Em propaganda política veiculada em rede nacional na noite de quinta-feira, 17, o PSDB fez críticas ao governo de Michel Temer, do qual faz parte com quatro ministros, e defendeu mudanças no sistema político nacional. Determinada parte do vídeo, o locutor afirma que o país tem um presidente “com grandes dificuldades para governar e unir os brasileiros”.
O PSDB comanda quatro ministérios no governo Temer: Relações Exteriores (Aloysio Nunes), Cidades (Bruno Araújo), Direitos Humanos (Luislinda Valois) e Secretaria de Governo (Antonio Imbassahy). Porém, desde a votação da Câmara que analisou a denúncia contra o presidente, é evidente que a legenda está dividida em relação ao apoio ao Palácio do Planalto. Dos 47 deputados do partido, 21 votaram contra o relatório que recomendou a rejeição da denúncia; 22 parlamentares votaram a favor do presidente (contra o prosseguimento da denúncia); e 4 se ausentaram da sessão, o que, na prática, ajudou o governo.
No vídeo de 10 minutos, o partido declara que errou ao aceitar como natural a “troca de favores individuais e vantagens pessoais em detrimento da verdadeira necessidade do cidadão brasileiro”, fazendo autocrítica defendida pela ala da legenda descontente com escândalos de corrupção envolvendo filiados.
Apesar de a propaganda não citar nomes, o PSDB possui 11 parlamentares investigados na Lava Jato ou em desdobramentos da operação. Entre eles, o presidente licenciado da legenda, senador Aécio Neves (MG). “Temos que revisar nossos erros, temos que nos conectar com as pessoas. Erramos cada vez que cedemos ao jogo da velha política”, diz trecho da produção.
O PSDB também aproveitou o espaço para criticar o atual sistema de governo e defender que seja adotado o modelo do parlamentarismo. O partido avalia que o presidencialismo de coalizão ficou antigo, ganhou vícios e que, apesar de ter funcionado no passado, se transformou em “presidencialismo de cooptação”.
“Presidencialismo de cooptação é quando um presidente tem que governar negociando individualmente com políticos ou com partidos que só querem vantagens pessoais e não pensam no país. Uma hora apoia, outra não. E, quando apoia, cobra caro”, diz a locução.
Ao defender o parlamentarismo, os tucanos resgatam os ideais presentes no manifesto de criação do partido, de 1988. Neste sistema político, o governo fica sob o comando do primeiro-ministro, que precisa formar maioria no parlamento. A figura do presidente continua existindo, mas exclusivamente para a função de chefe de Estado, de caráter mais formal e com menos poder nas decisões políticas.
“No caso de uma crise política, ou por falta de apoio, de um grande problema econômico, ou corrupção, o presidente tem o poder de dissolver todo o parlamento e convocar novas eleições”, diz o vídeo em tom explicativo. “Ou todo mundo trabalha junto para o mesmo programa ou todo mundo cai fora junto”.
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