De acordo com as delações dos publicitários João Santana e Mônica Moura, os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff tinham conhecimento sobre o caixa 2 usado para pagar o marketing das campanhas presidenciais.
O casal reafirmou o que já haviam dito ao juiz Federal Sérgio Moro, que as negociações eram intermediadas pelo ex-ministro Antônio Palocci, o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari e o ex-ministro Guido Mantega, mas quando as quantias eram altas, era necessário a autorização do ex-presidente Lula.
Na delação, Santana disse que Palocci tinha pleno poder sobre conta de caixa 2 do PT junto à empresa Odebrecht. Os pagamentos, no entanto, não eram feitos em dia, motivo pelo qual o publicitário fazia cobranças diretas a Lula, que se comprometia a resolver.
Ainda de acordo com os marqueteiros, na campanha de Lula de 2006, R$ 10 milhões foram pagos de maneira não oficial.
Já na campanha de Dilma de 2010, R$ 15 milhões não foram declarados à Justiça Eleitoral; na de 2014, o valor chegou a R$ 35 milhões, segundo a delação. Todos esses valores precisavam e foram autorizados por Lula.
Ainda segundo Mônica, Dilma tratou pessoalmente de caixa 2. A publicitária afirmou que a ex-presidente chegava a passar informações sobre o andamento da Operação Lava Jato, usando dois e-mails secretos.
O casal teria sido avisado até mesmo da emissão dos mandados de prisão e da operação contra eles. Segundo o relato, quando os valores devidos começaram a atrasar, Dilma teria em diversas ocasiões se comprometido pessoalmente a resolver a situação.
Os publicitários também afirmaram que Dilma teve despesas pessoais pagas pelo casal, quando já ocupava o Palácio do Planalto em 2010.
Entre as provas apresentadas estão anexadas ao processo e-mails, comprovantes de viagens, anotações em agendas, contratos e outros documentos.
Em nota, a defesa de Lula afirmou que as declarações nada provam e disse que Lula sofre de perseguição política por meios jurídicos.
Também em nota, a ex-presidente Dilma Roussef reafirmou que João Santana e Mônica Moura prestaram falso testemunho e faltaram com a verdade nos depoimentos, provavelmente, segundo o texto, pressionados pelas ameaças dos investigadores.
As declarações são do acordo de delação premiada com a Justiça. O teor teve o sigilo retirado nessa quinta-feira pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.
*Texto de Kariane Costa
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