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Pesquisa revela redescobrimento das artes manuais durante a quarentena

São Paulo, SP 5/6/2020 – Quando você escolhe colocar sua atenção numa prática manual, você encontra um refúgio e consegue entrar num estado em que está totalmente imerso naquilo

Como reagiram os artesãos e artistas brasileiros durante a pandemia? O que fizeram os pequenos armarinhos, que jamais usaram a internet para impulsionar as vendas e tiveram que fechar as portas? 

Para entender o comportamento de consumo desse público e tentar encontrar solução para seus 542 expositores parceiros, a WR São Paulo, realizadora da Mega Artesanal, a maior feira de produtos e técnicas para arte, artesanato e artes manuais da América Latina, levantou estas e outras perguntas e agora traz a público o resultado das entrevistas. 

METODOLOGIA

No período de 12 e 14 de maio de 2020, a WR São Paulo aplicou um questionário a 70 pessoas – todos expositores de alguma feira que a empresa realizou ou realizará em 2020 nas cidades de São Paulo, Olinda e Porto Alegre: Patch & Arte São Paulo, Brazil Patchwork & Scrapbooking Show, Artesanal Nordeste, Artesanal Sul e Mega Artesanal. Vale destacar que os expositores não necessariamente residem nestas cidades. 

No total, foram 52 questionários válidos, preenchidos por empresários, desde grandes nomes da indústria e do comércio de insumos, aos menores empresários. 

A WR São Paulo sempre foi um grande motor deste segmento. Atua há 28 anos no mercado e tem média de cinco feiras anuais reunindo fabricantes, lojistas, ateliês e artesãos apresentando tudo para quem faz ou gosta de artes manuais e artesanato. “Com três das cinco feiras adiadas para o fim do ano, incluindo a Mega Artesanal, que em 2019 recebeu 124 mil visitantes e 400 expositores, a WR compreendeu a sensibilidade do momento para os empresários do setor e se abriu para diversos tipos de renegociações de contratos, além de realizar esta pesquisa para ajudar seus parceiros a terem melhor visão do cenário atual”, explica Rita Mazzotti, diretora da WR São Paulo.

RAIO-X

Os números apontados na pesquisa mostram que, inicialmente, os consumidores que ainda não tinham bastante estoque fizeram uma corrida inicial, com compras únicas de grande volume para estocar matéria-prima em casa, e depois puseram-se a produzir. 

As máscaras lideraram a lista dos itens mais produzidos. Quem tinha elástico em estoque, os viu desaparecer. Divertidas, lisas, com pregas, sem costura, de personagens, para crianças… o item de proteção pessoal ganhou uma variedade sem fim. Elas começaram a ser feitas tanto como hobby como para conseguir uma renda extra. 

Vídeos de como fazer máscaras e muitos outros itens explodiram no YouTube, como é o caso do artista plástico Marcelo Darghan, que trabalha há 30 anos dando aulas de artesanato e viu seu canal aumentar 30%, tanto em seguidores quanto em engajamento, e bater mais de 120 mil inscritos. “Houve ainda uma mudança na audiência. Apareceram pessoas mais jovens, profissionais de outras áreas, além de muitos iniciantes, tirando dúvidas básicas, querendo aprender novas atividades”, explica Marcelo. “Percebi ainda um aumento considerável na audiência de homens, o que é um pouco fora do habitual”, completa. 

As entrevistas levantaram também que as compras, apesar de mais volumosas, se concentraram em itens de menor valor, como é o caso dos materiais para fazer amigurumis (bonecos em crochê ou tricô) por exemplo. 

ONDE VENDERAM

Com a obrigatoriedade do fechamento das lojas físicas, quem já vendia online (72,5%), concentrou esforços para direcionar os consumidores para o site, mas também abriu a possibilidade de vendas por e-mail, WhatsApp e telefone, antes ainda indisponíveis. A flexibilidade permitiu um impacto negativo menor no faturamento com relação ao ano anterior.  

Quem ainda não tinha familiaridade com o digital, correu para as redes sociais e as vendas, em geral, finalizaram via WhatsApp. 

REDESCOBERTA

A empresária Sônia Savério sempre fez trabalhos manuais por hobby. Por conta da diminuição da quantidade de trabalho na quarentena, comprou algumas linhas novas, tirou a poeira das que estavam no baú e já fez mais de 15 bonecos de amigurumi nos últimos 45 dias. “É minha terapia. Ajuda a me concentrar numa única coisa, esquecer um pouco dos problemas que a pandemia está trazendo e produzir essas belezinhas para mim, para presentear e até pra minha filha que é médica, está trabalhando e não posso ver”, conta. 

E a ciência comprova os benefícios do fazer manual durante momentos como a pandemia. De acordo com a médica Roberta Ribeiro, formada pela Unifesp e qualificada em Mindfulness pela Medical School da Universidade de Massachusetts, focar a atenção numa tarefa como o artesanato é tão benéfico quanto meditar. “Quando você consome as notícias neste período, no geral, a sensação que gera é de medo, insegurança e ansiedade. Ao passo que quando você escolhe colocar sua atenção numa prática manual, você encontra um refúgio e consegue entrar num estado em que está totalmente imerso naquilo, caracterizado por um sentimento de total envolvimento e sucesso no processo – que é o que o psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi chama de estado de flow. É um autocuidado e um fortalecimento de si mesmo”, explica Roberta.

Sobre a WR São Paulo – Especializada na promoção e organização de feiras e congressos, nacionais e internacionais, iniciou suas atividades em 1992, com a realização de eventos para o setor florestal. Em 2003, entrou no setor de arte, artesanato e artes manuais e, desde então, responde pela realização das principais feiras do setor, com ênfase na oferta de cursos, oficinas e workshops para capacitação e reciclagem de técnicas e de espaços de inspiração, com exposições, simulações de ambientes, instalações etc.

Website: https://www.wrsaopaulo.com.br/

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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