O Partido dos Trabalhadores (PT) solicitou ao Ministério Público que investigue a Rede Globo, com base nos depoimentos do empresário argentino Alejandro Burzaco à corte de Nova Iorque. O executivo mencionou a emissora brasileira ao falar sobre pagamentos de propinas de US$ 15 milhões a dirigentes da Confederação Brasileira de Futebol, da Conmebol e da Fifa.A ilegalidade estaria relacionada a compra de direitos de transmissão de eventos esportivos.
“O Partido dos Trabalhadores decidiu apresentar à Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, Representação Criminal para que seja apurada oficialmente a notícia de que a Rede Globo praticou crimes em série, valendo-se de empresas e bancos em paraísos fiscais, para obter vantagens ilícitas na compra de direitos de transmissão de torneios internacionais de futebol”, diz o comunicado do partido.
Ainda segundo o anúncio do PT, Burzaco citou nomes, valores, locais de encontro e contratos referentes aos pagamentos. O “escândalo da FIFA” – como está sendo chamado o caso – está sendo investigado judicialmente em países como Estados Unidos, Suíça e França. Com base nisso, o partido critica que o mesmo não esteja acontecendo no Braisil.
Há uma semana o site BuzzFeed News divulgou reportagem sobre o depoimento do delator do “escândalo da Fifa”, o empresário argentino Alejandro Burzaco, à Justiça norte-americana. O executivo acusou empresas de mídia de pagar propinas em negociações para obter direitos de transmissão de torneios como a Libertadores da América e a Copa Sulamericana. As duas competições são organizadas pela Confederação Sulamericana de Futebol (CSF ou Conmebol).
Com foco à menção a TV Globo, o conteúdo do BuzzFeed News atentava ao suposto pagamento de propina por parte do canal. A linha fina garantia ser a “primeira vez que a maior empresa de mídia brasileira é citada no caso”. No texto, foi afirmado que um ex-diretor da emissora mantinha “relação próxima” com Ricardo Teixeira, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Ainda segundo a matéria assinada por Ken Bensinger e Alexandre Aragão, o ex-executivo da TV Globo citado pelo delator é Marcelo Campos Pinto. Segundo Buzarco, o então diretor da emissora teria acertado o pagamento de propina durante um jantar realizado em 2012,na Argentina.
O encontro teria contado, ainda, com as presenças de José Maria Marin e Marco Polo Del Nero, respectivamente, ex e atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Segundo a acusação, os dois dirigentes brasileiros seriam os beneficiários do pagamento fraudulento. Buzarco afirmou, ainda, que o esquema já existia, mas Ricardo Teixeira era o destinatário.
Em comunicado veiculado durante a apresentação do ‘Jornal Nacional’, a Globo repercutiu o depoimento de Alejandro Burzaco e se defendeu da acusação de pagamento de propina. O canal reforçou que “não tolera” esse tipo de infrações e exibiu trecho do diálogo do delator com o promotor norte-americano Samuel Nitze.
Na conversa, Burzaco cita outras seis empresas de mídia: Fox Sports, Televisa, Media Pro (Espanha), Full Play (Argentina), Traffic e Grupo Clarín (Argentina). O delator garantiu que o Clarín foi o único da lista a não pagar propina.
Além disso, a TV Globo informou que Burzaco não deu detalhes da acusação contra a empresa. O canal disse em nota que realizou investigação interna para apurar o caso que está na mira nas autoridades dos Estados Unidos. Segundo o próprio veículo, nada de irregular foi constatado.
Escândalo da Fifa: furo do BuzzFeed faz TV Globo se defender em pleno ‘Jornal Nacional’
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