Mesmo com a necessidade de se ter uma ferramenta como a internet nos dias atuais, muitas pessoas no Brasil seguem sem dispor dessa tecnologia. De acordo com estudo do Instituto Locomotiva e da empresa de consultoria PwC, feito em março de 2022, 33,9 milhões de brasileiros seguem desconectados no país, além de 86,6 milhões que não conseguem se conectar todos os dias.
A pesquisa ainda avaliou que o percentual de “desconectados” no país chega a 20% entre as pessoas com mais de 16 anos. Entre os “meio conectados” e os “parcialmente desconectados” equivalem a 25% e 26% da população, respectivamente. Dentre alguns fatores pelos quais muitos brasileiros não conseguem ter acesso à internet, ou quase não ter, estão a instabilidade do sinal da internet (48%), a velocidade da internet (44%) e a qualidade do sinal (44%).
Tal problema atinge e tem sido um desafio para a educação brasileira. Sobretudo durante a pandemia de coronavírus, o Brasil evidenciou que a dificuldade com conexão também traz consequência de ensino básico. Ao mesmo tempo que, segundo o levantamento, 88% das escolas privadas tiveram aulas realizadas por meio online, o percentual de escolas públicas que possuem acesso a esse recurso foi de 59%.
Há razões para que o Brasil não tenha conseguido suprir a necessidade do acesso à tecnologia nos dias atuais. Para o presidente da PwC, Marco Castro, um dos principais motivos é a desigualdade existente no pais, que faz com que haja carências de investimento em tecnologia e educação via online no Brasil. “A gente tem uma carência de mão de obra. Hoje em dia, você não encontra profissionais de tecnologia para suprir total necessidade que o mercado tem e, cada vez mais, a gente tem a crença de que toda empresa, no futuro, será uma empresa de tecnologia”.
O mandatário do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, corrobora com a visão de Marco, e faz um apelo à autoridades e governos para que o acesso à internet seja mais democrático. “O abismo digital tem rosto. Ele é negro, pobre e mais velho. Por isso, precisamos que políticas públicas sejam promovidas para mudar essa realidade e reduzir a desigualdade”.
Ainda de acordo com o estudo da PwC, 13,5% milhões de domicílios no Brasil têm conexão de banda larga móvel via modem ou chip, que é mais lenta para acessar a internet. Nove em cada dez deles são das classes C,D e E. Para 68% das pessoas entrevistadas pelo Instituto Locomotiva e pela PwC, o custo alto dos serviços de internet no Brasil é um grande empecilho para não os contratar.
“Com o isolamento social, medida de prevenção a Covid-19, milhões de brasileiros passaram a depender ainda mais da Internet e das TIC de maneira geral para realizar atividades de trabalho remoto e ensino à distância. Mas a falta de acesso à Internet e o uso exclusivamente por celular, especialmente nas classes D e E, evidenciam as desigualdades digitais presentes no país, e apresentam desafios relevantes para a efetividade das políticas públicas”, destaca Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.
Sinal via satélite pode ser opção
Se para muitos a conexão não chega ou chega com pouca qualidade, uma solução pode ser buscar por outras alternativas para ter uma vida virtual mais atuante. Uma delas é a conexão via satélite, principalmente para quem vive em áreas rurais. Esse modelo de internet está em expansão. Em fevereiro de 2022, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) autorizou o uso de internet banda larga via satélite pelos consumidores brasileiros.
“Desde outubro de 2021 com operação comercial nos EUA, a Starlink tem como proposta possibilitar o acesso à internet em qualquer local do planeta apenas com uma antena. Esse serviço já é ofertado por outras operadoras globais, mas resta saber se será mais rápido e estável como anunciado pela empresa uma vez que sua rede estiver completa”, conta o professor de Engenharia Elétrica da FEI, Marcio Mathias, especialista na indústria de sistemas de telecomunicações e no desenvolvimento de serviços de rede inteligente e sistemas multiplex.