Joice Hasselmann X Reinaldo Azevedo: sobre a briga judicial entre a ex-apresentadora da TVeja e do colunista de Veja, Jovem Pan, Folha de S. Paulo e Rede TV
Em fevereiro de 2017, publiquei que a youtuber e ex-apresentadora da TVeja, Joice Hasselmann, foi vítima de “machismo explícito” do colunista de política Reinaldo Azevedo. Na época, a apresentadora anunciou que abriria um processo judicial contra Reinaldo, principalmente por seu vídeo de 24 minutos em que ele apela a baixarias e chama a colega de “burra”. O jornalista fala impropérios sobretudo por Joice ser uma mulher na cobertura do meio político.
E ainda complementa que, para Joice, “dormir com pessoas não nos deixa mais inteligentes, nem que seja Schopenhauer”. Em diferentes momentos do vídeo, Reinaldo diz que Joice Hasselmann é muito “visual”, que suas opiniões são “xucras” e também a chama de “grosseira”. O ataque não se limita ao debate de ideias, mas sim ao famoso ad hominem – expressão em latim que Reinaldo Azevedo adora usar em textos e significa “ataque às pessoas”, e não aos ideais que defendem.
Pois bem. Este colunista teve acesso a fontes – que estão acompanhando o processo judicial – próximas a Joice Hasselmann. Ela entrou com uma ação por calúnia e difamação contra três envolvidos.
O primeiro é o próprio Reinaldo Azevedo, pessoa física. Além dele, Joice está processando a rádio Jovem Pan, que permitiu a gravação do vídeo de 24 minutos, e a revista Veja, que permitiu o prolongamento dos ataques de Reinaldo em texto. Antes de acionar a Pan, Joice Hasselmann entrou em contato com o empresário Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, dono da emissora. Ele teria se comprometido a publicar um direito de resposta da youtuber no mês de abril para evitar o envolvimento da rádio, o que não aconteceu.
Agora, Joice Hasselmann deve levar em frente seu processo contra os dois veículos de comunicação e Reinaldo Azevedo, sobretudo pelos ataques que foram dirigidos a sua pessoa – enquadrando nos chamados “crimes contra a honra”. Joice e Reinaldo foram colegas de programa na Veja por mais de um ano, de agosto de 2014 a novembro de 2015.
O incrível no processo em si é a própria omissão dos veículos de comunicação. Não tenho nenhuma afinidade ideológica com Joice Hasselmann – sou de esquerda e ela é parte da direita que inclusive vê Jair Bolsonaro como seu representante. Somos adversários politicamente.
Mas nada disso tira o fato de que um colunista de política, que ainda pensa que é o maior do Brasil, a agrediu em vídeo por ela ser mulher, sem manter o mínimo de decoro ou respeito.
*Texto publicado originalmente na plataforma Storia.