Em 2012, a edição francesa da badalada revista Grazia fez um cálculo curioso: “mediu” o cachê de Gisele Bündchen por metro de passarela e chegou ao resultado de U$ 450 mil. Não, você não leu errado. Segundo a publicação, cada metro percorrido pela top num desfile há cinco anos valia absurdos quatrocentos e cinquenta mil dólares. Ano passado, foi a vez da Forbes divulgar que Bündchen mantinha a liderança do ranking das modelos femininas mais bem paga do mundo, com rendimentos anuais na esfera dos U$ 30,5 milhões e fortuna pessoal avaliada em cerca de U$ 500 milhões. Detalhe: a übermodel lidera a lista há 15 anos e, em 2015, se aposentou das passarelas.
Gisele Bündchen, Neymar, Barack Obama, Papa Francisco, Madonna. O que torna alguns indivíduos tão influentes (e valiosos) em suas esferas de atuação?
Personal Branding, darling!
Trocando em miúdos, é arte de criar, desenvolver e potencializar a marca pessoal, elevando o próprio “valor de mercado” e consolidando o elemento que é mais caro no universo das marcas: a reputação.
A übermodel, o Menino da Vila, o Primeiro Presidente Negro da América, o Papa Carismático e a Rainha do Pop, com o suporte, claro, de staffs competentes, são peritos nesse ramo.
É preciso, então, virar atleta, político, líder religioso ou celebridade para ter destaque, prestígio e ser bem-sucedido?
Não.
Você é a sua marca. Cada um dos atuais 7,4 bilhões de indivíduos da Terra é uma “narrativa”. Uma história contada por um “título” e uma “imagem”.
Ficou confuso?
Okay. Vamos por partes:
Segundo o estrategista de branding e autor de “Você®, Marca Pessoal” (Editora Saraiva), Roberto Álvarez Del Blanco, “cada pessoa é uma marca representada por seu nome e por sua aparência, além de uma série de características associadas a esses dois elementos: personalidade, interesses, atividades, amizades, família, qualidades, capacidades e profissão. Todas essas propriedades afetam a percepção e influenciam as relações do indivíduo”, pontua.
Ainda de acordo com Del Blanco, a marca pessoal é um resumo de tudo o que o indivíduo fez, está realizando e produzirá no futuro. “As pessoas de maior destaque são as que criam valor e logo disseminam no trabalho, nos relacionamentos e na sociedade em geral. Do mesmo modo que as empresas de renome, a marca pessoal pode se converter em um veículo que afirme a identidade, ilumine capacidades e firme uma reputação, coisas que despertam reações e associações positivas nas demais pessoas”, diz.
Tá, mas… como criar, desenvolver e potencializar a própria marca pessoal?
É fundamental, em primeiro lugar, autoconhecimento. “E vivenciar as contradições, realizar grandes mudanças por etapas, experimentar novos papéis, conhecer pessoas que sejam aquilo que você almeja ser, refletir periodicamente e estabelecer novas relações. Construir a identidade da marca pessoal requer imperativos estratégicos e táticos que gerem significado”, acrescenta Roberto Álvarez Del Blanco.
O especialista elenca seis etapas essenciais no processo:
1 – Busque caminhos diferentes. Tome decisões e aprenda com os resultados. Cada passo deve lançar as bases para o próximo;
2 – Ao invés de criar um único “eu”, estabeleça vários “eus” que deseja pôr à prova e potencializar. A reflexão é muito importante, embora não deva se transformar em obstáculo à mudança;
3 – Permita certas oscilações no período de “transição” – onde se encontra para onde quer chegar. É melhor viver as contradições do que tomar uma decisão prematura. O enriquecimento da identidade acarreta mudanças, dúvidas e incertezas. Passar do velho ao novo leva tempo;
4 – Resista à tentação de tomar uma grande decisão que mudará tudo num piscar de olhos. Use uma estratégia de pequenos sucessos preliminares para orientar as transformações mais profundas. É melhor e mais interessante do que mudar de uma vez só;
5 – Identifique projetos que permitam pôr em prática o seu novo estilo. Aproveite as oportunidades para testar seriamente valores, preferências e singularidades.
6 – Gerencie a sua vida e transforme-a numa experiência única.
Planejadora de metas, disciplinada, controladora da sua imagem e gestora do próprio valor. Essas são algumas características pouco conhecidas de Gisele Bündchen, que provou não ser apenas um rosto bonito.
“Jamais quero ser uma daquelas meninas que, aos 30 anos, tudo o que sabem fazer é desfilar. Quero olhar para trás e ver que fiz o melhor entre os meus 14 e 26 anos. Mas, depois disso, iniciei um novo capítulo. Há pessoas que desfilam para ir a festas e para ganhar notoriedade. E há pessoas como eu. Vim de uma família simples. Ser modelo, para mim, é uma chance de ganhar dinheiro e criar negócios”, disse a top, aos 24 anos, à norte-americana Vanity Fair.
Alguém duvida que ela conseguiu?