Marcelo Espinoza – Agência AL*
Em uma cerimônia que durou mais de duas horas, os torcedores da Chapecoense se despediram no sábado, 3, dos jogadores, membros da comissão técnica, dirigentes e jornalistas que morreram no acidente aéreo ocorrido na Colômbia, na terça-feira, 29 de novembro. A chuva e a emoção não deram trégua a quem acompanhou o velório coletivo na Arena Condá, estádio onde a Chapecoense viveu tantas alegrias.
As duas aeronaves Hércules que transportaram os 50 corpos até Chapecó (SC) chegaram ao aeroporto Serafim Bertaso por volta das 9h40. Ainda no local, foram retirados um a um e, após passarem pela guarda de honra, foram recebidos pelo presidente Michel Temer, pelo governador Raimundo Colombo e pelo prefeito de Chapecó, Luciano Buligon. Temer, que em princípio ficaria apenas no aeroporto, acompanhou o velório no estádio.
Por volta das 12h20, os primeiros caixões adentraram à Arena Condá, onde torcedores, familiares e amigos aguardavam. Foi difícil segurar as lágrimas diante dos caixões que entraram um a um, recepcionados por lanceiros do Exército. Primeiro, entraram os jogadores, seguidos dos membros da comissão técnica, diretoria e jornalistas. Ao lado do prefeito Buligon, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Gelson Merisio (PSD), recebia os corpos.
Não faltaram discursos. Em todos, o agradecimento ao povo da Colômbia pela demonstração de solidariedade com os chapecoenses. Luciano Buligon vestiu uma camisa do Atlético Nacional, que seria adversário da Chapecoense na final da Copa Sul-americana. Dirigentes do clube colombiano receberam placas de agradecimento, assim como o embaixador da Colômbia no Brasil, Alejandro Borba.
“A Chapecoense veio para Medellín com um sonho e voltou como uma lenda. Lendas não morrem, lendas deixam para nós heranças de uma administração transparente, futebol feito de um jeito antigo”, disse o prefeito.
O papa Francisco encaminhou mensagem, lida pelo bispo de Chapecó, dom Odelir José Magri. O apresentador Cid Moreira leu trechos da Bíblia em homenagem às vítimas. O presidente da Fifa, Gianni Infantino, foi econômico e preciso em seu rápido discurso. Lembrou que aquele era um momento para consolar as famílias. Ele veio ao Brasil acompanhado de craques como o zagueiro espanhol Puyol e o meia holandês Seedorf. O técnico da seleção brasileira de futebol, Tite, também marcou presença.
Foram vários os momentos tocantes durante a cerimônia. O menino Carlos Miguel, vestido de indiozinho, mascote da Chapecoense, chamou a torcida para cantar “Vamos, Vamos Chape!”, quando a cerimônia já se encaminhava para o final, marcado, também pela reunião dos familiares das vítimas no centro do gramado, cada um com a imagem do ente querido, em agradecimento aos torcedores.
Colaboradores da Chapecoense também puderam prestar sua homenagem. Vestidos com camisetas estampadas com os nomes das vítimas, eles soltaram balões brancos no céu, à medida que o nome de cada homenageado era citado pelo serviço de som da arena.
Após o término das homenagens, que contaram ainda com salva de tiros e toque de silêncio, os caixões foram retirados, novamente um a um. Dos 50 corpos, 16 foram sepultados em Chapecó. Os demais foram levados para suas cidades de origem.
*Texto publicado originalmente no site agenciaal.alesc.sc.gov.br.
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