São Paulo – SP 12/5/2021 –
As abordagens médicas integrativas são um recurso de saúde que vem ganhando atenção no mundo todo. As terapias integrativas passaram a ser reconhecidas como tratamento eficaz desde 2006, através da OMS, Organização Mundial da Saúde. Dados disponibilizados pela agência mostram que, dos 179 países membros, 98 já desenvolvem políticas nacionais e 109 lançaram regulamentação específica sobre esse tipo de abordagem.
Para o médico psiquiatra Cyro Masci, que atua com essa forma de tratamento, a denominação ‘integrativa’ é uma evolução de outras abordagens. Para o médico, “muitas terapias não convencionais eram denominadas ‘alternativas’, o que indicava uma escolha entre elas. Com o tempo, passaram a ser chamadas de ‘complementares’, o que sugere relação de superioridade ou preferência. A tendência atual é denominar de ‘medicina integrativa’, já que o objetivo, como o nome sugere, é integrar, agregar forças entre a abordagem convencional, e várias práticas não convencionais, desde que exista segurança e evidências científicas para seu uso”, esclarece.
O especialista explica que um diferencial da abordagem integrativa é o modelo centrado no paciente. “Um dos objetivos é realizar uma avaliação detalhada e individualizada, incluindo fatores socioculturais, estado de nutrição, enfoque preventivo e uma visão psicossomática das enfermidades”.
Abaixo, Masci destaca alguns aspectos que, em sua visão, diferenciam essa abordagem:
Modalidades de tratamento integradas
Segundo Cyro Masci, “essa é a própria origem da expressão ‘medicina integrativa’ e também a ‘psiquiatria integrativa’. É buscar o melhor das técnicas de diagnóstico e terapias convencionais e combinar com estratégias alternativas, desde que ofereçam segurança e evidências científicas. Essas formas de tratamento podem utilizar fitoterapia, medicamentos homeopatizados, nutrientes ou várias técnicas corporais, para dar alguns exemplos”.
Bem-estar pode se contrapor com outros sintomas
Cyro explica que a meta final da abordagem integrativa não deveria ser apenas a ausência de enfermidade, mas também buscar o bem-estar mental. “Não é suficiente, por exemplo, ‘não se sentir deprimido’ ou ‘não padecer de ansiedade’, embora essas sejam metas muito desejáveis e imprescindíveis. É possível e desejável buscar o bem estar pleno, a felicidade, a realização e a alegria na vida cotidiana”, diz.
Além disso, segundo Masci, “o ideal é abordar não apenas os sintomas, mas tentar compreender sua origem, além do contexto em que se manifestam. Pergunta-se, por exemplo, por que surgiu essa ansiedade ou depressão? Houve influência da genética? Quais hábitos de vida, alimentação ou experiências de vida tem importância no desenvolvimento do transtorno emocional? Esses são alguns dos fatores que devem ser compreendidos e tratados.”
Masci explica que a individualização do tratamento é sempre desejável, já que “nem todas as mentes ou corpos funcionam da mesma forma, todos nós temos diferenças que nos tornam únicos, e assim as diversas formas de tratamento podem ecoar essas diferenças. Sempre que possível, as preferências e hábitos individuais devem ser um fator crucial na escolha das estratégias de tratamento.”
O psiquiatra ainda acentua que todos nós temos um poder de cura inato. “Nosso estado natural é ser saudável, não doente. Inquietação, infelicidade, medo, fadiga ou outro desconforto são exemplos de obstáculos que pedem remoção para que se retorne ao estado de saúde e bem-estar”, explica Cyro Masci.
Por fim, o médico destaca que a abordagem integrativa não é uma rejeição do tratamento padrão, e nem é uma forma de medicina sem limites, articulada em pseudociência. Pelo contrário, o objetivo é aplicar, com rigor, a ciência na escolha dos métodos não convencionais.
Cyro Masci é médico psiquiatra, atua em São Paulo utilizando a abordagem integrativa, conciliando a medicina tradicional com várias formas de tratamento não convencionais.
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