Apesar de ser o quinto maior gerador de resíduos eletrônicos do planeta, o Brasil ainda caminha a passos lentos no caminho da correta destinação e reciclagem deste tipo de lixo. De acordo com a pesquisa “Resíduos Eletrônicos no Brasil 2021”, realizada pela Green Eletron em parceria com a Radar Pesquisas, apenas 3% do total de resíduos são descartados corretamente no país.
Além disso, ainda de acordo com o levantamento, o tema não foi adequadamente trabalhado junto à população. A maior parte dos brasileiros (87%) já ouviu falar em lixo eletrônico, mas um terço (33%) crê que ele esteja relacionado ao meio digital, como spam, e-mails, fotos ou arquivos. Outros 42% dos brasileiros pensam que lixo eletrônico são aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos quebrados. E somente 3% acreditam que são todos os aparelhos que já viraram lixo, ou seja, apenas os que foram descartados – ainda que de forma incorreta.
A conscientização da população, necessariamente aliada junto a ações práticas, neste sentido, são de fundamental importância e exemplos de atividades que vão ao encontro desse propósito já podem ser notadas. Uma delas partiu da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), que entre os dias 20 e 23 de setembro, promoveu, por meio da Facom (Faculdade de Computação), em Campo Grande, a “Semana de Arrecadação de Lixo Eletrônico”.
Outras ações, ademais, têm sido levadas a cabo em cidades brasileiras dos mais diversos portes. De acordo com a Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos, em relatório divulgado recentemente, já estão instalados Centros de Logística Reversa em 24 capitais do país, bem como quase 3,7 mil pontos de recebimento espalhados pelo Brasil, estando presente em mais de 1,2 mil municípios brasileiros.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, foram recebidas cerca de 1,2 mil toneladas de resíduos eletroeletrônicos e eletrodomésticos em 2021, uma quantidade 75 vezes maior do que a registrada nos três anos anteriores.
Conscientização e ação prática
Hélcio Pinto, gerente de unidade da Advantech Brasil, ressalta os dados de uma pesquisa realizada pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa ao Consumidor), que indica que 32% dos consumidores brasileiros afirmaram não saber como dar um fim de forma correta ao lixo eletrônico, ao passo que outros 31% disseram sentir falta de informações orientativas para isto.
Para ele, a forma de conscientização da população sobre o descarte correto de resíduos eletrônicos deve partir da informação à comunidade a respeito da importância da destinação adequada para estes equipamentos, além da disponibilização de condições e meios para que a população possa descartar esse resíduo eletrônico de forma correta. Dessa forma, pontua, “ações como as desenvolvidas pela UFMS ajudam na conscientização da população, exemplificando a necessidade do descarte correto e disponibilizando área para o recebimento e futuro descarte desses resíduos”.
A facilitação ao acesso a locais de descarte e o incentivo à participação da população por meio de ações dos próprios fabricantes, de startups, de escolas e universidades, além de ONGs, para Pinto, “são as chaves para melhorar as taxas de descarte e reciclagem no Brasil”.
Outra opção, para o executivo, seria implantar soluções com tecnologia IoT (Internet das Coisas), como por exemplo, ações realizadas com máquinas de coleta e reciclagem que realizam monitoramento em tempo real, permitindo que empresas possam ver o status das máquinas de coletas, tornando o processo mais eficiente e incentivando mais pessoas a reciclar. “Uma ideia também seria incentivar através de cupons de descontos pelo descarte correto”, pontua.
Pinto elenca alguns pontos que fabricantes, empresas, governos e consumidores devem se atentar, como: desenvolvimento e aquisição de produtos com práticas de redução de impacto ambiental; implementação de processo de manufatura reversa; eliminação do uso de substâncias nocivas que requerem tratamentos complexos e custosos no processo produtivo; impulsionamento do consumo de produtos que possuam características ambientalmente mais sustentáveis; responsabilização à fabricantes, importadores, comércio, recicladores e poder público, por meio de instrumentos de controle, de forma a fidelizar a participação desses membros na gestão correta dos eletroeletrônicos pós-consumo.
Por fim, Edmar Azevedo, supervisor de unidade da Advantech Brasil, complementa que, cientes de que lixo eletrônico e suas embalagens podem prejudicar o meio ambiente, os fabricantes e empresas também “precisam começar a implementar Políticas Integrada da Qualidade e Gestão Ambiental, com recomendações de boas práticas ambientais quanto ao descarte adequado de cada produto”, disponibilizando tais recomendações aos clientes e partes interessadas. “Uma ação simples que pode ser feita para estimular o descarte consciente de resíduos eletrônicos no Brasil”, conclui.
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