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Projeto Hora do Conto promove acessibilidade com histórias em Libras

Goiânia, GO 27/4/2020 – As narrativas nos constituem enquanto pessoas, nos espelhamos nas histórias passadas e por meio delas fazemos projeções para o futuro

Será realizada até o dia 19 de junho a Hora do Conto, projeto de extensão desenvolvido originalmente na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás (UFG). O projeto teve início em 2012 e perdura até os dias atuais, composto por professores, intérpretes de libras, alunos e a comunidade em geral. Esses encontros agora ganham sua versão online, com 8 histórias durante 2 semanas, que serão contadas em Libras (Língua Brasileira de Sinais) e em Português, simultaneamente. Para assisti-los e conferir a programação completa, basta acessar www.ahoradoconto.com.br e se inscrever.

As atividades durarão aproximadamente meia hora. No fim de cada história, é aberta uma conversa informal sobre os temas abordados. As apresentações são feitas prioritariamente pelas professoras e intérpretes de libras, mas o público que prestigia o projeto na versão presencial é incentivado a participar e a contar também outras histórias. As narrativas abrangem o universo dos contos tradicionais de origem europeia, assim como lendas indígenas e contos afro-brasileiros. Os encontros presenciais que sempre aconteciam às terças-feiras, às 18 horas, voltarão com o retorno às aulas.

Origem                                                         

O projeto foi inicialmente concebido pela escritora e professora de literatura do curso de Licenciatura em Letras com Habilitação em Libras da Faculdade de Letras da UFG, Sueli Maria de Regino. Hoje é coordenado pela fonoaudióloga e linguista Alessandra Campos, também docente na instituição. “Trabalhando com leitura e escrita de diferentes textos, a professora Sueli constatou que alguns alunos surdos não conseguiam entender certos elementos do texto, como a noção temporal”, explica Campos, e as dificuldades desses alunos se deviam à falta de exposição à leitura de textos da tradição popular.

Pensando nisso, Sueli Maria de Regino idealizou o projeto, com o propósito de oferecer aos alunos surdos e ouvintes o contato com histórias e, por meio delas, trabalhar a leitura e a escrita, em especial, dos surdos. “Para Sueli contar as histórias em português oral, era necessário que alguém as traduzisse para a libras, e eu me ofereci de imediato”, relata Alessandra. Hoje, também participam da iniciativa a tradutora para libras Mariá de Rezende, a contadora de histórias e professora Taísa de Carvalho, o produtor visual Benelzo Batista e o diretor da empresa de comunicação online Mostraê, Pablo Regino.

Biblioteca

No início do projeto, eram apresentados apenas os contos dos Irmãos Grimm, depois as docentes procuraram abranger também contos indígenas e afro-brasileiros, além de outros solicitados pelos próprios alunos. Passados cinco anos, a professora Sueli ganhou um prêmio da Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc) com a Hora do Conto. A premiação possibilitou a criação da biblioteca infanto-juvenil virtual chamada Bibliolibras, que contém contos em libras, português oral e escrito, garantindo o acesso a essas histórias para crianças surdas e cegas, além do público em geral. A Bibliolibras pode ser acessada gratuitamente pelo link www.bibliolibras.com.br.

Importância

            Mariá de Rezende, tradutora na Hora do Conto e no programa semanal A Hora do Conto da TV UFG, afirma que a libras é fundamental para que a população surda tenha igualdade social. “Se todos colaborarem para a valorização dessa língua, os surdos poderão se sentir mais respeitados e acolhidos”, opina Rezende. Além disso, a profissional avalia que contar histórias é uma forma de conexão com os outros e consigo mesmo. A coordenadora Alessandra completa que “as histórias nos constituem enquanto pessoas, nos espelhamos no passado e por meio delas fazemos projeções para o futuro”.

Mariá relata que, após a interpretação de um conto, percebe que as pessoas se lembram de fatos de suas próprias famílias e de problemas da sociedade. “Na maioria das histórias há sofrimento, mas há superação e vitória”, atesta a tradutora. Rezende conta que recebe depoimentos dos participantes surdos sobre as dificuldades enfrentadas pela diferença linguística, e da conquista que é conseguir viver em um mundo feito para ouvintes. “A barreira da comunicação é a principal dificuldade do sujeito surdo desde criança, mesmo na convivência com o seu primeiro grupo social, que é a família”, conta.

Acessibilidade

Rezende interpreta para o projeto desde 2014, e tenta fazer a tradução para Libras com o equivalente da língua portuguesa. Ademais, ela busca enfatizar a emoção e a lição que o conto passa em português, para que os surdos, ao assistir as histórias, tenham a mesma leitura que os ouvintes. “Estudo imagens de contextos da época do respectivo conto, para estimular a imaginação do leitor. Por exemplo, quando é mencionado um caçador, utilizo um artefato que o caracterize”, explica a intérprete. Ela faz o mesmo com a vestimenta, a arquitetura e demais objetos e cenários que sejam descritos no texto.

A professora Campos diz que a equipe busca garantir a acessibilidade linguística das pessoas que prestigiam os encontros, surdos e ouvintes. “Tentamos proporcionar um ambiente intimista, onde as pessoas se sintam à vontade para se manifestar”, relata. “Temos lindas histórias que colecionamos durante esses anos de trabalho, que são as devolutivas das pessoas que frequentam nossos encontros”, acrescenta. Dentre essas, estão as de surdos que se emocionam por não conhecerem as narrativas, mães surdas que as aprendem para contá-las para seus filhos e alunos ouvintes que aprendem para contar aos pais surdos.

 

ACESSO GRATUITO

Hora do Conto
Programação, inscrições e mais informações em https://www.ahoradoconto.com.br/

Bibliolibras – Biblioteca Bilíngue de Literatura Infantil e Juvenil (Libras e Português)

Acesso ao acervo, informações sobre o projeto e mais em http://www.bibliolibras.com.br/

Website: http://www.ahoradoconto.com.br

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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