A plataforma Blendle foi lançada em 2014 com a missão de ajudar as pessoas as descobrirem e apoiarem o jornalismo de qualidade. Head of editorial da empresa, a jornalista Jessica Best falou sobre a solução que está sendo comparada ao serviço do iTunes, durante painel do 12º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, realizado em São Paulo. Para a executiva, o público deve entender que é preciso pagar para consumir conteúdos que sejam bons e tenham credibilidade.
Com mais de um milhão de usuários, o Blendle mantém operações em três países – Holanda, Alemanha e Estados Unidos – e possui parceria com mais de 150 publicações, entre elas jornais como The New York Times e The Washington Post. O serviço funciona pelo modelo de micropayments: os usuários pagam valor pré-determinado (33 centavos, em média) por cada notícia que leem. Se o leitor não gostar do conteúdo, há possibilidade de reembolso.
De acordo com Jessica, os valores pagos pelos leitores são divididos entre os publishers, que levam 70%, e a plataforma, que fica com 30%. “Convencemos os grandes veículos a serem parceiros quando eles perceberam que conteúdo gratuito estava destruindo receitas. Então, eles resolveram se unir a nossa plataforma para mostrar que se pode fazer parte de uma mudança cultural”, disse a profissional.
Para direcionar aos leitores as notícias que para eles serão relevantes, o Blendle conta com 20 jornalistas que têm como atividade selecionar matérias de acordo com os perfis dos usuários. Após a seleção, o algoritmo utilizado pela plataforma aplica filtros equilibrados que se dividem entre autores e assuntos, com o objetivo de entregar as matérias mais interessantes para cada perfil de pessoa.
A semelhança entre as matérias também é considerada, pois a proposta da plataforma é entregar conteúdos que falem sobre assuntos diversos, sem repetições. Há, ainda, lista de “assuntos obrigatórios”, que mostram os acontecimentos, matérias e artigos mais relevantes do dia escolhidos pelos editores.
Além de separar os conteúdos, os editores são responsáveis por determinar o preço mínimo e máximo que deve ser cobrado por cada matéria. Se muitos usuários solicitarem reembolso de determinado conteúdo, a plataforma interfere para verificar as avaliações.
“A taxa mundial de reembolso é de apenas 7%. Quando este recurso é ativado, o leitor tem a oportunidade de explicar o motivo da solicitação. Isso ajuda o Blendle a melhorar o serviço, e os editores a entenderem o que e porque as pessoas querem ver”, explicou Jessica.
O público que utiliza o Blendle possui, em média, 30 anos. De acordo com Jessica, o primeiro dos próximos objetivos da plataforma é “fazer com que pessoas mais jovens, da faixa etária de 18 a 26 anos, paguem por notícias”. A executiva avalia que conteúdos jornalísticos de qualidade precisam ser fomentados a partir da valorização da notícia.
A segunda missão da plataforma é convencer os publishers que a empresa é amiga dos veículos. “No início, eles acham que vamos ‘roubar’ assinantes dos veículos tradicionais. Mas, na verdade, o público do Blendle é diversificado e quer encontrar diversos conteúdos em uma única plataforma. Ou seja, a maioria de nossos assinantes não considera manter assinatura exclusiva para receber conteúdos de apenas um veículo”, disse a executiva.
Por último, a plataforma pretende ter cada vez mais conteúdos diversificados. Por isso conta com veículos de sete países que colaboram com conteúdos de diversas culturas e em diversas línguas. Apesar disso, o Blendle ainda não tem previsão de operar do Brasil, pois para entrar em novo mercado, é necessário entender a cultura local em relação a notícia e entender se o público daquele país entende a importância de se pagar para consumir conteúdos.
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