornalistas presas representavam 8%. Profissionais freelancers representam 30% do total de presos, número semelhante ao encontrado em anos anteriores.
A lista considera os que estavam encarcerados às 12h01 de 1º de dezembro, não incluindo os jornalistas presos e libertados ao longo do ano. O censo inclui somente os profissionais encarcerados sob custódia do governo e não contabiliza os desaparecidos ou mantidos em cativeiro por atores não estatais.
O CPJ define como jornalistas as pessoas que cobrem as notícias ou comentam assuntos de interesse público em qualquer mídia, incluindo impressos, fotografias, rádio, televisão e online. Somente os casos em que a organização pôde confirmar relação entre a prisão e o exercício da atividade profissional são considerados.
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Por Rafael Oliveira.
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