Em depoimento em Nova York, delator afirma que empresa comprava direitos de transmissão mais barato e vendia com valor alto para a TV Globo
A TV Globo foi mais uma vez citada por delator em depoimento prestado no Tribunal Federal do Brooklyn, em Nova York. De acordo com as informações do Globoesporte.com, o ex-funcionário da empresa argentina Torneos y Competencias (TyC), José Eladio Rodrigues, contou que pagou propina aos ex-presidentes da CBF, José Maria Marin e Ricardo Teixeira, e ao atual detentor do cargo, Marco Polo Del Nero. Ele deu detalhes sobre o esquema e explicou que a empresa TyC comprava os direitos de transmissão dos campeonatos da Conmebol barato e revendia mais caro para a emissora brasileira, sendo que a diferença era usada para pagar propina.
José Eladio Rodrigues revelou que Marin e Del Nero receberam juntos US$ 4,8 milhões em propina entre 2013 e 2014 pelas negociações da Taça Libertadores e da Copa América. O esquema funcionava assim: A T&T Cayman vendia os direitos para a T&T Holanda com preço mais baixo. Em seguida, os direitos eram repassados para a TV Globo pelo T&T Holanda com valores maiores. “Foi uma companhia criada para vender direitos da Libertadores para a TV Globo. E usava fundos para pagar subornos”, contou o executivo argentino quando questionado se tinha conhecimento da existência da companhia T&T Holanda.
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O Grupo Globo, em nota, afirma que “comprou em boa fé os direitos da Copa Libertadores da empresa T&T Holanda, então detentora dos direitos. O Grupo Globo está surpreso com as alegações feitas no julgamento de que aquela empresa era usada para o pagamento de propinas a terceiros e reafirma que não tolera nem paga propinas”.
O delator cita Ricardo Teixeira ao ser questionado pelo promotor sobre as propinas pagas especificamente a dirigentes brasileiros. Ele também fala sobre Marin e Del Nero e afirmou que “eles estavam sempre juntos”. Só pela Libertadores, por exemplo, Marin e Del Nero receberam juntos a quantia de US$ 900 mil.
Ao Globoesporte.com, Ricardo Teixeira diz que nunca se sentou “para negociar contrato algum da Conmebol. Era presidente da CBF: então, eu tratava de seleção, amistosos e Copa do Brasil. Libertadores, Copa América… era tudo com Grondona, Leoz e Figueredo. Isso tudo é mentira”.
Marco Polo del Nero, por meio de sua defesa, “nega, com indignação, que tivesse conhecimento de qualquer esquema de corrupção supostamente existente no âmbito das entidades do futebol mencionadas. As investigações levadas a efeito naquele país não apontaram qualquer prova de recebimento de vantagens de qualquer natureza por parte do atual presidente da CBF. Igualmente, o que fica claro é que os contratos sob suspeita não foram por ele assinados nem correspondem ao período de sua gestão na presidência da CBF. Esclarece, ainda, que jamais foi membro do Comitê Executivo da Conmebol, mostrando-se também falsa essa informação.