Estrutura de alto nível para atender ao mercado regional, além de atrair produções de todo o Brasil e do Exterior; espaço de 300 m² construído com isolamento acústico e acabamento nivelado a laser, o que resulta em um sistema antivibração; 130 m² de áreas de apoio com camarins, figurino e ambientes de arte e base para produção: tudo isso contempla a nova infraestrutura do Tecna – Centro Tecnológico Audiovisual do RS –, localizado no campus Tecnopuc Viamão. O estúdio é um local que tem como objetivo estimular o ecossistema criativo em um parque científico e tecnológico com sinergia entre universidade, empresas, poder público e sociedade.
Uma parceria entre a PUC-RS, a Fundacine e o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, o espaço beneficia o mercado audiovisual brasileiro e proporciona a liderança da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) em um projeto de grande potencial. “Nada mais coerente que a instituição deixar disponível para o Estado tal estrutura. Os profissionais e estudantes que fazem parte do prédio 7 são uma referência nesta área de atuação, e o estúdio é um passo muito importante para que isso aconteça ainda mais. O Tecna pode colocar a Famecos em outro patamar no ponto de vista de interação academia e indústria”, observa Rafael Prikladnicki, diretor do Tecnopuc.
Segundo ele, as expectativas relacionadas ao ambiente são as melhores possíveis. Por um lado, existe a possibilidade de os alunos desenvolverem negócios, empreendendo de uma forma que una a atuação e a prática. Por outro, o impacto causado pelo ensino e pela pesquisa também é fundamental: “O Tecna é um ambiente em que os estudantes podem experimentar ideias novas, pesquisar e viver a era maker”, afirma. Além de fortificar a ponte com o mercado, explica o diretor, o Centro passa a ser uma infraestrutura de primeiro mundo para qualificar o ofício de todos que trabalham com essa área.
Prikladnicki pontua que, atualmente, para realizar esse tipo de trabalho com uma alta qualidade, é necessário viajar para o Chile ou para o eixo Rio de Janeiro-São Paulo. Com a inauguração do estúdio, o Rio Grande do Sul passa a ter um novo atrativo para as empresas de diversos nichos, já que possibilita ver este tipo de tecnologia e serviço com maior carinho.
“É um passo extremamente importante para o próprio mercado da indústria criativa do RS. O Tecna vai agregar e ser um ambiente com equipamentos de última geração, proporcionando um apoio que não existia nesse nível” – Rafael Prikladnicki.
Em relação às empresas nascidas na incubadora, ele acredita que estar em um ecossistema de inovação acelera determinados processos de desenvolvimento de negócios. Descobrir se o produto é o tipo adequado para o mercado também é um fator determinante, sob o ponto de vista do diretor. Somado a isso, estimular e acelerar decisões, assim como conexões que não existiriam ou demorariam para ser realizadas, passam a ter um valor de destaque. Quanto ao financiamento, Prikladnicki ressalta a necessidade de entender que isso é uma parte, apenas, da equação. “Todo mundo tem boas ideias, mas transformar elas em negócio vai da capacidade de executar e converter em algo concreto. O financeiro não é decisivo, mas ajuda”, alerta. Prikladnicki acrescenta, ainda, a magnitude de existir tamanha diversidade de empresas, mercados e atuações, pois o leque de conhecimento e tecnologia se expande ao identificar sinergias e diversos atores, o que soluciona ou ajuda, muitas vezes, a resolver o problema do outro.
Gabriela Ferreira, diretora de Inovação e Desenvolvimento da Pró-Reitoria de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento (PROPESQ), esclarece a importância da indústria criativa para os cenários nacional e global. Segundo ela, o setor é uma área que cresce em termos de disponibilidade de recursos, motivo determinante para que o Tecna fosse concretizado. Ao contemplar o projeto em cinco editais diferentes, o Brasil mostra que está apostando neste desenvolvimento.
A diretora observa, ainda, que o ecossistema criativo é a quarta área mais estratégica dentro do sistema do Tecnopuc, tendo como vínculo o ensino de graduação e pós-graduação, algo fundamental nos tempos atuais. Comenta: “A gente tem representado pelo Tecna um recorte do que é a indústria criativa. O setor do audiovisual, que já é por si só grande, traz enormes possibilidades. Em relação a games, por exemplo, a tecnologia da informação se comunica com o universo criativo, afinal não se faz games somente com códigos de programação, mas também com entretenimento”.
Quando o assunto é inovação, falar em mudança está implícito. E quando o verbo é mudar, garante Gabriela, necessariamente estamos pensando em coisas que sejam produzidas e pensadas de acordo com os interesses do usuário final. É dessa forma que ela acredita que o setor colabore com o público. Sob o seu ponto de vista, a melhor forma de aprender e realizar melhor aquilo que se faz é tendo experiência e interagindo. Embora a indústria criativa, pontua, não se restrinja somente à criatividade, traz consigo a possibilidade de interação com outras áreas.
“O Tecna chama atenção porque é um ecossistema desenvolvido em um contexto de parque científico e tecnológico, realidade na qual esse ambiente não está em outras partes do Brasil. No momento em que existe essa aliança, o suporte para criar coisas novas se expande” – Gabriela Ferreira.
A diretora destaca que o objetivo sempre é utilizar o conhecimento para gerar produtos e serviços que tenham impacto positivo na sociedade. Gabriela garante que, ao juntar a ‘ponta’ do conhecimento – se referindo à Universidade – com a da inovação – responsabilidade das empresas que vão efetivamente fazê-la acontecer –, o ambiente é enriquecido. “Embora não seja tudo planejado, vamos seguindo os estímulos de maneira consistente, com embasamento”, adverte.
Como o projeto foi construído
A Pró-Reitora de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento da PUCRS, Carla Bonan, explica que o processo relacionado ao Tecna envolveu diversos participantes, principalmente financiados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, algo inédito, segundo ela, no país.
De acordo com Carla, o setor audiovisual vai se beneficiar de maneira intensa com tais possibilidades de parceria, através do desenvolvimento de áreas novas a partir de relações pré-estabelecidas. “Talvez ainda não exista uma infraestrutura como essa no Brasil. O Rio Grande do Sul, assim como o país, vão ser favorecidos com esses projetos”, destaca.
Júlia Bueno. Integrante do projeto ‘Correspondente Universitário‘ do Portal Comunique-se e estudante de jornalismo na Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Famecos/PUC-RS).
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