Campo Grande, MS 21/5/2021 – Se cada um fizer a sua parte, atuando como executor e fiscalizador, estaremos cada vez mais próximos do Brasil que queremos.
Promover um sistema penal que garanta a ressocialização dos presos, a partir do ensino e da profissionalização, preparando-os para a vida e o trabalho após o cumprimento da pena. Este é um dos principais desafios da administração penitenciária no Brasil, mas em Dourados (MS), em pelo menos uma unidade, esta já é uma realidade. No Presídio Semiaberto Feminino, o cultivo de uma horta orgânica transforma o trabalho na unidade desde 2012, quando a direção decidiu aproveitar um terreno ocioso na vizinhança. Nove anos depois, o trabalho deu certo e transformou a vida das mulheres que passam pela unidade – promovendo não somente a profissionalização, mas gerando autonomia e independência e fazendo-as acreditar em um futuro longe do crime. “O maior resultado está nos baixíssimos índices de reincidência destas mulheres”, destaca a diretora Luzia Ferreira.
A história de sucesso no Semiaberto Feminino de Dourados é uma prova de que todas as pessoas, independentemente de onde moram e da área onde atuam, podem fazer a sua parte para transformar a realidade onde vivem, contribuindo para um país melhor para todos. Esta história inspirou uma comunidade em Dourados a seguir o exemplo para gerar mais que ocupação às famílias carentes, mas alimentos saudáveis e prevenir que jovens e adultos zelem pelo seu bairro, como conta o presidente do PSL em Dourados, Mauro Thronicke. “Conseguimos com a igreja uma área para o plantio e uma empresa ajudará com os insumos. As detentas vão repassar o conhecimento aos moradores para o cultivo da horta”, explica Mauro.
Essa iniciativa já é parte do programa Brasil Certo, que orienta mulheres sobre como participar da política de forma responsável, defendendo seus direitos, fiscalizando recursos públicos, mobilizando a comunidade e se comunicando de forma eficiente nas redes sociais.
Lançado em março, em Dourados, pela senadora Soraya Thronicke, presidente nacional do PSL Mulher, o Brasil Certo tem como objetivo formar e contar a história de mulheres que transformaram a realidade local ao sair do papel de espectadora e fazer a sua parte. “O Brasil Certo é isso, mostrar para as mulheres brasileiras que é possível ser agente de transformação, começando pelo local onde vivem. Se cada um fizer a sua parte, atuando como executor e fiscalizador, estaremos cada vez mais próximos do Brasil que queremos”, avalia a senadora.
A história de Luzia Ferreira não começa agora. Não é uma ação isolada. Começa há 26 anos, quando a pedagoga decidiu atuar no serviço penitenciário. Especializada em Tratamento Penal e Administração Penitenciária, viu no seu trabalho a possibilidade de transformar vidas e promover a redução na criminalidade. “Meu trabalho não é julgar, é atuar para que estas mulheres não voltem para o crime. A sociedade precisa entender que este é um trabalho sério, e não estamos passando a mão na cabeça de ninguém. Pelo contrário. Nossa função é fazer com que estas mulheres acreditem em si mesmas e saiam daqui preparadas para um futuro onde não dependam do crime para sobreviver”, destaca a diretora.
Em 2012, um ano depois de assumir o Semiaberto Feminino, veio a ideia de aproveitar um terreno ocioso, que ficava nos fundos da unidade. Com autorização da Justiça e do proprietário, o entulho do local foi retirado e deu lugar à terra e esterco, que seriam transformados em hortas. Com orientação de mestrandos do curso de Agronomia da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), a horta 100% orgânica deu certo e hoje é vendida para toda a comunidade. Além de atuar como uma chance de profissionalização, o trabalho também serve como remissão de pena – a cada três dias de trabalho, um dia mais próximo de voltar para casa.
“No início, pensamos que era somente pela remissão de pena. Mas depois percebemos o quanto este trabalho poderia ser uma chance de sobrevivência para estas mulheres”, explica Luzia Ferreira. “Aqui elas aprendem a trabalhar e desenvolvem a autonomia. Elas acreditam que podem continuar sozinhas lá fora, e tudo isto acontece com muita sutileza. É uma esperança de uma vida melhor e longe do crime”, acrescenta.
A capacidade de produção na horta é de 7 mil pés, incluindo alface, rúcula, cebolinha, salsinha, gengibre e almeirão. Lá, elas também aprendem sobre ornamentação e plantas medicinais, além de produção de artesanato como toalhas em pedrarias, macramê, pintura em tecido, perucas de cabelo natural, crochê e bordados. Fazem pão, suco-verde, sabão de álcool e cultivam orquídeas. “É um espaço de resistência e aprendizado. Todas têm a chance de trabalhar conforme suas habilidades, destacando o potencial de cada uma.”
O semiaberto Feminino de Dourados conta com uma rotatividade média de 46 mulheres. Hoje, por conta da pandemia, boa parte está em prisão domiciliar, mas o trabalho continua com 14 mulheres que permanecem na unidade. A expectativa, segundo a diretora, é retomar o trabalho em sua totalidade, assim que a situação permitir. “Tudo isso começou quando eu decidi trabalhar no sistema penitenciário há quase três décadas. Foi uma escolha e se pudesse voltar atrás, faria tudo de novo. Este trabalho também fez a diferença na minha casa, na coordenação de minha própria família”, garante Luzia Ferreira.
Brasil Certo
O Brasil Certo quer incentivar a cidadania responsável, em busca de soluções definitivas para os problemas verificados em cidades de todo o País. O projeto foi idealizado pela senadora e presidente do PSL Mulher, Soraya Thronicke. Além de casos de mulheres inspiradoras, o projeto vai levar mais de 50 cursos on-line. A proposta é orientar as mulheres sobre como participar da política de forma responsável, defender seus direitos, fiscalizar recursos públicos, mobilizar a comunidade e se comunicar de forma eficaz nas redes sociais. Para saber mais, acesse: www.brasilcerto.com.br.
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