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Pesquisa inédita revela como o racismo e a intolerância contra mulheres negras dominaram as redes sociais brasileiras

São Paulo, SP 20/11/2020 – As redes sociais permitem que discursos racistas se espalhem ampla e instantaneamente no ambiente online e ecoem por até três anos após a publicação do post.

Com os diversos protestos Black Lives Matters em pleno andamento ao redor do mundo, após a trágica morte de George Floyd nos Estados Unidos, um estudo recente traz resultados surpreendentes, mostrando que o racismo continua profundamente arraigado na sociedade brasileira e, além disso, tomou conta das plataformas de redes sociais.

No livro intitulado ‘No Laughing Matter: Race Joking and Resistance in Brazilian Social Media’, Luiz Valério P. Trindade (doutor em sociologia pela University of Southampton na Inglaterra) examina as principais motivações ideológicas e o significado de piadas racistas nas redes sociais direcionadas sobretudo contra mulheres negras em ascensão social. Em uma tradução livre, o título seria ‘Não é tão engraçado assim: Piadas racistas e resistência nas redes sociais brasileiras’.

Trindade argumenta que “o humor depreciativo circulando nas redes sociais descortina ideologias coloniais ainda muito impregnadas na sociedade brasileira contemporânea”. Estas ideologias, argumenta o autor, “mantêm e naturalizam uma série de privilégios simbólicos associados à branquitude enquanto deslegitimam a mobilidade social ascendente das mulheres negras”.

As plataformas de redes sociais oferecem a essas pessoas um mecanismo poderoso para disseminarem discursos de ódio e atraírem inúmeros seguidores para se engajarem na disseminação dessa retórica racista. Além disso, “as redes sociais permitem que discursos racistas se espalhem ampla e instantaneamente no ambiente online e ecoem por até três anos após a publicação do post”. A consequência deste fenômeno, diz Trindade, é a amplificação dos impactos negativos de tais discursos depreciativos na vida das vítimas.

Além disso, o livro destaca também as principais narrativas e estratégias discursivas antirracistas promovidas principalmente por mulheres negras nas redes sociais. Neste sentido, o autor afirma que “a crescente aceitação e valorização do cabelo afro parece representar um dos mais fortes símbolos de resistência e empoderamento utilizado por mulheres negras para desconstruírem ideologias preconceituosas”. Isso porque, segundo Trindade, muito mais do que uma transição estética, este movimento carrega um forte simbolismo político por parte das mulheres negras, o qual lhes permite “se posicionarem mais firmemente na sociedade de classes e transmitir uma estética negra renovada e mais valorizada”.

Este livro é resultado de seis anos de pesquisa sociológica e é de grande interesse não somente para estudantes, acadêmicos e pesquisadores de ciências sociais e humanas, mas igualmente para líderes de organizações não governamentais, defensores dos direitos humanos, legisladores e educadores.

Por enquanto, o livro está disponível somente em inglês. Contudo, Trindade acredita que “dada a relevância e contemporaneidade do tema abordado, é possível que no futuro próximo a obra possa despertar o interesse de editores brasileiros para trabalharmos em uma tradução”.

Website: https://vernonpress.com/book/861

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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