Policial ameaça fotógrafos com arma de fogo durante protesto

Os fotógrafos André Coelho e Joedson Alves, do jornal O Globo e da agência EFE, respectivamente, foram alvos de violência da polícia durante manifestação realizada na quarta-feira, 24, em Brasília. Em reportagem para o site do jornal global, o profissional narrou em primeira pessoa como foi ameaçado por um policial que carregava arma de fogo em punho.

Segundo relato do repórter, ele está acostumado a acompanhar manifestações. Na ocasião, ele estava na cobertura com equipamento de segurança que inclui máscara e capacete. “Desde os primeiros momentos havia um clima de que o ato poderia desandar. Mas não imaginava que descambaria para o vandalismo, nem que a Polícia Militar perderia o controle. E que seria ao mesmo tempo testemunha e vítima”, disse.

Durante o ato, os dois fotógrafos perceberam que um grupo de policiais militares havia sacado suas pistolas e apontado para os manifestantes. Quando se aproximarem para fotografar a cena, um dos policiais se aproximou de Coelho com a arma em punho. De onde estava, Joedson registrou a abordagem.

“Ao perceber que o PM vinha armado na minha direção, só me restou gritar: Sou jornalista, sou jornalista!”, narrou o profissional do jornal O Globo. “Não adiantou muito. Ele respondeu se aproximando e dando um disparo em direção ao chão, perto de mim. Não satisfeito, me chutou. Atingiu minha perna. Ainda fora do controle, o policial partiu para cima de Joedson dando um tapa na câmera dele”.

Apesar da agressão, o repórter continuou fotografando e filmando a ação da polícia que disparou também na direção dos manifestantes. Depois, seguiu para o gramado central da Esplanada dos Ministérios, onde uma pessoa foi atingida por um disparo. “Ainda consegui filmar um homem que sangrava que poderia ser a vítima. Não tenho como dizer de onde partiu a bala que atingiu aquele senhor. Mas já há registro suficiente para o caso ser apurado”, finalizou Coelho.

Investigação

Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Edval Novaes informou que a agressão do policial militar contra os fotógrafos será investigada pelo órgão. “É inaceitável o que aconteceu. Mas os policiais já foram ouvidos no inquérito que foi aberto”, declarou.

Segundo o secretário, os dois policiais que foram flagrados, em vídeo registrado pelo repórter André Coelho, atirando em manifestantes já foram ouvidos em depoimento.  Ele não soube dizer, no entanto, se os agentes foram afastados das atividades na rua.

Novaes ressaltou, ainda, que a orientação dada aos policiais é nunca agredir ou atirar contra manifestantes e que em mais 150 manifestações na Esplanada dos Ministérios, no último ano, não houve registro de tiros de policiais do DF.

“Não há orientação para os policiais atirarem. Esses policiais não eram da tropa de choque, que estava no meio da Esplanada. Tinham três mil policiais na manifestação”, ressaltou Novaes.

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