Uma nova pesquisa conduzida pelo Growth Lab de Harvard encontrou uma conexão direta entre as viagens de negócios de um país e o crescimento de novas indústrias, além de indicarem também o progresso daquelas empresas já existentes.
As descobertas que foram publicadas na revista Nature Human Behaviour, apoiam a hipótese do Growth Lab de que a movimentação do conhecimento é fundamental para o crescimento econômico, e as viagens de negócios desempenham um papel fundamental nesse processo. A pesquisa também levanta novas preocupações sobre as implicações econômicas das restrições de viagens internacionais impostas durante o período mais acentuado da COVID-19.
Os pesquisadores Michele Coscia e Frank Neffke, juntamente com o diretor do Growth Lab, Ricardo Hausmann, usaram informações anônimas de transações fornecidas pela Mastercard para mapear o fluxo de viagens de negócios globais. Por meio dessa rede, eles criaram um Índice de Conhecimento que classifica os países sob o ponto de vista de entrada e saída de “conhecimentos”. Alemanha, Canadá, EUA, Reino Unido e Coreia são as principais fontes destes tais fluxos de conhecimento, enquanto Áustria, Irlanda, Suíça, Dinamarca e Bélgica receberam a maior parte do conhecimento.
A equipe criou uma visualização interativa que mostra os efeitos do desaparecimento de viajantes de negócios originários de um país específico. Por exemplo, se os empresários alemães parassem de viajar, a pesquisa estima que Áustria, África do Sul, Suíça, Nigéria, República Tcheca e Turquia seriam os mais afetados, e o PIB global diminuiria 4,8%.
De acordo com Hausmann, o mundo está se beneficiando enormemente ao mobilizar o know-how nos cérebros por meio de viagens de negócios. Um desligamento permanente deste canal provavelmente implicaria uma perda de dois dígitos no PIB global”.
A pesquisa também sugere que as viagens de negócios representam outra divisão de desenvolvimento. “Os obstáculos às viagens de negócios, como sistemas complicados para obtenção de vistos e conexões aéreas longas, dificultam a mobilidade e, assim, restringem o acesso ao conhecimento, limitando as oportunidades de crescimento, especialmente em países em desenvolvimento”, disse Frank Neffke, diretor de pesquisa do Growth Lab.
De acordo com Ricardo Mendonça, Diretor Geral da Next Seguro-Viagem, empresa paulistana dedicada à comercialização de seguro-viagem, “ao lidar diariamente com viajantes corporativos que partem para diversos destinos mundiais, percebemos claramente que a economia cresce em determinadas localidades de modo proporcional à movimentação dos profissionais que seguem em roteiros de negócio nestas regiões. Muitas vezes chegamos a nos perguntar se a movimentação é resultado de uma economia pujante ou se a movimentação produz a referida aceleração econômica. Pesquisas como essa nos dão uma resposta importante sobre esta questão, reafirmando a essencial importância do investimento em viagens corporativas, do intercâmbio tecnológico, do investimento em estudo e pesquisa sem fronteiras”.
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