Opinião

Qual o papel do jornalista nas redações da era digital?

Seja multimídia. Essa, provavelmente, não é a primeira vez que jornalistas ouvem esse conselho. Cada vez mais, mudanças no perfil do profissional de comunicação são exigidas. Para abordar esse tema, o colunista da Época, Bruno Astuto, e o diretor de redação da Exame, André Lahoz, conversaram com profissionais do setor durante o 9° Fórum Aner de Revistas. O evento foi realizado na segunda-feira, 23, em São Paulo.

Os profissionais concordam que o papel do jornalista mudou e que trabalhar com diversas mídias precisa ser natural. Além disso, eles destacam o quanto a revolução digital foi positiva para o jornalismo. “Para quem trabalha com revista, a internet é aliada e não inimiga”, comentou Lahoz. Astuto complementa ao falar que não se pode “culpar o online” por negócios que não dão certo. “Às vezes abro os impressos e vejo coisas chatas e conteúdos que não se encaixam mais no mundo de hoje. Ou seja, é um problema de pensar em formas atraentes para o leitor”.

A mudança no perfil de profissional também entrou em pauta. Quem antes se dedicava somente a um formato, precisa estar disposto a aprender novas linguagens. “O jornalista tem de buscar soluções. O mercado exige que quem estava nos bastidores vá para frente das câmeras e faça vídeo para internet. Isso precisa ser possível dentro das redações”, propõe Astuto. Quando o assunto é audiência, existe dilema na visão dos dois jornalistas. A briga pela audiência acaba trazendo prejuízos. O diretor da Exame frisa que os profissionais são avaliados por métricas e isso o impede de pensar e se preocupar com outras coisas.

“Você precisa transformar conteúdo em audiência. Às vezes o profissional tem tantos textos para fechar e conseguir alcançar a meta que não sobra tempo para relacionamento. Precisa fazer algo com qualidade, você tem que encontrar suas fontes, marcar um almoço, investir em algo futuro. Os bons jornalistas fazem isso diariamente. Quem trabalha com internet se preocupa com a matéria de agora e isso causa dilema complicado para o futuro. Furos e grandes análises chegam por meio de relacionamento e experiência com fontes”, alertou Lahoz. O ponto levantado pelo profissional, inclusive, foi discutido em outros painéis do Fórum Aner.

Apesar de todos os conselhos, uma coisa é verdade: precisa ter talento para trabalhar com novas linguagens. Quem não gosta de vídeo, por exemplo, não pode ser forçado pelas redações a trabalhar com a mídia, segundo Astuto e Lahoz. De acordo com eles, isso pode prejudicar o conteúdo, que é o foco das ações. “O ambiente é rico, mas desafiador e complexo. Para quem está na produção de conteúdo, trata-se de momento fascinante para inovar”, concluiu o profissional da Exame.

 

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Nathália Carvalho

Jornalista com mais de dez anos de experiência em reportagem. Especializada na cobertura do mercado de comunicação, bastidores do jornalismo, marketing, publicidade e propaganda. Graduada pela Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação e (FapCom) pós-graduada em Cinema, Vídeo e Fotografia: Criação em Multimeios na Universidade Anhembi Morumbi. Integrou a redação do Portal Comunique-se por mais de oito anos, onde se destacou na produção de reportagens especiais e implementou projetos audiovisuais.

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