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Pesquisa INAC revela que 54% dos eleitores dizem ter vivenciado compra de votos

O Instituto Não Aceito Corrupção (INAC), organização nacional sem fins econômicos de âmbito nacional fundada em 2015, que atua no âmbito da pesquisa científica, política pública anticorrupção, mobilização da sociedade e educação traz a público a segunda edição da pesquisa inédita referente às práticas corruptas e sua mensuração, fruto do trabalho do núcleo de pesquisas científicas do INAC, coordenado pela professora Rita Biason, integrado também por Maria Tereza Sadek, Agatha Paraventi, Kleber Carrilho, André Aquino e Roberto Livianu. O INAC é presidido por Roberto Livianu, procurador de justiça criminal do Ministério Público de São Paulo.

Objetivo

O objetivo estratégico desta pesquisa, a ser aplicada sempre em anos de eleições, é aumentar a conscientização em relação ao problema da corrupção nos eleitores ao definirem seus votos, escolhendo representantes efetivamente comprometidos com a transparência, integridade e com a jornada anticorrupção. Influenciá-los no sentido de terem responsabilidade social em suas escolhas, tendo em vista as graves implicações decorrentes da corrupção. O desenvolvimento dos questionários parametrizadores da pesquisa ocorreu ao longo do ano de 2023 até os primeiros meses de 2024, sendo sua aplicação fruto de parceria pro bono com a Ágora Pesquisa a quem o INAC externa sua pública gratidão.

Corrupção é a 8ª preocupação do brasileiro

Ao questionar sobre os problemas prioritários em suas vidas, os entrevistados apontam na média a corrupção em oitavo lugar dentre doze opções com apenas 6% de prioridade na média. Os primeiros lugares são ocupados por saúde (20%), educação (17%) e segurança (15%).

Dados da pesquisa

A pesquisa abordou as práticas corruptas e sua aceitação pela sociedade brasileira em ano eleitoral. Entrevistas pessoais foram realizadas entre 23 de março a 28 de maio com 2026 eleitores de 16 a 75 anos, com representatividade nacional, em todos os estados brasileiros.

A aceitação da corrupção

A pesquisa procurou medir a aceitação da corrupção, listando várias práticas corruptas e outras ilegalidades conexas, num total de 20, devendo-se destacar no extremo da aceitação pelos entrevistados duas condutas: a mais aceitável delas a do indivíduo que oferece dinheiro para não ser multado por violação do trânsito em situação de dificuldade (5,2 pontos sendo o máximo de 7) e a segunda com 3,2 pontos a oferta de alimentos a policiais em padarias como cortesia com a óbvia velada espera pela retribuição de proteção.

Rachadinha, funcionário fantasma e compra de voto geram repúdio

No extremo oposto das condutas inaceitáveis, que geram repúdio, destaque para três delas: funcionário fantasma – ser admitido formalmente como agente público, mas não trabalhar de fato (1,2 pontos), a chamada rachadinha – ser admitido como agente público. Eventualmente trabalhar ou não, com a condição de dividir os vencimentos com o agente público que o contratou (1,4). Ambas são hipóteses de crime de peculato. E a corrupção eleitoral praticada por candidatos e seus cabos eleitorais que compram votos (1,7).

Indagados, num universo de 21 irregularidades, se os entrevistados já as tinham vivenciado. 52% afirmaram que sim de alguma forma e a irregularidade que mais apareceu com 34% foi a prática do crime de peculato, representada pelas hipóteses do funcionário fantasma e rachadinha. Merecem destaque ainda em quarto lugar com 7% o nepotismo (contratação irregular de parentes para atuar na administração pública) e em sexto com 5% a corrupção eleitoral (venda de votos), tão relevante em ano de eleições municipais.

Troca de voto por dinheiro

Ao perguntar, se seria do conhecimento dos entrevistados se nos últimos 10 anos algum candidato ou cabo eleitoral teria oferecido algo pelo voto de alguém e qual seria o valor. 54% responderam afirmativamente. Na região Norte o percentual sobe para 72% e no Nordeste para 65%. No Sul, cai para 41%, patamar ainda considerável. Ao perguntarmos sobre a troca do voto por dinheiro, o índice pula de 54% para 62%. O valor médio mais alto pelo qual se vende o voto é no Sul por pouco mais de R$ 142,00 e o mais baixo no Nordeste (R$ 124,00).

A maioria desconhece os canais de denúncia

Por fim, mas não menos importante, ao questionar sobre canais de denúncia, apenas 20% dos entrevistados responderam que conhecem e que funcionam. Do universo restante, ou não se conhece, ou se conhece ou são conhecidos, mas se acredita não funcionarem ou se sabe que existem genericamente sem saber quais são. Ou seja, muito trabalho a fazer e muitas propostas a apresentar por futuros prefeitos e vereadores no âmbito do controle interno nas eleições de outubro.

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