Imprensa Mahon: “precisamos de mais mulheres em cargos de liderança”

A representação feminina no mercado audiovisual, em todo o mundo, ainda é muito desproporcional. No Brasil, apesar de as mulheres representarem mais de 50% da população, estudo da Ancine, coordenado pela atual presidente da Agência Debora Ivanov, mostra que das 2.583 obras audiovisuais registradas em 2016 apenas 17% foram dirigidas e 21% roteirizadas por mulheres. Para piorar este quadro, pesquisa publicada em 2014 pelo Instituto Gemma aponta que no Brasil menos de 1% das mulheres diretoras são negras.

Malu Andrade, uma das criadoras do grupo “Mulheres do audiovisual Brasil“, afirmou em entrevista à Imprensa Mahon: “Estamos muito mal representada no mercado de forma geral, como mostram os números que a Ancine apresentou. A quantidade de mulheres que atuaram na direção de fotografia é uma coisa ridícula, apenas 8% de mulheres”.

Foi pensando nessa falta de representatividade que Malu Andrade reuniu, no final de 2015, cerca de 30 mulheres profissionais que atuam no setor do audiovisual para discutir as dificuldades enfrentados por elas no mercado. A reunião que duraria duas horas foi enorme, e diante da consciência do tamanho dos problemas que enfrentavam criaram o grupo no Facebook “Mulheres do audiovisual Brasil”, que hoje possuiu mais de 14 mil mulheres inscritas que discutem de assédio moral à legislação, além de criarem projetos e de incentivarem a construção de redes locais e de redes setoriais.

A partir do grupo as mulheres foram se conectando, e outros grupos e coletivos surgiram ou se fortaleceram com a entrada de outras mulheres que ficaram sabendo da existência deles pelas postagem no “Mulheres do audiovisual Brasil”: O coletivo “Elvira”, de críticas de cinema; o “Grupo Mulheres do Audiovisual PE; o “Grupo Mulheres do Audiovisual BA”; o “FIMA – Fórum Interseccional de Mulheres do Audiovisual”, voltado para festivais; o coletivo “YVY – Mulheres da Imagem”, das diretoras de fotografia; o “Grupo de Mulheres da Pós Produção”; e o “Grupo de Mulheres roteiristas”, uma demanda de dentro da associação de roteiristas.

“Sempre me questionam sobre a abertura de uma associação das Mulheres do audiovisual Brasil, mas para mim não faz sentido, a pauta é transversal e não única para todas. Muito melhor mulheres tomarem cargos de lideranças em suas associações ou se juntarem em grupos regionais, as demandas e interesses são muito diversos. A pauta das roteiristas pode ser diametralmente oposta a de produtoras executivas, por exemplo. Tem produtora que é 100% mercado, outras que são mais fomento. Ter mulheres em posições como as de Silva Rabelo e de Sonia Santana nos sindicatos; a de Georgia Araújo no conselho da BRAVI; a de Eliana Russi na ABRAGAMES; e o óbvio e o fundamental é ter Débora Ivanov na Presidência da Ancine”, afirma Malu.

Apenas com mais mulheres em cargos de liderança, com equidade de gênero nos editais e nos festivais, e com a articulação das mulheres dos diferentes setores do audiovisual que os problemas de representatividade e de assédio moral começarão a ser superados no Brasil.

Compartilhe
0
0
Krishna Mahon

Graduada em jornalismo e cinema, com curso de extensão em ficção científica pela Universidade de Michigan (EUA) e bagagem considerável pelo meio televisivo - meio em que atua há mais de 20 anos. Atualmente, é apresentadora da Band e do SexPrivé. Já passou por Rede Minas, Discovery, Mixer Films. De 2010 a maio de 2018, fez parte da equipe da A&E Television, onde já foi produtora executiva e respondeu como diretora de conteúdo original dos quatro canais da empresa: History, A&E, Lifetime e H2. Agora, traz para o Portal Comunique-se a "Imprensa Mahon", projeto que está no ar no YouTube desde 2016.

Recent Posts

Innovation Squad: programa leva novas soluções para empresas

Com objetivo de alocar equipes em outros negócios de forma a compreender a realidade da…

15 horas ago

Empreendedoras são maioria em serviços, comércio e indústria

Pesquisa indica percentual de mulheres à frente dos negócios e revela participação feminina como maioria.…

15 horas ago

ADI 5322 altera regras de trabalho dos caminhoneiros

O Plenário do STF julgou a ADI 5322 em junho de 2023; advogado comenta as…

15 horas ago

Mudança na Lei dos Caminhoneiros pode impactar regra laboral

ADI 5322 altera diretriz que excluía o tempo de espera para carga e descarga do…

15 horas ago

Despedidas: sepultamento e cremação possuem diferenças

Especialista do Grupo Riopae evidencia as principais diferenças entre os dois métodos de despedida e…

15 horas ago

INSS: afastamento por saúde mental cresce 38% em um ano

Levantamento do Ministério da Previdência Social indicou crescimento no número de benefícios concedidos pelo Instituto…

15 horas ago