Toda pessoa que exerce uma função remunerada pode estar exposta a riscos, sejam eles físicos, psicológicos, químicos, biológicos ou ergonômicos. Além de acidentes de trabalho, que envolvem a segurança do colaborador, ainda existe a possibilidade de desenvolver doenças ocupacionais, como o Burnout, assunto que esteve em evidência no último ano.
O adoecimento mental é um dos principais diagnósticos de trabalhadores em risco. No segundo semestre de 2022 a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) elaboraram diretrizes e estratégias, relativas à saúde mental no trabalho, solicitando ações concretas por parte das empresas em prol da população trabalhadora.
A OMS e a OIT estimam que, anualmente, 12 milhões de dias de trabalho são perdidos devido a transtornos de depressão e ansiedade. No Brasil, o cenário vai de encontro aos dados mundiais: o país conta com a maior população ansiosa do mundo, cerca de 9,3%. Além disso, 86% dos brasileiros ainda sofrem com algum outro transtorno psicológico.
Falta de atenção, dificuldade em ter uma boa noite de sono, oscilações de humor, episódios de irritabilidade, altos índices de absenteísmo e acidentes de trabalho podem ser sinais de alerta de que algo não vai muito bem com a saúde mental do trabalhador. Mesmo assim, muitos profissionais não têm acesso ao suporte para a manutenção de sua saúde emocional.
Para Nayara Teixeira, diretora de Produto e Operações da MAPA, empresa especializada em avaliações psicológicas para times de RH, existem fatores principais que contribuem para a deterioração da saúde mental de um colaborador no ambiente laboral. “As cobranças excessivas, a desorganização, a falta de benefícios e o medo da demissão são pontos de extrema atenção. Isso pode trazer, além de consequências diretas para o trabalhador, prejuízos para a empresa”, afirma.
A diretora ainda reitera que “um profissional com a saúde mental prejudicada pode apresentar dificuldade para executar suas atividades, interferir em suas relações interpessoais e pode ter a resistência física abalada, ocasionando no aumento de acidentes e adoecimento ocupacional”.
Falta de investimento na saúde mental gera prejuízos
Apesar da importância do tratamento e o impacto direto que a saúde mental dos trabalhadores pode ter no ambiente de trabalho, ainda há resistência das empresas no investimento em avaliações psicológicas, ações de saúde mental e medidas de proteção de acidentes.
Essa relutância das organizações quanto a ações para prevenir doenças mentais em seus colaboradores pode gerar custos onerosos. A OMS e a OIT estimam que transtornos, como ansiedade e depressão, custam à economia global US$ 1 trilhão em produtividade perdida anualmente.
Levando em consideração o panorama mundial, o investimento em ações com foco na saúde mental podem evitar danos e prejuízos às organizações, seja no âmbito das finanças, na reputação da empresa, entre outros.
De acordo com a Harvard Business Review, o ROI (retorno sobre o investimento) em saúde mental é de R$ 3,68 para a empresa como um todo, podendo chegar a R$ 6,30 nos cargos de gestão. Ou seja: para cada R$ 1,00 investido, a empresa pode esperar o retorno de R$ 3,68. Esse cálculo indica que cuidar da saúde mental no ambiente de trabalho pode influenciar diretamente nos resultados obtidos por uma organização.
“Ações que ofereçam desenvolvimento, autoconhecimento profissional e contato a serviços voltados para a saúde mental, dentro do contexto de trabalho, podem trazer ganhos tanto para os trabalhadores como para as empresas, como aumento da produtividade, melhor clima organizacional e redução de danos”, evidencia a diretora da MAPA.
Diagnóstico Organizacional
Investir em ações, programas e protocolos para lidar com a saúde mental dos profissionais pode ser uma ação estratégica, considerando que o bem-estar da equipe é um recurso tão importante quanto qualquer outro.
Nesse sentido, Nayara pontua que um diagnóstico baseado em instrumentos e métodos validados cientificamente permite a estruturação de dados para entendimento de pessoas no contexto do trabalho. “Uma boa opção é rever o perfil das contratações por meio da avaliação psicológica, criar uma boa cultura organizacional e, enfim, trabalhar para solucionar problemas estruturais”, complementa.
O diagnóstico organizacional é uma das ferramentas utilizadas pelo setor de Recursos Humanos para investigar pontos fortes e de melhorias em uma empresa. Em outras palavras, ele tem o objetivo de analisar o que está funcionando bem e o que precisa de melhores ações dentro da organização para ter processos mais eficientes, maior produtividade e resultados.
“Com esses diagnósticos, a organização consegue buscar soluções estratégicas que minimizem os riscos. Além disso, possibilita ao colaborador um processo de autoconhecimento para que se obtenha satisfação e qualidade de vida no ambiente de trabalho”, finaliza Nayara.
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